Comissão facilitará acesso a documentos oficiais da ditadura militar
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O Governo do Estado formará uma comissão institucional que permitirá o acesso a documentos oficiais do Poder Executivo referentes ao período do regime militar no Brasil. O anúncio foi feito nesta terça-feira (26) pelo governador Tarso Genro, durante reunião com integrantes do comitê Carlos De Ré, da Verdade e da Justiça, no Palácio Piratini. A previsão é de que o grupo seja constituído oficialmente até o final de julho. O objetivo é apoiar setores que trabalham no resgate da memória política do Estado. A comissão será formada por representantes do governo e da sociedade civil.
Para Tarso Genro, o poder público tem a responsabilidade política e institucional de criar instrumentos que garantam o acesso a todas as informações necessárias à elucidação de sua história. A função desta comissão será de oferecer essas condições de conhecimento, arrolamento de documentos e recuperação de memória, relacionados a essa época de brutais violações de direitos humanos aqui no Estado e em todo o País.
Coordenador do comitê Carlos de Ré, o vereador porto-alegrense Pedro Ruas elogiou a iniciativa do governo estadual e afirmou que ela colabora com o trabalho do grupo formado por ex-presos políticos e militantes de movimentos sociais. Ruas também solicitou apoio para a instalação de um memorial em Porto Alegre, com objetos e documentos que resgatem a história da ditadura e evidenciem as violações de direitos humanos.
O gaúcho Carlos De Ré, falecido em maio de 2011, participou ativamente da luta pela anistia e pela democratização do País. Além de ser um dos fundadores do PDT, foi o primeiro presidente da Juventude Socialista do partido. Participou da campanha pelas eleições diretas e das campanhas de Leonel Brizola ao governo do Rio de Janeiro, em 1982; da campanha de Alceu Collares a prefeito de Porto Alegre, em 1985, e ao governo do Estado, em 1989. Foi presidente da Fasc em Porto Alegre, durante o governo trabalhista, e presidente da FGTAS, na gestão estadual de Collares. Foi um dos fundadores do Movimento dos Ex-Presos e Perseguidos Políticos.
Ato público
Durante a reunião, os membros do comitê também entregaram ao governador um convite para o ato de reconhecimento público do Departamento de Ordem Política e Social (Dops) como local de tortura e morte durante o regime militar. A manifestação será realizada nesta quarta-feira (27), a partir das 11h30, em frente ao Palácio da Polícia, antiga sede do Dops (esquina das avenidas Ipiranga e João Pessoa).
Texto: Juliano Meira Pilau
Foto: Caco Argemi
Edição: Redação Secom (51)3210-4305