Pronunciamento do governador germano Rigotto na Instalação do Governo em Monte Belo do Sul. 12.11.2004 Quem imigra, arranca raízes. Por vezes, essas raízes secam e não conseguem extrair da nova terra a seiva necessária para manter a vida original. Outras vezes, o novo ambiente onde se instalam é tão diferente do nativo que o produto da imigração resulta numa outra cultura e numa outra realidade. O que aconteceu na região serrana do Rio Grande do Sul com a imigração italiana foi uma das mais notáveis e bem sucedidas experiências de germinação cultural em local distinto da origem. Ocupando a terra nua e inóspita, o imigrante italiano reproduziu seu habitat natural e pode, assim, preservar hábitos, cultura, religiosidade, tradições e labor. O resultado desse fenômeno sociológico foi altamente benéfico para as comunidades locais e para a comunidade rio-grandense, enriquecida pelo trabalho, pela interação e pela integração com as novas comunidades que surgiram no processo de colonização. Monte Belo do Sul - una piccola Itália - é caso típico do que afirmo. Aqui, até o nome do município remonta a episódios históricos da região de origem. Montebello della Battaglia é uma pequena cidade da província de Pavia, palco de combate importantíssimo da segunda guerra pela independência italiana, travada contra as forças austríacas em 20 de maio de 1859. Esse fato ainda estava bem vivo, portanto, na memória dos imigrantes que apenas 16 anos mais tarde chegaram a esta região e deu causa à proposta de denominar a vila que surgia com o nome do local e do histórico evento a ele ligado. Começava para os imigrantes una nuova battaglia, desta feita a batalha dos imigrantes pela realização de sua esperança. Para saber que foram bem sucedidos basta percorrer os caminhos da região, como tantas vezes tenho feito nestes muitos anos de vida pública. Minha saudação, pois, à memória dos pioneiros, que vindos de Udine, Cremona, Trento, Brescia, Veneza, Treviso, Belluno, Padova, Mantova, Bergamo, Vicenza e Verona, produziram neste cenário um resultado tão cativante. Trata-se, agora, de invejável patrimônio cultural e turístico, muito bem identificado e objeto de zelosa atenção de nosso governo, que tem se esmerado em proporcionar sua divulgação com excelentes resultados na produção de novelas e minisséries de televisão. Ainda no ano passado aqui foram filmadas cenas dos capítulos finais da novela Esperança, que contou com a participação de mais de uma centena de figurantes locais e trouxe a Monte Belo do Sul, entre outros, Fernanda Montenegro, Priscila Fantin e Reynaldo Gianecchini. O Brasil aplaudiu a novela, a saga dos imigrantes e se encantou com os cenários naturais e humanos desta piccola Itália. *** Muitas vezes me dizem: Governador, esses roteiros e interiorizações são muito puxados, muito cansativos. E eu respondo: Cansativo seria governar do Palácio, longe daqueles para os quais se dirigem as ações do governo. De fato, desde o momento em que decidi concorrer ao governo do Estado, estabeleci para mim mesmo que aquele rico processo de conhecimento e informação que ocorre durante a campanha eleitoral, enquanto percorremos todo o estado, não poderia sumir nos relatórios e rotinas do gabinete do governador. Nem pensar! Eu continuaria buscando o contato regular com a população em processos de interiorização do governo. Teremos, hoje, uma agenda de trabalho que me permitirá estar com várias representações da sociedade regional, dos setores produtivos do agronegócio, do comércio e da indústria, dos trabalhadores. Estarei com prefeitos, com vereadores, com a Universidade, com o COREDE, com entidades sociais e comunitárias, com a imprensa. Quem comparece aqui, hoje, é o governo. Meus secretários estarão despachando assuntos específicos de suas pastas, com agendas autônomas, assistidos por seus principais assessores. O dia será muito produtivo. Quero, então, agradecer a acolhida que nos proporcionam. E faço esse agradecimento na pessoa do prefeito Leonir Olímpio Razador, que nos franqueia o município, e nos faculta, tão cordialmente, as condições necessárias ao nosso trabalho. E faço esse agradecimento, também, na pessoa do presidente da Câmara de Vereadores, vereador Olices Bruschi. Registro, com satisfação a presença dos deputados federais e estaduais. Também eles, na atividade parlamentar que desenvolvem, e à qual dediquei tantos anos de minha vida, seguem a mesma orientação, repartindo seus tempos entre o parlamento e a comunidade que os elegeu. *** Vamos ao trabalho, então. E peço-lhes que me permitam homenagear a todos e a cada um de vocês, trazendo à memória deste ato de instalação, o admirável guia de homens e almas que foi o Padre José Ferlin. Ele, que tantas vezes abençoou esta comunidade, e a ela tanto contribuiu com seu trabalho e sua liderança, também abençoe nossas audiências, nossos trabalhos e os frutos de nossos trabalhos no dia de hoje. Muito obrigado.