Correalizado pelo Estado, Gramado Summit recebe 15 mil pessoas e se consolida no cenário nacional
Cerca de 300 startups participaram do evento; 30 foram apoiadas pela Secretaria de Inovação
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Correalizada pelo governo estadual, a edição 2024 do Gramado Summit terminou nesta sexta-feira (12/4) com público oficial de 15,3 mil pessoas vindas de 23 estados brasileiros. Conforme os organizadores, cerca de 70% do público é de fora do Rio Grande do Sul, o que mostra a consolidação do evento no cenário nacional da inovação.
Realizado em Gramado, na Serra Gaúcha, o encontro reuniu dez trilhas de conteúdo, 400 palestrantes, 500 expositores (sendo 300 startups ou pequenos negócios) e 500 investidores. Os segmentos de maior destaque entre as startups foram retailtechs e edtechs, healthtechs, fintechs, martechs, RHtechs, govtechs, indtechs, foodtechs e proptechs.
O governo do Estado, via Secretaria de Inovação, Ciência e Tecnologia (Sict), apoiou a participação de 30 startups nesta edição. Elas foram selecionadas no edital Startup Lab e apresentaram seus produtos para potenciais investidores e parceiros em estandes posicionados na entrada do evento.
A Sict aportou os valores referentes à inscrição e à reserva do espaço. Ao longo dos três dias, além de exporem nos estandes, as startups fizeram apresentações na arena do governo. “O incentivo às startups é uma das formas que o governo tem de fomentar o ecossistema de inovação. Queremos proporcionar espaços e dar visibilidade a empreendedores, impulsionando, assim, novos negócios”, destacou a titular da Sict, Simone Stülp.
Startup produz alimento animal a partir de inseto
O estande da Insect Protein chamava a atenção de quem passava – a empresa transforma um tipo de inseto (Tenebrio molitor, conhecido como besouro da farinha) em proteína para alimentação animal de maneira sustentável. As pessoas podiam provar o produto no local, em forma de inseto ou farinha, o que ajuda a desmistificar e diminuir a estranheza em torno da ideia, contou o cofundador e responsável técnico da Insect Protein, Lucas de Marques Vilella.
“Já passamos da fase de validação do produto e estamos na de impulsionamento da empresa, procurando investidores. No Gramado Summit, conseguimos fazer muitos contatos e ganhamos visibilidade junto ao público. Vimos que há um grande mercado se abrindo para a proteína”, comemorou.
A Insect Protein foi selecionada para a segunda edição do programa Centelha, lançado em 2021 pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Rio Grande do Sul (Fapergs), quando recebeu uma subvenção de R$ 66 mil. O recurso, segundo Vilella, ajudou a startup a fazer a incubação dentro do Feevale Techpark, da Universidade Feevale. “A maior parte do valor foi aplicado para fazer a compra da estrutura com os equipamentos necessários e realizar o registro junto ao Ministério da Agricultura e Pecuária”, contou.
Produtos naturais são foco de startup
No espaço ao lado estava a Isobio, startup que faz o isolamento de substâncias encontradas na biodiversidade brasileira e disponibiliza produtos naturais para as indústrias farmacêutica e cosmética. “Já temos substâncias isoladas com grande potencial anticâncer, que são inéditas e vêm aqui do Rio Grande do Sul. Também temos um produto de origem gaúcha que é isolado da erva marcela, com alto grau de pureza”, explicou uma das cofundadoras, Sara Elis Bianchi.
Foi justamente esse produto originado da marcela, também chamada de macela, que a empresa desenvolveu durante o programa Doutor Empreendedor, lançado em 2019 pela Fapergs. O valor aportado foi de R$ 150 mil. Depois, a Isobio participou ainda do programa Sebrae Go.GlobalX, quando recebeu destaque como uma das startups com maior propensão de alcançar o mercado internacional.
Para Sara, a importância de estar no Gramado Summit está na possibilidade de se conectar. “Pudemos conversar com várias empresas e startups para entender o mercado e ver as necessidades de pesquisa e desenvolvimento na área de produtos naturais”, relatou.
Biotecnologia é usada para fazer cerveja azul
Outra startup beneficiada pelo edital foi a AlgaSul, focada em biotecnologia de microalgas, que atende aos setores de cosméticos, alimentos e aquicultura. A iniciativa desenvolve, em parceria com universidades e laboratórios, soluções de baixo custo que substituem ingredientes tradicionais por alternativos, adicionando propriedades como atividade antimicrobiana, anti-inflamatória e antioxidante.
“Nossos protocolos permitem que tenhamos como clientes empresas grandes que buscam ingredientes alternativos para suas indústrias. Por exemplo, produzimos uma cerveja de coloração azul em colaboração com uma cervejaria e uma bolacha com coloração avermelhada que pode vir a ser produzida por uma indústria, ainda em fase de negociação”, contou o CEO da empresa, Bruno Kubelka.
A AlgaSul recebeu R$ 65 mil na primeira edição do programa Centelha, com edital aberto em 2019 pela Fapergs. “Quando fundamos a empresa, tínhamos algumas ideias para aplicação da microalga, mas os três sócios não possuíam experiência em empreendedorismo. Havia muito risco envolvido. A partir do edital, pudemos desenvolver mais as ideias e transformá-las em um produto”, lembrou Kubelka. Para ele, o Gramado Summit proporciona visibilidade aos expositores, além de se destacar no quesito organização.
Texto: João Felipe Brum/Ascom Sict
Edição: Felipe Borges/Secom