Rigotto faz balanço positivo da missão gaúcha à Argentina. Potencial de investimentos no RS é de US$ 525 milhões
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Pode chegar a US$ 525 milhões o volume total dos investimentos dos empreendedores argentinos no Rio Grande do Sul, decorrentes das negociações da missão do Executivo e empresários gaúchos chefiada pelo governador Germano Rigotto. Essa estimativa foi apresentada por Rigotto na manhã desta sexta-feira (28/2), em entrevista coletiva no Aeroporto Internacional Salgado Filho, no retorno da viagem a Buenos Aires. No balanço que apresentou, o governador destacou a importância dos protocolos de intenções firmados com os grupos Techint, cujos investimentos correspondem a US$ 500 milhões, dos quais US$ 300 milhões no gasoduto Uruguaiana/Porto Alegre e US$ 200 milhões no setor siderúrgico (usina de aços planos); Petroquímica Bermúdez, com uma previsão de US$ 15 milhões numa planta de soda e cloro; e o Latinoamericana Aviación, que inicialmente planeja aplicar US$ 10 milhões em uma fábrica de aviões agrícolas, em parceria com a empresa Aeromot (RS). Retorno Para o governador, foi muito positivo o saldo das negociações. Houve um ambiente favorável para a apresentação do Estado aos empresários, governadores, políticos e presidente argentino. Mostramos que os investimentos feitos no RS proporcionam retorno, devido a localização geográfica do Estado no Mercosul, infra-estrutura (porto, aeroportos, energia, telefonia, estradas), indicadores econômicos, mão-de-obra e 44 universidades. A Techint percebeu esta capacidade, a exemplo da Petróleo Bermúdez e Latinoamericana Aviación. Este último grupo, por exemplo, tem interesse em fabricar aviões agrícolas com motores a álcool, provavelmente no município de Guaíba. Mercado O Brasil tem hoje 1 mil aviões agrícolas, porém o tamanho do seu mercado é para 10 mil aparelhos, no mínimo. Quando houver a liberação do inédito motor a álcool para a aviação agrícola pelas autoridades aeronáuticas dos Brasil e da Argentina, a Latinoamericana irá implantar a sua fábrica imediatamente. Isto vai acontecer neste ano, previu o governador. Além de fabricar aviões, a joint venture instalará uma planta industrial de componentes do setor aeronáutico. Esta é uma área que agrega o maior valor ao produto final, com retorno rápido do investimento feito, enfatizou o governador. Citou o volume da safra agrícola de 2003, cuja previsão é de 112 milhões de toneladas de grãos. Isto vai gerar um excelente mercado para a aviação agrícola, previu o governador. Mudança De acordo com Rigotto, a Argentina está superando a sua grave crise e isto fez o país mudar significativamente a avaliação que tinha do Mercosul. A Argentina passou a valorizar muito mais o mercado dos quatro países e agora tem grande um interesse em fortalecer esse bloco, explicou o governador. Segundo ele, o país vizinho já foi o segundo destino das exportações do Brasil, porém, devido a crise sócio-econômica, passou a ocupar o sexto lugar. Neste ano, surpreendentemente, o país já está na terceira posição no destino das exportações brasileiras. No RS, as exportações em janeiro passado cresceram 21% na comparação com as de janeiro de 2002. Mas as exportações do Estado só para a Argentina aumentaram 127% em janeiro deste ano, na relação com o mês de janeiro do ano passado, explicou o governador. Por esta razão falamos com o presidente Eduardo Duhalde sobre como é fundamental a desobstrução de todos os canais burocráticos entre os dois países, disse ele. Novas missões Na entrevista, o governador assinalou que não abrirá mão das articulações internacionais para atrair investimentos, empregos, renda e aumento de arrecadação para o RS. Ele citou convites já formalizados pelos governos da China e Câmara de Comércio Brasil/China; Espanha, através da empresa Gamesa (geração eólica); e França. Rigotto, entretanto, adiantou que fará visitas aos governadores das províncias fronteiriças da Argentina com o RS, como as de Santa Fé, Corrientes, Missiones. Estas províncias serão convidadas a participar da próxima reunião do Codesul, adiantou ele. Na busca do fortalecimento destas relações, Rigotto lembrou que no encontro com o Grupo Brasil (300 empresários brasileiros com empresas na Argentina) propôs a criação de um Banco de Fomento do Mercosul. Essa instituição pode fazer captações financeiras no mercado internacional com custos mais baixos e repassar estes financiamentos à cadeia produtiva dos quatro países do bloco, observou o governador. Integração A partir de março, adiantou Rigotto, deverá ter início o processo de integração dos setores produtivos do Mercosul. O moveleiro será o primeiro e, na expectativa do governador, as áreas calçadista, têxtil e automotiva também passarão a trabalhar integradamente no futuro. Essa ação conjunta tem por finalidade a conquista dos mercados mundiais. Poderão surgir até joint ventures, mas o mais importante no trabalho integrado é acessar mercados, como por exemplo, os da China, África, Ásia, Europa, México e Canadá, entre outros. No final da coletiva, o governador afirmou que os contatos políticos foram também proveitosos. Estivemos com o presidente Eduardo Duhalde, tratando do fortalecimento das relações do Mercosul, conversamos com os ministros da Produção e de Relações Exteriores, com o chefe de governo da cidade de Buenos Aires, com os governadores das províncias de Buenos Aires e Missiones e empreendedores do Brasil e da Argentina, relatando a importância do nosso estado e de um Mercosul forte. Rigotto também elogiou e agradeceu o trabalho do embaixador do Brasil na Argentina, José Botafogo Gonçalves. A missão do governo do Estado à Argentina - as agendas ocorreram na quarta e quinta-feira desta semana -, foi integrada pelo presidente da Assembléia Legislativa, Vilson Covatti, o secretário do Desenvolvimento e Assuntos Internacionais, Luiz Roberto Ponte, e o presidente da Comissão permanente do Mercosul na Assembléia, deputado Berfran Rosado, além de empresários, representando a Fiergs, Federasul, Fecomércio, Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas (RS), e Farsul/Senar.