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Egresso do sistema prisional gaúcho é o único brasileiro selecionado para bolsa de estudos internacional

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Global Freedom Fellowship   Rodrigo Sabiah
Rodrigo Sabiah e 16 egressos do sistema prisional de outros países foram admitidos no programa - Foto: Divulgação

O reciclador e palestrante Rodrigo Sabiah teve confirmada, nesta quarta-feira (4/1), a sua aprovação no processo seletivo para uma bolsa de estudos do programa Global Freedom Fellowship. A iniciativa, da organização não governamental Incarceration Nations Network (INN), tem como objetivo capacitar agentes de mudança social e combater o estigma contra pessoas com passagem pelo sistema prisional.

Sabiah é o único egresso do sistema prisional brasileiro selecionado para participar do programa. No processo seletivo, os organizadores da formação reconheceram o seu trabalho como reciclador, que oferece oportunidade para outros egressos; as palestras sobre as suas vivências na prisão; e o seu trabalho voluntário em presídios, em abrigos para jovens em situação de vulnerabilidade social e em comunidades carentes do Brasil.

A sua inscrição foi incentivada por servidoras do Departamento de Públicas Penais (DPP) e do Departamento de Tratamento Penal (DTP), da Secretaria de Sistemas Penal e Socioeducativo (SSPS), e contou com carta de apoio do Conselho Penitenciário (Conspen), que o acompanha desde a sua saída do sistema prisional.

“Estou emocionado com tudo isso. A gente nunca acha que faz muito, enfrenta muitas dificuldades, desconfianças e burocracia. Coisas que parecem querer fazer com que a gente desista e, quando vem um reconhecimento desses, tu percebes que não foi em vão”, contou Sabiah. “Com certeza, estamos abrindo caminho para outros egressos. Estamos encorajando não só eles, mas a sociedade e os governantes a acreditarem que é possível, que temos que dar oportunidades para pessoas que passaram pelo sistema.”

Além de Sabiah, 16 egressos do sistema prisional de outros países foram admitidos no programa. Os contemplados com a bolsa Global Freedom Fellowship são procedentes de África do Sul, Argentina, Brasil, Colômbia, El Salvador, Estados Unidos, Holanda, Nigéria, Quênia, Reino Unido e República Tcheca.

Em março, os selecionados passarão 13 dias na Cidade do Cabo e em Joanesburgo, na África do Sul. Ao longo das duas semanas, compartilharão aprendizados e vivências sobre justiça social e os tempos vivenciados na prisão. Também ajudarão na criação do currículo da próxima edição do Global Freedom Fellowship.

Para saber mais sobre o programa, confira aqui.

Projetos

Dentro do sistema prisional gaúcho, Rodrigo Sabiah relatou que a sua vida mudou em 2008, quando ingressou no projeto de tratamento penal MCs para a Paz (Multiplicadores de Cidadania para a Paz), desenvolvido por psicólogas e assistentes sociais do quadro de servidores da Superintendência dos Serviços Penitenciários (Susepe).

Desde a sua saída, em 2012, em parcerias com a Susepe e com a Fundação de Atendimento Socioeducativo (Fase), por meio dos projetos Vai que Dá, Trocando uma ideia e Vidas pós-grades, ele busca inspirar jovens e apenados a ter uma vida distante do crime. Os projetos já chegaram a apenados do Instituto Penal Irmão Miguel Dario, da Penitenciária Estadual de Porto Alegre, do Complexo Penitenciário de Canoas e da Fundação Patronato Lima Drummond e a socioeducandos do Centro de Atendimento Socioeducativo Regional de Porto Alegre I (Case Poa 1).

Agregando o conhecimento e a experiência do treinamento na África do Sul, Sabiah almeja desenvolver o projeto Reciclando Vidas junto ao poder público e, assim, contribuir com a Política Estadual de Atenção aos Egressos, bem como com a Política de Enfrentamento ao Racismo Institucional, ambas em elaboração no Estado, sob a gestão do DPP.

Texto: Wagner Meirelles/Ascom SSPS
Edição: Secom

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