Artigo:Verdades para Lula e Yeda Crusius !
Publicação:
Raul Christiano*
Jornalista e superintendente de Comunicação da Sabesp (SP)
Chegamos ao final do ano com um paralelo sobre os destaques da revista Newsweek - o presidente Lula (PT) e da revista Veja - a governadora gaúcha Yeda Crusius (PSDB). 2008 foi positivo para os dois governantes, mas acho importante avaliar os cenários em que ambos são considerados, refletindo sobre as heranças políticas e econômicas de cada um, sem perder de vista a verdade e a correção das duas notícias. Lula encerra com uma avaliação popular mais positiva da história brasileira e Yeda sorri para compensar o martírio dos seus dois primeiros anos de gestão.
A revista americana Newsweek destacou o presidente Lula como a 18.ª pessoa mais influente do Mundo, justificando que ele pegara o Brasil à beira da ruína em 2003 e que hoje governa um país com mais de US$ 200 bilhões em reservas internacionais e com o menor índice de inflação entre os países emergentes. Meia verdade de uma interpretação habitual em matérias e honrarias pagas, que fez o lulopetismo comemorar nas suas mensagens virtuais, como em a Tribuna Petista, que existe para defender o PT e o governo Lula. A própria tendência que tem o controle majoritário do PT, durante encontro em São Roque, reconheceu que o seu governo federal segue à risca a política econômica de FHC, herança bendita para garantir as tais reservas e os baixos índices de inflação. Mas na ocasião preferiram condenar o seu próprio governo por continuar FHC, sem a mínima lembrança que na passagem do bastão para Lula havia um temor generalizado - interno e externo - que deixaram instáveis os índices inflacionários e do risco-país (termômetro informal da confiança dos investidores globais em país de economia emergente).
Bem diferente da superação vivida pela governadora Yeda Crusius (PSDB), retratada pela revista Veja, que depois de encontrar verdadeiramente o Estado do Rio Grande do Sul em estado de penúria, em janeiro de 2007, com déficit de 2,4 bilhões de reais, os salários atrasados, o 13.º do ano não havia sido pago e uma onda de greves paralisava o serviço público, deu a volta por cima em 2008 e por esse feito mereceria a condição de governante mais eficiente porque só teve adversidades.
A matéria da Newsweek omite que no governo Lula explodiram denúncias de corrupção, que derrubaram os seus principais assessores e aliados históricos, com o mensalão e o dinheiro encontrado em malas e cuecas. Também não considerou a oposição inteligente e consequente que, para preservar as instituições brasileiras, não cogitou o impeachment do presidente, no instante mais crítico dos escândalos e quando ele dizia cândidamente que nada sabia sobre o quê se passava na sala ao lado e nos andares inferiores do Palácio do Planalto. Bem diferente do Fora FHC.
Nesse aspecto, a Veja foi mais honesta que a Newsweek, que apesar de mostrar o semblante aliviado e sorridente da governadora, registrou todos os percalços no Governo gaúcho, como a CPI que apontou desvios numa autarquia, a sua popularidade despencar para menos de 10%, o pedido de impeachment pela oposição.
O conteúdo das revistas é conhecido num momento singular. A repercussão da escolha de Lula, como homem dos mais influentes, quando as atenções dos leitores de todo o mundo querem ler a Newsweek, por causa da febre Barack Obama (nessa mesma edição ele é apresentando como o primeiro da lista), insere o Brasil num cenário de maiores e melhores, que faz bem ao ego do próprio povo brasileiro.
De minha parte acho mais justo registrar que a governadora Yeda Crusius manteve o ajuste fiscal, renegociou dívidas, demitiu servidores terceirizados e paralisou obras. E ressaltar que o jeito tucano de governar de Yeda, ao estilo de Franco Montoro, Mário Covas, Geraldo Alckmin, José Serra, Tasso Jereissati, Aécio Neves e Beto Richa, no campo econômico zerou o déficit orçamentário, que perdurava desde 1971; o 13º do funcionalismo foi pago no mesmo ano e com dinheiro próprio, pela primeira vez em catorze anos; os salários estão em dia e os fornecedores voltaram a ser pagos após dezessete meses de moratória; graças à redução dos gastos de custeio, responsáveis pela manutenção da máquina estatal, em 37%.
Os cortes, aliados a um aumento de 23% na arrecadação, transformaram-se em novos investimentos. Para os próximos dois anos, o governo gaúcho anuncia gastos de 1,5 bilhão de reais em obras. Serão construídas 300 escolas e 570 quilômetros de estradas devem ser duplicados: Peguei um Estado inadimplente e sem auto-estima. A única saída era um governo de gestão, austero, fechando os ralos de corrupção e melhorando a qualidade dos gastos, afirma Yeda, para o post nesta singela homenagem, por um 2009 cada vez mais transparente, verdadeiro, melhor para todos !