Câmara do leite avalia desdobramentos da crise da Parmalat
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A Câmara Setorial do Leite examinou, nesta quinta-feira (11), na Secretaria da Agricultura e Abastecimento (SAA), a situação da cadeia produtiva no Estado após o pedido de concordata da Parmalat Brasil, em janeiro. Conforme o secretário geral da Federação dos Trabalhadores na Agricultura (Fetag), Elton Weber, até hoje 340 produtores gaúchos, de um total de 3,5 mil, não receberam pagamento referentes a 28 dias de fornecimento para a fábrica da multinacional em Carazinho. Os valores devidos variam de R$ 200 a aproximadamente R$ 7 mil. Na próxima terça-feira (16), em Brasília, o dirigente deverá encaminhar documento, aprovado por todo o segmento leiteiro, à Câmara Setorial Nacional do Leite apelando para que o Governo Federal e o Judiciário apontem com urgência o que será feito das unidades da companhia italiana no Brasil. O Governo do Estado já está com a proposta de 24 cooperativas para assumir a unidade da empresa no norte do Rio Grande do Sul. A decisão caberá à Justiça Federal, com base no que for sugerido pelo interventor da filial brasileira da Parmalat, Keyler Carvalho Rocha. Na avaliação do secretário executivo do Sindicato da Indústria de Laticínios (Sindilat), Jones Raguzoni, o preço pago ao produtor gaúcho elevou-se após o desencadeamento da crise da Parmalat. Em relação à renda, o produtor foi privilegiado, a indústria leiteira do Estado manteve a rentabilidade e fez oferta para adquirir, de forma cooperativada, a planta industrial de Carazinho, elogiou. Raguzoni afirmou que, em comparação com o mercado do leite em Goiás, segundo maior pólo de lácteos no país e que contabilizou prejuízo significativo com o fechamento de fábrica da Parmalat, o setor no Rio Grande do Sul conquistou uma melhor posição no preço médio recebido pelo produtor. O secretário do Sindilat também reivindicou que a câmara setorial envie ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) solicitação de incremento de acordos sanitários com países como o México. O objetivo é aumentar a exportação de leite e de derivados como forma de sustentar a viabilidade econômica e social da cadeia produtiva. Nos últimos 10 anos, cerca de 20 mil produtores abandonaram a pecuária leiteira no Rio Grande do Sul, de acordo com levantamento da Fetag. Apesar disso, o Estado tem a terceira maior produção nacional e conta hoje com 61.945 produtores que coletam 1.501.935 litros anuais de leite, segundo a Emater. Desse total de criadores, 66,6% comercializam até 50 litros/dia e são responsáveis por 30,2% do volume comercializado. O produtor tem, em média, sete vacas em produção e trabalha, em média, quatro horas diárias em torno da bacia leiteira.