Emater estima plantio de 923 mil hectares de trigo no RS
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O Rio Grande do Sul deverá plantar 923.657 hectares com trigo nesta safra, uma área 17,57% inferior a da safra passada (1.120.345 hectares). A estimativa é da Emater, obtida em uma amostra de 191 municípios, o correspondente a 73,3% da área total estimada. Para o diretor técnico da Emater/RS, Ricardo Schwarz, a redução se deve a três fatores: a descapitação dos produtores, o preço baixo no mercado internacional e o câmbio baixo. Houve aumento mundial de produção de trigo, o que faz com que os estoques estejam em alta e a cotação do grão em baixa. Além disso, o câmbio facilita as importações. Por fim, o produtor está sem recursos em função dos prejuízos com a estiagem, explica. Schwarz acrescenta que pode ocorrer, ainda, uma redução da tecnologia aplicada nas lavouras. O diretor aconselha aos produtores que ocupem a área de plantações com alguma cultura, seja trigo e cevada, ou pastagens, como azevém. É preciso fazer a cobertura do solo para evitar a erosão e, como a safra de soja foi prejudicada e não vai deixar palhas, é preciso cultivar o solo, sugere. A maior área de trigo está nas regiões Alto Jacuí e Noroeste Colonial (escritório regional de Ijuí), com 307 mil hectares. Em seguida, as regiões Fronteira Noroeste e Missões (escritório Santa Rosa), com 208 mil hectares, e Produção e Médio Alto Uruguai (escritório Passo Fundo), com 197,9 mil hectares. A maior redução, 25%, corresponde ao escritório regional da Emater de Erechim, integrado pelas regiões Norte e Nordeste, seguida pelo escritório de Santa Rosa (regiões Missões e Fronteira Noroeste), com 21,96% de diminuição. Na Serra, está previsto aumento de 18,2% na área de cultivo de trigo. O município com maior área deve ser Palmeiras das Missões, com 32 mil hectares, seguido de Giruá, com 30 mil hectares. Grãos de verão Com o tempo seco dos últimos dias, os produtores de soja, praticamente, encerraram a colheita, chegando a 96% da área e confirmando a pior safra da história da cultura. Com a finalização dos trabalhos na soja, os agricultores voltam a trabalhar nas lavouras de milho, avançando sobre 83% da área. Os 17% maduros e que restam ser colhidos se localizam em áreas de pequenas propriedades coloniais, onde a retirada do produto se realiza manualmente e, historicamente, se prolonga até fins deste mês. Na segunda safra de feijão, ainda restam colher 5% da área. Criações As pastagens, de uma maneira geral, seguem em excelente desenvolvimento em todas as regiões devido ao clima ameno dos últimos e à umidade presente no solo. Com a diminuição das chuvas, os produtores, principalmente de leite, puderam abrir as pastagens de inverno cultivadas para o pastoreio direto, melhorando, assim, a eficiência da dieta alimentar do animais. As pastagens nativas começam a mostrar sinais de diminuição da capacidade de suporte. Entretanto, ainda devem fornecer, por algum tempo, condições de pastoreio mínimo, embora a qualidade já não satisfaça as exigências de algumas categorias, como animais em terminação ou vacas em gestação/lactação. A boa quantidade de forragem disponível, principalmente nas áreas de agricultura, tem feito com que muito produtores de gado de corte comecem a procurar por animais de engorda, com o objetivo de aproveitar todo o potencial produtivo das áreas, além de manter o solo coberto. No entanto, a oferta parece não acompanhar a demanda, com os detentores da mercadoria retraindo-se devido aos baixos preços praticados com essa categoria. Durante a semana, os poucos remates realizados indicaram preços médios próximos aos R$ 1,30 pelo quilo vivo. Já a bovinocultura leiteira se encontra em transição de estação e de ciclo de pastagens, mas apresentando, de maneira geral, bom rendimento de leite/vaca/dia. Nas regiões de maior atividade leiteira no Norte do estado, há grande interesse pelos agricultores em investimento, procurando financiamentos compatíveis para a aquisição de matrizes e equipamentos, visando uma maior participação da atividade na propriedade, diminuindo a sua dependência das culturas de grãos, principalmente quando da ocorrência de frustrações de safras que, periodicamente, ocorrem.