Empresa contabiliza 63 mil usuários no primeiro mês de serviço do catamarã
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Retomada no final de outubro, a travessia Porto Alegre-Guaíba transformou a realidade dos moradores das duas cidades. Em um mês de funcionamento, completado no domingo (27), o serviço foi utilizado por 63.258 pessoas. Mais do que a redução no tempo de deslocamento entre as cidades, os passageiros apontam o conforto, a praticidade e o custo/benefício como as principais qualidades do novo modal. Além de ser uma alternativa à BR-290, o transporte via catamarã, em alguns casos, também pode significar economia para o bolso.
Diretor de Operações da Catsul, empresa responsável pelo transporte, Carlos Bernaud reconhece que o primeiro mês de operações surpreendeu positivamente. Inaugurado em meio à Feira do Livro, o serviço passou pelo teste de fogo sem maiores contratempos. Durante a Feira, muitas pessoas utilizaram o catamarã para transporte e para fazer turismo, com um volume grande de usuários, recorda. Bernaud calcula que em média, por dia, cerca de 1,5 mil pessoas utilizam o transporte hidroviário. Nos finais de semana, o movimento é maior. Em média, registramos cerca de 5 mil usuários nos sábados e domingos, afirma.
Mesmo com a possibilidade de expansão do transporte hidroviário para a Zona Sul da Capital e da integração com o Trensurb e os ônibus de Guaíba, a Catsul pretende consolidar, num primeiro momento, a travessia Porto Alegre-Guaíba. Este serviço estava parado há 50 anos. Vamos avaliar por 90 dias e analisar como ficará a demanda. Existe a possibilidade de integração com os ônibus de Guaíba e o trem. Estudamos ainda a possibilidade de acrescentar uma parada no Barra Shopping da Zona Sul, garante.
Usuários elogiam conforto e praticidade
Adepto do catamarã desde os primeiros dias do serviço, o engenheiro elétrico Diego Fernando Michels, 26, abriu mão do carro nos deslocamentos até Porto Alegre. Por dia, eu gastava o equivalente a duas passagens de catamarã só para pagar o estacionamento. Considerando os custos com gasolina, os gastos ficavam em torno de R$ 30, além do estresse no trânsito e os problemas com a ponte do Guaíba, afirma.
A redução dos custos com transporte à metade, no entanto, não representa o único benefício na vida do engenheiro. O sono também foi prolongado. Como a Capital é apenas a sua primeira parada - ele pega outro ônibus na rodoviária rumo a Dois Irmãos, seu local de trabalho -, Michels se beneficia da rapidez e pontualidade do catamarã para dormir até mais tarde. Antes da hidrovia, a rotina do engenheiro tinha início às 4h45min da madrugada. Hoje acordo em torno de 5h30min. Em outros tempos eu pegava um ônibus às 5h30min e, depois, outro no terminal Fátima. Ganhei mais de uma hora de sono, em torno de uma hora e meia, comemora.
Se o projeto da hidrovia fluvial tivesse em funcionamento há mais tempo, Michels teria economizado um bom dinheiro durante o período em que cursou engenharia na Pucrs. Na época da faculdade seria uma maravilha, pois eu gastava muito dinheiro em gasolina e estacionamento. Em torno de R$500 a R$600 por mês, revela. A diminuição nos gastos com transporte, contudo, não é o único ponto positivo. O que mudou na minha vida foi a questão da praticidade, de sair de Guaíba para Porto Alegre em questão de 20 minutos. Venho sentado, com ambiente climatizado, assistindo TV , disse.
Funcionário do Departamento Municipal de Água e Esgotos (Dmae), Dilmair Pinto Corrêa, 57, já utilizou o catamarã pelo menos cinco vezes. Todas para retornar a Guaíba. Dilmair reconhece os ganhos com o novo modal. Quando estou em Porto Alegre, pego o catamarã e levo 20 minutos. Pego outra lotação e, em mais dez minutos, estou em casa, afirma. Se optasse pelo ônibus, o tempo de viagem aumentaria em meia hora. Em um mês, dá pra dizer que o catamarã já está enraizado na comunidade e tem boa aceitação junto à população. Seria uma decepção para os guaibenses se o serviço viesse a ser apenas uma febre.
Dilmair lembra que a travessia Porto Alegre-Guaíba também refletiu no aumento da clientela do estacionamento próximo ao porto de Guaíba, que prefere deixar o carro no local a se deslocar à Capital de automóvel. Não dá para comparar o serviço do catamarã com o transporte via rodovia, porque em 20 minutos (via catamarã) a pessoa está em Porto Alegre e vice-versa. Não tem os percalços da ponte, por exemplo. Às vezes, um pequeno acidente que ocorre na BR 116 ou na BR 290 pode causar um engarrafamento de pelo menos uma hora. A diferença é gritante, avalia.
Acostumados a encarar de ônibus o trajeto de Guaíba a Porto Alegre, Maria Cristina Soares, 47, e Marcos Lacerda Nunes, 34, relatam que o transporte hidroviário - além da reduzir o tempo de viagem - é uma alternativa de transporte não poluente. Administradora de condomínios, Cristina garante que o comércio no porto de Guaíba também comemora o crescimento nas vendas, principalmente no final de semana. Após sofrer um acidente de trânsito, Cristina explica que os deslocamentos à Capital sofriam restrições. O serviço do catamarã mudou muito a minha vida. Tenho trauma com trânsito e deixei de dirigir porque sofri um acidente. Eu acho fantástico, estou apaixonada pela barca, frisa.
Horários do catamarã
Segunda a sexta-feira (R$ 6)
6h30min às 19h30min (Guaíba - Porto Alegre)
7h às 20h (Porto Alegre - Guaíba)
Sábado (R$ 7)
8h30min às 20h30min (Guaíba - Porto Alegre)
9h às 20h (Porto Alegre - Guaíba)
Domingo e feriados (R$ 7)
9h30min às 19h30min (Guaíba - Porto Alegre)
9h às 20h (Porto Alegre - Guaíba)
Texto: Felipe Samuel
Edição: Redação Secom (51) 3210-4305