Cientec analisa amostra de fertilizantes e constata adulteração
Publicação:

O Departamento de Química da Fundação de Ciência e Tecnologia avaliou amostras de produto comercializado como fertilizante e se constatou como fraude. Os componentes que caracterizam o produto como adubo (fósforo, potássio e nitrogênio) e que estavam descritos na embalagem, apareceram em quantidades muito inferiores nas amostras analisadas. A solicitação de ensaios foi feita pela ouvidoria da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul.
O químico Guilherme Alfredo Noschang diz que com base nas amostras analisadas, o produto não deverá prejudicar o meio ambiente, mas também não causará o resultado positivo esperado pelos agricultores: “Não é adubo. Pelo nosso laudo e análise não é adubo. Pode ser calistra, resto de construção civil”, afirma.
Para enganar o consumidor, os golpistas utilizam embalagens de marcas famosas. Fornecem até uma etiqueta indicando a composição do adubo. Só que não passa de uma fraude. “Como isso não é adubo e não é fertilizante, seja lá o que for, evidentemente que a colheita (do produtor) será menor. Vai ter quebra de safra, não há dúvida nenhuma”, afirma Daiçon Maciel da Silva, presidente da Fundação de Ciência e Tecnologia do estado.
A ouvidoria gravou imagens da compra do adubo falsificado. A carga de fertilizante foi adquirida em uma agropecuária em Arroio do Meio, a 115 quilômetros de Porto Alegre. Foram dez sacos de adubo, por R$ 550. Na nota fiscal emitida pela empresa consta a descrição do adubo, que é padrão. Cinco sacos têm uma numeração, outros cinco, outra. Os números representam a quantidade de nitrogênio, fósforo e potássio, que formam a composição química do verdadeiro adubo. Mas os funcionários da ouvidoria da Assembleia Legislativa conferiram a carga.
Conforme mostrou reportagem de Jonas Campos, da RBS TV, segundo a ouvidoria, os criminosos usam empresas de fachada, alugam barracões no interior do estado para estocar o produto e abastecem o comércio.
Em Estrela, no Vale do Taquari, o presidente do Sindicato Rural denunciou que comprou 6 mil sacos de adubo para os associados, mas os agricultores reclamaram do fertilizante. "Eles têm vários anos de experiência, trabalham com várias marcas de produtos, o que os fez suspeitarem pela qualidade desse fertilizante", aponta Rogeiro Heemann.
As empresas envolvidas na venda de adubo falsificado vão ser denunciadas ao Ministério Público e à Policia Civil. O ouvidor da Assembleia vai entregar as provas nesta terça-feira (1º). “Uma fraude violenta contra o produtor rural, do pequeno ao grande. Também vamos encaminhar para Procuradoria Federal para que tome as devidas providências e encaminhe inclusive prisão desses indivíduos”, diz o deputado Marlon Santos.
O dono da agropecuária onde a ouvidoria comprou o adubo falso, Josiano Schwarzer, disse que vai colaborar com as investigações. Ele afirmou que já tinha desconfiado da qualidade do produto, depois de receber reclamações de vários clientes e suspendeu as compras do fornecedor do produto.
Texto: Viviani Silveira/Cientec
Edição: Léa Aragón/CCom