Discurso do governador - Salão Gaúcho de Responsabilidade Social
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Discurso do governador Germano Rigotto na abertura do Salão Gaúcho de Responsabilidade Social, Novo Hamburgo, 27.08.2003 O que nos move até aqui, em essência, é a pessoa humana e o profundo respeito que temos pela sua insuperável dignidade. Dizer isso parece a repetição de algo óbvio. Mas num mundo onde o homem nem sempre é tratado dignamente, nunca é demais que afirmemos e reafirmemos a preocupação de nosso estado para com a qualidade de vida de seus cidadãos. É este, precisamente, o primeiro grande valor do Salão Gaúcho de Responsabilidade Social: na simbologia desta iniciativa da Fundação Semear, está o imperativo humanista da preponderância da dignidade do ser humano. Por outro lado, este evento demonstra ser possível, na prática, algo que pessoalmente sempre defendi: não há porque perdermos muito tempo discutindo teorias sobre a suposta antítese setor público versus setor privado e as funções de cada um diante dos dilemas sociais. Mais importante ? muito mais importante! ? é que cada um olhe para o lado e faça, já, o que está ao seu alcance. *** Ao Estado, em seu papel subsidiário, sempre caberá aquilo que a sociedade não consegue, por si mesma, fazer sozinha. Daí porque há setores em que a participação do Estado é imprescindível, e há outros em que sua presença pode ser apenas secundária ou fiscalizadora. Na área social, até por imperativo constitucional, o Estado tem que ser efetivo e presente. Não são novidades, contudo, os dilemas e as crises estruturais em que vivemos, quer em nível nacional, quer em nível estadual. Por causa delas, o Poder Público tem sido insuficiente na função de garantir a dignidade dos cidadãos. Diante desse problema, que não tem uma causa específica ou um culpado único, os empreendedores que aqui estão olharam para suas realidades e decidiram agir, fazer o possível, sem perguntar se estariam indo além de suas funções meramente empresarias ou fazendo algo que não lhes dizia respeito. Isso ganhou o nome de Responsabilidade Social: a dedicação de homens e mulheres de bem a melhorar os indicadores de qualidade de vida da sociedade. E o tema, outrora adstrito às discussões das políticas públicas, tomou corpo no meio social e virou pauta das modernas empresas. O Salão Gaúcho de Responsabilidade Social vem a demonstrar e coroar belas ações já desenvolvidas, que impactaram positivamente os indicadores sociais gaúchos. Elas são um exemplo, um convite e um desafio a quem ainda continua crendo que nada pode fazer. *** Se bem pensarmos, o auxílio aos homens, para que consigam cumprir suas funções vitais e seus fins existenciais, são, em última análise, uma responsabilidade de todos os homens. Seja através do público ou do privado, do governo ou da empresa, do político ou do empresário. Ao fim e ao cabo, quem tem que ajudar o ser humano são seus próprios convivas, é o próprio ser humano. Foi o que fez a Fundação Semear, a quem quero parabenizar ? presidente Olívio Jacobus ?, pela construção deste Fórum que, além de fazer pensar, instiga novas iniciativas e reconhece as que já deram resultados. Foi o que fizeram os expositores, a quem também estendo meus fraternos cumprimentos, porque sei que por trás de cada estande está o esforço de uma equipe, a complexidade de um projeto, o desprendimento e a colaboração de muitas pessoas. E parabéns à Gerdau, Azaléia, RBS, Marcopolo, Randon, Copesul, Ipiranga, Tramontina, Calçados Bibi e Vonpar pelo merecido reconhecimento que hoje recebem. Mais que parabenizar, em nome do Rio Grande, tenho a obrigação de lhes agradecer. Não estamos falando de paternalismo, que é muito diferente. Aqui estamos falando da criação de mecanismos para que os homens, através de suas energias e de suas próprias responsabilidades, possam construir a plenitude sonhada. Viver à custa alheia nada tem a ver com responsabilidade social. Ao contrário: o paternalismo, que tudo provê, afeta a essência própria do homem, porque invade sua margem de autodeterminação e de responsabilidade, ingerindo sobre seu livre arbítrio e vontade pessoal. Não é isso o que queremos! Aqui estamos falando em remover os estorvos que impedem a harmonia social, que é pressuposto da existência humana. Estamos falando da criação de uma ordem de paz e de bem-estar fundada na cooperação. Estamos falando de empresas e empresários que cumprem plenamente sua função na vida social. Estamos falando de uma mentalidade empresarial que dignifica o Rio Grande. Estamos falando de exemplo e bom exemplo. Estamos falando, enfim, do bem comum e da solidariedade. E é sob a inspiração do bem comum que haveremos de construir um estado melhor, um país melhor e um mundo melhor. Solidariedade é um valor humano. Ou está nas pessoas ou não está em lugar algum. Deus nos inspirará para que ela esteja no nosso governo e nas nossas empresas. Muito obrigado.