Ceasa: quatro décadas de qualidade alimentar
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Motivos não faltam para comemorar os 40 anos de inauguração da Ceasa/RS (Centrais de Abastecimento do Rio Grande do Sul), por onde passam 35% do total de hortigranjeiros consumidos no Estado. Além do reconhecimento pelo trabalho realizado ao longo dessas quatro décadas por homens e mulheres que são o elo entre os produtos da terra e a mesa dos gaúchos, a atual gestão da Ceasa investiu na modernização e revitalização do complexo. Para as obras, iniciadas em 2011, foram destinados cerca de R$ 8 milhões provenientes do Tesouro estadual, do Fundo de Investimento da própria Central, além de aporte financeiro obtido do BNDES.
A oferta na Ceasa é diversificada - são mais de 110 produtos hortigranjeiros, aos quais se somam flores, sacaria, queijaria, carnes e peixes. A produção de frutas, legumes e verduras de aproximadamente 167 cidades do Estado está presente no entreposto da Ceasa, que comercializa ainda hortigranjeiros de outros 18 estados brasileiros e de nove países: Argentina, Chile, China, Espanha, Estados Unidos, Holanda, Itália, Nova Zelândia e Uruguai.
São mais de dois mil produtores gaúchos cadastrados e 300 empresas atacadistas geram cerca de 50 mil empregos diretos e indiretos. Nos dias de grande movimento - chamado Dia de Mercado Forte, especialmente às terças e quintas-feiras -, chegam a circular pelo complexo aproximadamente 30 mil pessoas dos mais diversos municípios do estado e mais de 10 mil veículos.
Os produtores têm mercado garantido e a Ceasa é responsável pelo retorno de ICMS para os municípios de origem dos produtos. O valor comercializado em 2013 chegou a R$ 995.960.853,02. Ao todo, foram ofertados 548.535.181,4kg de produtos.
Dentre as obras de revitalização e modernização destaca-se a restauração do pavilhão de comercialização de hortigranjeiros, o maior do estado, com 32 mil metros quadrados. Mais de dois mil produtores que dependem desse espaço foram beneficiados.
Além do bloco do GNP (Galpão Não Permanente), foram recuperadas as coberturas de mais quatro pavilhões e do pórtico da entrada do complexo. As estruturas apresentavam rachaduras e problemas de umidade que prejudicavam a exposição de hortigranjeiros. A obra foi executada em três etapas: limpeza da área e retirada dos revestimentos soltos na superfície; substituição das ferragens e reparação das fendas; e impermeabilização.
Na área da segurança, visando coibir arrombamentos, furtos e roubos no interior do complexo, foi instalado um novo gradil de pré-concreto armado vazado junto à divisa oeste, num trecho de 585 metros de extensão e 2,68 metros de altura, substituindo a antiga cerca de ferro, que apresentava corrosão em vários pontos. A iniciativa se fez necessária também devido à implementação do projeto de urbanização Anchieta, com a criação de lotes e ruas nas imediações da empresa.
Como as cotas de nível dos lotes e arruamento estavam acima da cota de nível da CEASA, a urbanização do local e liberação da circulação de veículos na rua que corre paralela à cerca deixariam mais frágil a segurança no local. O custo total da obra ficou em R$ 294.849,87. O local recebeu, ainda, mais câmeras de videomonitoramento e houve um aumento no efetivo de segurança privada, nos turnos diurno e noturno.
Outras ações estão em andamento, entre as quais o levantamento topográfico do complexo, visando à elaboração dos projetos de recuperação asfáltica, drenagem, sinalização e obras complementares das pistas de rolamento e estacionamentos; rede de abastecimento de água e rede coletora de esgoto, com valor contratado de R$ 396 mil. Para a execução dessas obras, o orçamento estimado é de R$ 3,5 milhões, já aprovado pelo BNDES.
Energia
Também foram realizadas pela equipe técnica da Central obras de manutenção preventiva e de melhoria da rede de energia elétrica, para qualificar a rede interna. Para isso utilizaram R$ 300 mil do próprio Fundo de Investimento da CEASA e usuários. E encontra-se em fase de conclusão o projeto básico para aquisição de um gerador elétrico, que garantirá um melhor funcionamento do complexo. Os recursos estimados são de R$ 1,5 milhão, aprovados pelo BNDES.
Resíduos e biogás
A Estação de Manejo e Transbordo dos Resíduos da Ceasa está entre as obras mais importantes realizadas pela atual administração. A sua implantação atende ao projeto de sustentabilidade socioambiental da Central, atingindo diretamente três frentes: o meio ambiente, o Banco de Alimentos e o rateio dos recursos financeiros entre todos os usuários do complexo.
Atualmente, as atividades de manejo, separação e transbordo dos resíduos orgânicos e inorgânicos produzidos diariamente - de 38 a 40 toneladas, o que equivale à produção diária média de uma cidade de 50 mil habitantes - são executadas a céu aberto. Essa operação tem consequências ambientais, como a geração do chorume, além de um aspecto visual comprometedor.
A estação de transbordo, com um investimento total de R$ 600 mil, é a primeira fase para a construção de uma usina modular de biogás. A segunda etapa do projeto de sustentabilidade da Central inclui a implantação da Usina Modular de Biogás, com gerenciamento remoto, por meio automático ou humano, atendendo aos conceitos de smart grid. O projeto será desenvolvido em parceria com o Grupo CEEE e o Serviço Nacional da Indústria (Senai/RS), por meio do Conselho Nacional de Tecnologias Limpas (CNTL), Centro de Excelência em Tecnologias Avançadas (Ceta), Escola Senai Nilo Bettanin e a Faculdade Senai de Tecnologia, que desenvolveu uma bactéria específica para deteriorar hortigranjeiros.
Instalada numa área de aproximadamente 1.000 metros quadrados, dentro do complexo, a usina dará destino energético a 7,2 milhões de toneladas/ano de resíduos da Ceasa. Estima-se que sejam gerados 660KVA, energia suficiente para um condomínio com cerca de 250 habitantes e que 38 toneladas de carbono deixarão de ser lançadas na atmosfera por ano, já que os resíduos não mais serão transportados para lixões ou aterros sanitários.
O objetivo é produzir até 30% do consumo energético da CEASA e aproveitar 70% do lixo orgânico na produção de biofertilizante. O valor total do projeto é de R$ 3,37 milhões, dos quais R$ 2,6 milhões são para a compra de equipamentos, como um triturador para biomassa. A expectativa é de que a unidade esteja funcionando em dois anos.
Flores
A instalação de uma câmara fria no setor de flores, com orçamento estimado em R$ 248 mil, é resultado de uma emenda parlamentar do orçamento da União, empenhada e liberada pelo Ministério da Agricultura.
Combate à fome e ao desperdício
Implantado em 2012, o Banco de Alimentos da Ceasa/RS funciona como uma central de arrecadação, processamento e distribuição de alimentos sem condições ideais de comercialização, mas adequados ao consumo. Já no ano de sua criação, o Banco recebeu como doação de produtores, atacadistas e empresas localizadas no complexo um total de 134 toneladas de pães, 15 toneladas de soja e mil toneladas de produtos hortícolas.
A iniciativa beneficia mensalmente mais de 50 mil pessoas em situação de vulnerabilidade social, contemplando cerca de 220 entidades assistenciais cadastradas como receptoras do excedente de hortigranjeiros doado pelos produtores e atacadistas.
No Galpão Não Permanente (GNP), onde mais de dois mil produtores gaúchos comercializam toneladas de hortigranjeiros, e nos 10 pavilhões dos comerciantes atacadistas, a meta é zerar o desperdício de alimentos em condições de consumo humano. O sucesso do Banco de Alimentos está associado, também, à conscientização dos produtores e atacadistas sobre temas como segurança alimentar, desperdício de alimentos e fome, discutidos no programa de sustentabilidade ambiental e social Ceasa Mais Cuidada.
O programa tem como um dos principais objetivos melhorar a separação de resíduos orgânicos e inorgânicos, reduzindo o custo operacional da Central. Agentes percorrem o complexo orientando sobre o descarte correto e sobre a doação do excedente dos produtos sem valor comercial, mas com valor nutricional. A racionalização dessas operações possibilitará, gradativamente, aumentar o número de instituições atendidas e, consequentemente, o número de famílias beneficiadas.
Começando a operar a Estação de Manejo e Transbordo dos Resíduos, uma edificação de alvenaria com 440 metros quadrados na área do complexo, onde será feita a separação e beneficiamento dos resíduos, será possível diminuir o volume de resíduos orgânicos e inorgânicos, tanto no complexo quanto no aterro sanitário onde atualmente é descartado o lixo, contribuindo para a redução do impacto ambiental.
Uma das ações do Ceasa Mais Cuidada é o envolvimento, por meio de agentes educativos, de todos os atores: produtores, atacadistas, carregadores, funcionários e compradores, que serão orientados sobre o descarte correto dos resíduos, nos dois tipos de contêineres (verde, para resíduos orgânicos, e laranja, para restos de plástico, madeira, latas, papel, papelão e palha). Em um futuro próximo, com a participação e o comprometimento de todos, a meta é aproveitar 70% do lixo orgânico gerado no complexo.
Histórico
As Centrais de Abastecimento, idealizadas para facilitar a comercialização dos produtos alimentícios perecíveis de origem vegetal, reduzindo o custo dos serviços de comercialização e beneficiando, indiretamente, produtores e consumidores - surgiram no Brasil no final da década de 1960. Nessa época, o Governo Federal identificou um grande estrangulamento no sistema de comercialização de hortigranjeiros no País e, para viabilizar o novo modelo, buscou ajuda de organismos internacionais, como a FAO - órgão das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação.
A construção da Ceasa/RS teve início na década de 1970 e, em 1973, os produtores e atacadistas começaram a ser transferidos do bairro Praia de Belas para o novo complexo, no bairro Anchieta, inaugurado oficialmente em 8 de março de 1974.
Atualmente, a Central gaúcha é uma empresa de economia mista, vinculada à Secretaria Estadual de Desenvolvimento Rural, Pesca e Cooperativismo. Mais do que trazer perspectivas para a comercialização dos hortigranjeiros e atuar como o grande entreposto comercial de gêneros alimentícios de primeira necessidade, a Ceasa/RS estimula e fortalece a produção da agricultura familiar, impõe o controle de preços, higiene, consumo, embalagem, formação de estoque - evitando os atravessadores, muitas vezes responsáveis por aumentos no preço dos produtos. A Ceasa tem, ainda, papel importante na conscientização dos produtores e atacadistas sobre questões como segurança alimentar, desperdício de alimentos e fome.
Projeto arquitetônico
O responsável pelo projeto da Ceasa/RS foi o arquiteto Carlos Maximiliano Fayet, considerado na época representante de construções modernistas - o Palácio da Justiça, o auditório Araújo Vianna, a sede da Refinaria Alberto Pasqualini (Refap), em Canoas, a sede administrativa do Polo Petroquímico, em Triunfo, a sede da Comunidade Evangélica na Rua Senhor dos Passos, em Porto Alegre, são obras suas.
No complexo, o trabalho foi realizado em conjunto com os arquitetos Claudio Luís Araújo, Carlos Eduardo Dias Comas e José Américo Gaudenzi, no período de 1970 a 1974; o cálculo da estrutura ficou a cargo do engenheiro uruguaio Eladio Dieste, que possui diversos outros trabalhos no Brasil.
Dieste renovou o uso do tijolo armado na arquitetura, inventando um sistema construtivo que se exprimia pela abóboda de dupla curvatura, que é o caso do telhado da CEASA/RS, explorando o domínio da iluminação natural.
ESTRUTURA FÍSICA DA CEASA/RS
Área total: 42ha
Área construída: 86.500m²
10 Pavilhões de Atacadistas
01 Pavilhão de Produtores, com 994 módulos
05 Pavilhões de Melancia
01 Pavilhão de Flores e Plantas Ornamentais
01 Prédio da Administração
01 Pavilhão de Carregadores Autônomos, com 800 vagas
01 Setor para Depósito e Desdobramento, com 41 galpões
01 Pavilhão para frigoríficos
01 Posto da Brigada Militar
01 Posto da Polícia Civil
02 Agências Bancárias
01 Posto de Atendimento Bancário
22 Lanchonetes
01 Posto Médico
Setor dos compradores com necessidades mercadológicas (Pavilhões A5, A6 e A7)
Estacionamento com 10 mil vagas
Estacionamento para Feirantes de Porto Alegre
Texto: Assecom/Ceasa
Edição: Redação Secom