Comparsa da Canção leva, até domingo,15 mil pessoas em Pinheiro Machado
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O secretário da Cultura do Rio Grande do Sul Roque Jacoby assiste nesta sexta-feira, 27, às 20h, a abertura da vigésima edição da Comparsa da Canção, em Pinheiro Machado, no Parque Rural de Exposições Charrua. Maior evento realizado no município e o maior festival nativista da Metade Sul, a Comparsa reúne a cada noite, de sexta-feira a domingo, de quatro a cinco mil pessoas, num total estimado em 15 mil espectadores nas três apresentações. Basicamente é um festival de música campeira, embora entre as 365 músicas inscritas, inclusive de compositores de Santa Catarina, do Paraná, do Mato Grosso e do Distrito Federal, haja criações musicais que fogem a essa linha de criação. Milongas, candombes, rancheiras, chamamés, toadas, vaneiras e milongas arrabaleras foram escolhidas entre as dez músicas que vão disputar na noite de domingo o primeiro prêmio de R$ 1,5 mil, sendo que os segundo e terceiros lugares de R$ 1 mil e R$ 500,00, respectivamente, entre as 14 músicas selecionadas pela comissão de triagem. Pelotas, Bagé, Santa Maria, Pinheiro Machado, São Gabriel, São Vicente do Sul, Capão da Canoa, Candiota, Uruguaiana, Jaguari e Sapiranga foram municípios que classificaram músicas nesta edição. A Comparsa da Canção acontece como evento paralelo à Feira Estadual da Ovelha – Feovelha – em sua vigésima segunda edição, a maior feira em oferta de ovinos da América Latina, segundo um dos apoiadores da Comissão Executiva da Comparsa, Fernando Ávila. Para ele, o festival enriquece a economia do município e faz parte do calendário de eventos que inclui a Semana Farroupilha, cuja característica é a de ser um acontecimento que prima pelo respeito à tradição, como uma manifestação cultural que busca ser bem autêntica, diferenciando-se daí de outros municípios. Sete composições serão apresentadas na sexta-feira, juntamente com um espetáculo com o grupo Garronaço e Cristiano Azevedo. No sábado, outras sete estarão no palco, ao lado dos artistas César Oliveira e Rogério Melo, sendo que domingo, 29, será a vez do grupo Aos Olhos da Terra, de Luís Cláudio e da Tribo da Vanera. A comissão executiva da Comparsa é composta pelo secretário municipal de Administração, Luiz Henrique Chagas da Silva, pelo secretário municipal da Cultura, Paulo Ricardo Rezende, e pela primeira-dama Beatriz Garcia, que a preside. A primeira edição da Comparsa aconteceu em 3 de fevereiro de 1985, por iniciativa de nomes como Cláudio Ribeiro, Delci Oliveira, Dermi Alves, João Lauro Vieira Costa Costa e João Rafael de Holanda, todos criadores ou apoiadores do primeiro festival. Sem palco, com os artistas se exibindo num galpão de costaneira, coberto com capim Santa Fé, ela não tinha nem uma lona para abrigar o público, que a assistiu a pé ou dentro de veículos. Nessas duas décadas de realização, muitos artistas passaram pela Comparsa. O cantor Joca Martins, por exemplo, tinha 14 anos quando se apresentou pela primeira vez no festival, há 21 anos. Somente por dois anos, 1990 e 1991, o festival não se realizou, e hoje a Prefeitura é cobrada pela comunidade para que ele não deixe de ser realizado a cada ano, sublinha Fernando Ávila. Em 2006, a Comparsa não teve ainda seu projeto aprovado pela Lei de Incentivo à Cultura, mas Ávila crê que a aprovação aconteça. Seu custo está fixado entre R$ 80 e 100 mil. Pinheiro Machado tem 2546 quilômetros quadrados de extensão territorial para uma população de 14 mil habitantes. São 10 mil pessoas vivendo na cidade e outras quatro mil aproximadamente na área rural. Situa-se a 370 quilômetros de Porto Alegre. Rica em calcário, Pinheiro Machado é banhada pelo rio Camaquã, na divisa com Santana da Boa Vista e Caçapava do Sul. A agricultura, a pecuária e a extração de pedras para exportação e de revestimento, além de cimento, são as bases econômicas do município, produtor de vinhos de qualidade devido ao clima frio, predominante na microrregião da Serra do Sudoeste, que varia de dois a 18 graus centígrados, o que estimula a viticultura. São 380 estabelecimentos comerciais e o turismo tem na igreja-matriz de Nossa Senhora da Luz, na praça Angelino Goulart, no Largo da Liberdade, no Parque Charrua e no Teatro Municipal Ludovico Pórzio alguns de suas principais atrações. Um dos locais que poderá ser aproveitado como ponto turístico, no futuro, é o Cerro dos Porongos, onde ocorreu o massacre dos Lanceiros Negros, escravos que lutaram ao lado dos farroupilhas na Guerra dos Farrapos, em troca da carta de alforria. Segundo versões históricas, a chacina teria sido negociada entre o general David Canabarro com o barão de Caxias e executada na madrugada, sem que os negros pudessem reagir, no dia 14 de novembro de 1844. A idéia é construir ali um memorial para homenagear os Lanceiros Negros e resgatar sua importância para a História gaúcha, atraindo também turistas e estudiosos de História e Antropologia para um município criado em 2 de maio de 1878.