Arte e esporte alteram a rotina de jovens da Vila Bom Jesus em Porto Alegre
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Matheus Leal Pereira tem 11 anos e está na 4° série. Durante o turno da manhã, pratica judô duas vezes por semana, o que auxilia seu desenvolvimento físico e psicológico. O esporte me ajuda, estou mais concentrado, melhorando na escola, afirma o menino. Já Fernando Silva da Silveira, que tem 15 anos, e está na 5° série, prefere realizar uma atividade artística no turno inverso da escola. O jovem participa de oficinas circenses duas vezes na semana, que colaboram com sua disciplina e habilidades físicas. Minha vida mudou muito, aprendi muitas coisas, inclusive sobre a cultura de quem trabalha em circo, conta o jovem.
A arte e o esporte podem parecer distantes nestes casos, mas o objetivo das duas habilidades é o mesmo: a inclusão social. Matheus e Fernando vivem no bairro Bom Jesus, um dos mais pobres e violentos da capital gaúcha, local onde dificilmente crianças e adolescentes teriam incentivo cultural ou esportivo, mas a realidade dos jovens foi alterada. A comunidade conta com projetos que visam incentivar a geração de renda para mulheres e oferecer opções de cultura e esporte para crianças e adolescentes, retirando-os das ruas e evitando sua aproximação com as drogas.
Matheus participa do Despertar, projeto realizado no Centro Cultural James Kulisz (Cejak), em sua comunidade. O objetivo das aulas de judô é diminuir a situação de exclusão social e aumentar a integração entre os membros da comunidade. Eu mudei totalmente, era bagunceiro, com as aulas fiquei mais tranquilo e organizado, conta. Para Fernando, que está no projeto do Circo Girassol desde abril, as oficinas representam superação. Estou aprendendo de tudo, mágica, malabarismo, cada coisa em um dia de oficina. Sempre gostei de circo, mas não sabia que era capaz de fazer tanto, explica.
Os projetos que estão mudando o futuro destes jovens, e de outros moradores do bairro, são realizados através da Rede Bom Jesus, uma iniciativa do Governo do Estado, por meio da Secretaria da Justiça e do Desenvolvimento Social (SJDS), com parceria da CEEE e das Lojas Renner, que conta com investimentos da ordem de R$ 1 milhão. Além disso, o projeto conta com Encontros Moderados de Articulação (EMA), que reúnem entidades sociais da comunidade com iniciativa privada e Estado para estabelecer as demandas que ainda precisam ser sanadas.
Matheus está certo de que sua demanda foi atendida, pois sabe da importância da prática de esporte para ele e seus amigos que participam do projeto. Quero seguir fazendo judô, pretendo participar de competições e ser um vencedor. Serei um profissional de educação física. A mesma empolgação é compartilhada por Fernando, e seus 29 colegas que fazem as oficinas circenses. O que mais gosto de praticar é o tecido, parecia difícil, mas já estou aprendendo. Se puder