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Análise das redes nas Jornadas de Junho é tema de debate no Conexões Globais

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As manifestações que se espalharam por diversos países do mundo desde 2011 têm em comum, entre outros fatores, o fato de estarem nas redes, além das ruas. Ler essas redes e entender como se relacionam e refletem o cenário político das Jornadas de Junho
Análise das redes nas Jornadas de Junho é tema de debate no Conexões Globais

As manifestações que se espalharam por diversos países do mundo desde 2011 têm em comum, entre outros fatores, o fato de estarem nas redes, além das ruas. Ler essas redes e entender como se relacionam e refletem o cenário político das Jornadas de Junho no Brasil foi o desafio proposto para o debate Tecnopolítica dos #ProtestosBR, o segundo deste sábado (25), no Conexões Globais, realizado na Casa de Cultura Mario Quintana, na Capital.

Um mapa da evolução dos principais termos presentes nas redes sociais foi mostrado e interpretado de diferentes formas pelos debatedores. O diretor da InterAgentes Comunicação Digital Tiago Pimentel foi o primeiro a apontar a característica de multicamadas da rede, com diversos núcleos que não se cruzam nem dialogam, conforme complementou Fábio Malini, coordenador do Laboratório de Pesquisa sobre Imagem e Cibercultura (Labic) no final.

O desafio, para Pimentel, é desenvolver uma cartografia que consiga captar os fluxos entre as camadas. A partir de grafos obtidos em estudo feito em parceria com o também debatedor Bernardo Gutiérrez, que analisou o 15M na Espanha, mostrou a evolução viral dos protestos e a mudança nos temas mais mencionados no Facebook, evidenciando um grande aumento na quantidade de citações a partir da brutal violência policial em São Paulo.

A análise da professora e pesquisadora da Universidade de Pelotas Raquel Recuero comparou os dados gerais das manifestações com a cobertura feita pela mídia, a partir de suas manifestações no Twitter. A maior parte dos tweets de veículos realçavam a violência, afirmou. A professora alertou para as disputas discursivas presentes nos termos que se popularizaram nas redes no período. Tem discursos que estão tentando ser hegemônicos e que estão tentando silenciar outros discursos.

Ao contrário do que tinha afirmado Gutiérrez na fala inicial, Malini afirmou que os coletivos de cultura digital que faziam a transmissão ao vivo dos protestos foram fundamentais para o tráfego da rede em junho de 2013. No entanto, ela também contou, segundo o professor, com uma forte presença de setores mais reacionários, que, se comparados com a rede das pessoas que estavam nas ruas, apresentam um universo semântico completamente distinto. O #vemprarua não é um movimento unívoco, é um movimento equívoco, e tem uma disputa seríissima dentro dele, disse.

Por webconferência, participou ainda o espanhol Miguel Aguilera, que mostrou imagens das redes do 15M e afirmou que a maioria dos participantes não pertencia a uma instituição formal, como partidos e sindicatos, da mesma forma que aconteceria dois anos depois no Brasil.

Texto: Cristina Rodrigues
Foto: Eduardo Aigner
Edição: Redação Secom (51) 3210-4305

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