Câmara Temática do setor Coureiro-Calçadista sugere ações para fortalecer o setor
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A Câmara Temática do setor Coureiro-Calçadista no Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES-RS), instalada na manhã desta quarta-feira (11), contou com a presença de conselheiros, Governo e sindicalistas que criticaram a forma como a empresa Vulcabrás/Azaleia encerrou suas atividades na unidade de Parobé, sem comunicação prévia. Os participantes sugeriram medidas para fortalecer o setor, que tem mais de quatro mil empresas em funcionamento no Rio Grande do Sul com um total de 130 mil trabalhadores.
Entre as sugestões dos conselheiros e sindicalistas esteve a negociação com a empresa Vulcabrás/Azaleia para que os pavilhões onde funcionou a indústria sejam usados para outros empreendimentos. Já o Governo do Estado anunciou que a força tarefa enviada à região, ainda na terça-feira, para contribuir na realocação dos trabalhadores demitidos permanecerá no local para contribuir no processo de encaminhamento de seguro-desemprego e realizar um levantamento de quais cursos de capacitação serão necessários para qualificar a mão-de-obra na região.
Três grupos de trabalho
Ficou encaminhado que a Câmara Temática terá grupos de trabalho para atuar em três eixos: nas áreas de competitividade, propondo ações em inovação e agregação de valor; na capacitação de mão de obra, prospectando os segmentos específicos que precisam de especialização; e na política fiscal e câmbio, buscando a defesa comercial dos produtos gerados no Rio Grande do Sul.
Uma nova reunião da Câmara Temática está agendada para o dia 18 de maio, às 16 horas. Com a instalação de hoje está aberto o prazo para que os conselheiros se inscrevam nos grupos de trabalho e também enviem suas propostas para este segmento.
Lado ruim do capitalismo
Ao abrir a reunião, o secretário de Desenvolvimento e Promoção do Investimento, Mauro Knjnik, disse que foi revoltante o modo como a empresa fechou a unidade em Parobé. Pelo menos avisassem com 30 dias de antecedência para que buscássemos realocar os trabalhadores, registrou. Não foi uma decisão que olhou os trabalhadores, os operários. Este é o lado ruim do capitalismo. O Governo não está de acordo. Isso não se faz, reforçou, ao dizer que a guerra fiscal é uma disputa incompreensível.
Recolocação dos trabalhadores
A força-tarefa do Governo está constituindo um mapa da absorção dos trabalhadores e também o encaminhamento das recisões e acompanhamento ao seguro-desemprego, anunciou o secretário de Economia Solidária e Apoio à Micro e Pequena Empresa, Maurício Dziedriecki. Ele adiantou que o Governo vai apoiar outras empresas para que permaneçam na região e criticou a falta de honestidade tributária entre os estados.
Audiências públicas serão realizadas na região pela Secretaria do Trabalho e Desenvolvimento Social para conhecer as necessidades de cursos de formação por área que serão realizados em parceria com o Sistema S, informou o secretário Luís Augusto Lara. Ele estima que 40% dos demitidos podem ser realocados na região.
O presidente do Badesul, Marcelo Lopes, enfatizou as necessárias ações de defesa comercial. Estamos perdendo postos de trabalho e a questão do câmbio tem de ser tratada por afetar o setor produtivo.
Manifestação dos sapateiros
A ajuda do Governo vem em boa hora. Temos de buscar juntos uma solução, registrou o presidente do Sindicato dos Sapateiros de Parobé, João Pires. Para o secretário da entidade, Antônio Osmar da Silva, a comunidade vive um momento de abatimento e tristeza causados devido às demissões.
O sindicato anunciou um ato de repúdio pela forma como a empresa fechou a unidade e tratou os empregados. As empresas obtiveram renúncia fiscal e não sabemos qual a contrapartida oferecida. Chupam o suco da laranja e jogam o bagaço fora, demitindo os trabalhadores sem qualquer consideração, disse Silva.
Ética pública
O conselheiro Valter Souza pediu que o Ministério Público seja mais ativo nos casos em que agentes públicos que concedem incentivos à empresas venham a ser contratadas pelas mesmas. No caso da Vulcabras/Azaléia, a empresa recebeu incentivos fiscais durante o governo de Antônio Britto (1995/1998), que em 2003 assumiu a função de diretor-presidente da Azaléia Calçados S.A.
Participam desta Câmara Temática os conselheiros Carlos Otávio Schneider, Guiomar Vidor, João Bastista Xavier da Silva, Raul Gastão Klein, Valter Souza e Walter Fabro. Esta Câmara, aprovada dia 5, tinha previsão de instalação para 18 de maio, mas foi antecipada para hoje devido às demissões no Vale do Paranhana.
Texto: Stela Pastore
Foto: Eduardo Seidl/Palácio Piratini
Edição: Palácio Piratini (51) 3210.4305