As cooperativas e o desenvolvimento sustentável foram tema do primeiro painel do Seminário Internacional de Cooperativismo, que ocorreu nesta quarta-feira (17), no Hotel Embaixador, na capital. Sob o tema O Ano Internacional das Cooperativas: O papel do cooperativismo no combate à pobreza, o evento reuniu mais de 500 pessoas e recebeu o coordenador da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) no Brasil, Helder Muteia, que palestrou sobre Dia Mundial da Alimentação - Cooperativas Agrícolas Alimentam o Mundo.

Promovido pela SDR e Emater/RS-Ascar, o seminário - coordenado pelo presidente da Emater/RS, Lino De David - tem como tema central o cooperativismo e o desenvolvimento sustentável. O governador em exercício, Beto Grill, reafirmou o compromisso do Executivo no fortalecimento do cooperativismo. Segundo ele, o Governo tem procurado se adequar à realidade mundial no desenvolvimento de políticas públicas para estimular e ampliar a base produtiva do RS. Cada vez mais, a produção primária e o cooperativismo se fortalecem e contribuem, através da troca de experiências, para aperfeiçoar e qualificar o sistema produtivo.

Diversificação
O secretário do Desenvolvimento Rural, Pesca e Cooperativismo, Ivar Pavan, afirmou que mais de 75% das pessoas que passam fome no mundo moram no meio rural. É inaceitável que a fome hoje mate mais do que a Aids, a malária e a tuberculose juntas. No Brasil, das 16,2 milhões de pessoas abaixo da linha de pobreza, 47% estão no meio rural.

O RS contabiliza 307 mil pessoas que vivem em situação de pobreza extrema, das quais 107 mil (ou 35%) estão no meio rural. O aumento da diversificação de alimentos passa pelo fortalecimento do cooperativismo e da agricultura familiar. Pavan salientou os dados do IBGE, que apontam que 85,7% dos estabelecimentos rurais no RS são da agricultura familiar.

O secretário afirmou que as cooperativas são importantes porque o modelo de negócio se baseia em princípios e valores, possui uma economia descentralizada e que valoriza o contexto local, além de fortalecer a cidadania. As cooperativas geralmente trabalham com as populações mais pobres e muitas vezes cumprem o papel do Estado. Entre as medidas adotadas pelo Governo do Estado, Pavan destacou a criação da SDR, em 2011.

Situação
O ano de 2012 foi instituído pela FAO como o Ano Internacional das Cooperativas com o objetivo de fortalecer a inclusão sócio-produtiva das comunidades rurais e dos agricultores familiares. Em sua palestra, Muteia afirmou que o cooperativismo é uma ferramenta que resgata a dignidade humana, empodera as mulheres (já que 52% dos cooperados são mulheres) e dá perspectivas de participação e organização aos jovens.

Muteia afirmou que os desafios da segurança alimentar são os preços e o baixo estoque de alimentos, além da mudança do padrão de consumo, que atualmente apresenta alto índice de desperdício e de obesidade. No combate à fome, Muteia elogiou o progresso do Brasil, acelerado nos últimos dez anos e um dos poucos países que já cumpriu as Metas do Milênio, de reduzir a fome pela metade.

Como tendências ao cooperativismo, Muteia citou o combate à pobreza, os ganhos sendo entendidos como lucro mais dignidade, o acesso à terra, à água, ao mercado, às tecnologias e ao crédito, e o conceito de bem comum sendo transferido para a natureza. As cooperativas agrícolas são capazes de alimentar o mundo, com dignidade e geração de emprego e renda, por isso devem ser fortalecidas.

O Seminário prossegue nesta quinta-feira (18), a partir das 8h30, com painel sobre Marco Regulatório e a Nova Lei Cooperativa, Papel do Cooperativismo no Desenvolvimento Local/Regional, e Desenvolvimento e as cooperativas de trabalho: potencialidades e limites. O encerramento está previsto para às 17h. Informações no www.sdr.rs.gov.br.

Texto: Adriane Bertoglio Rodrigues e Roger da Rosa
Foto: Roger da Rosa
Edição: Redação Secom (51) 3210-4305