Governo do Estado do Rio Grande do Sul
Início do conteúdo

Soluções para disseminar tecnologia entre pequenos produtores são debatidas na Expointer

Inovação ainda tem barreiras para chegar à ponta, dizem especialistas no palco do RS Innovation Agro

Publicação:

agrofood connect   expointer 2023
Painel "Agrofood connect: desafios de conexão no agro" tratou de como alinhar estratégias no setor - Foto: Cândida Schaedler/Ascom Sict

Oportunidades para foodtechs (tecnologias de alimentos) e utilização de inteligência artificial no agronegócio foram temas debatidos no palco do RS Innovation Agro na terça-feira (29/8), em uma programação com curadoria da Secretaria de Inovação, Ciência e Tecnologia (Sict). Os especialistas de dois painéis – mediados pelo gestor de Inovação e Tecnologia (GIT) do Inova RS da região Central, Claudir Padia – foram unânimes em afirmar que o agronegócio possui potencialidades na difusão de tecnologia no Brasil, mas precisa, cada vez mais, conhecer a realidade do produtor rural na ponta para desenvolver soluções efetivas que se disseminem por toda a cadeia. O palco do RS Innovation Agro integra a 46ª Expointer, em Esteio.

No painel “Agrofood connect: desafios de conexão no agro”, o coordenador de projetos da Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai (URI) no campus Santiago, Higor Freitas Machado, apresentou resultados do projeto “Rastreabilidade e Autenticidade do Mel do Vale do Jaguari”, que teve aporte de edital do programa Inova RS, da Sict. Machado salientou a união da quádrupla hélice regional (universidades, empresas, governo e sociedade civil) em prol do mesmo objetivo, o que possibilitou mapear toda a cadeia da apicultura da região e gerar valor aos produtores rurais.

Ele alertou, porém, que algumas barreiras persistem na extensão dos benefícios de pesquisa aos agricultores. Entre elas, a linguagem. “Termos americanizados são difíceis para o produtor rural, lá no campo, entender. É preciso facilitar a comunicação”, alertou.

O gerente regional da Emater/Ascar na região Central, Guilherme Passamani, reforçou a importância de uma linguagem simples. “Além disso, outro ponto é entender o problema que queremos saciar e buscar desenvolver tecnologias pra isso”, explicou.

A CEO da startup WeeCaps, Thaiane Marques da Silva, que é incubada na Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), afirmou ser fundamental a pesquisa das “dores” do agricultor. “Temos de olhar mais para o mercado e para o que ele está pedindo”, frisou. Em relação às foodtechs, ela afirmou que a regulamentação é um empecilho na formulação de soluções mais ágeis. "Nós, que trabalhamos com microcápsulas, não temos legislação ainda para isso. Escalar o produto também é uma barreira para o desenvolvimento de tecnologias”, pontuou.

"É importante fazer as perguntas certas para a inteligência artificial”

Na esteira do ChatGPT, a inteligência artificial (IA) tem ganhado os holofotes e levantado discussões referentes a sua utilização na agricultura. O painel “Inteligência artificial no agro”, realizado na tarde de terça (29/8) no RS Innovation Agro Stage, reuniu representantes de duas startups de Santa Maria que trabalham na área para refletir sobre potenciais e oportunidades da IA.

IA no agro   expointer 2023
Painel “Inteligência artificial no agro” reuniu representantes de duas startups de Santa Maria - Foto: Cândida Schaedler/Ascom Sict

O cofundador e CEO da Zeit, Renan Pardinho, salientou a riqueza de dados proporcionada pelo agronegócio, mas ponderou que eles ainda se encontram disponíveis de forma dispersa. "A partir do momento em que se consegue unir esses dados, é possível gerar muito valor à cadeia”, disse.

A Zeit produz sensores portáteis que medem a qualidade da soja. No entanto, Pardinho lembrou a sazonalidade de safras (sobretudo diante da estiagem que o Rio Grande do Sul vive há dois anos) e os desafios que se interpõem à IA. “Não adianta achar que os dados de uma safra serão os mesmos da próxima. É preciso embutir a variabilidade à inteligência artificial. Toda tecnologia que vier para o agro precisará de um tempo de amadurecimento”, afirmou.

Em relação às tecnologias disponíveis, o CEO da startup Cowmed (que fabrica sensores para monitoramento de vacas), Thiago Guedes Martins, foi categórico. “É importante fazer as perguntas certas para a inteligência artificial”, ressaltou. Nesse sentido, pontuou que, tão fundamental quanto embutir a tecnologia, é saber o que extrair dela e como utilizar corretamente os dados a fim de atingir os objetivos.

Texto: Cândida Schaedler/Ascom Sict
Edição: Felipe Borges/Secom

Portal do Estado do Rio Grande do Sul