Enredo inédito sobre a negritude gaúcha estará no Carnaval do Rio de Janeiro
Com o tema raízes africanas no RS, a Escola de Samba Portela se propôs a celebrar a diversidade cultural do povo gaúcho
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Em 2026, a Escola de Samba Portela levará para a Marquês de Sapucaí, no Rio de Janeiro, um enredo inédito sobre a valorização da negritude gaúcha. A proposta, trazida ao governo do Estado pela escola de samba, é exaltar no Carnaval de 2026 a contribuição afro-gaúcha na formação da identidade cultural brasileira, lançando luz sobre personagens, histórias e tradições ainda pouco reconhecidas no imaginário nacional.
Por meio da arte e da potência simbólica do Carnaval, a escola de samba propõe uma reflexão sobre ancestralidade, protagonismo negro e diversidade. O desfile será uma celebração das raízes africanas presentes no Rio Grande do Sul, mostrando ao Brasil, e ao mundo, a riqueza cultural de um povo que ajudou a moldar a história nacional.
Apoio institucional
Para viabilizar o projeto, a escola de samba firmará um acordo de parceria institucional com o Governo do Rio Grande do Sul. O compromisso será formalizado por meio da Secretaria de Justiça, Cidadania e Direitos Humanos (SJCDH), com apoio da Secretaria Extraordinária de Inclusão Digital e Apoio às Políticas de Equidade (Seidape).
O Estado atuará como articulador entre a escola e a sociedade gaúcha, contribuindo com apoio técnico, escuta ativa das lideranças negras, promoção da identidade afro-gaúcha e apresentação da estrutura empresarial local para fins de captação de patrocínio mediante Lei Rouanet.
O Rio Grande do Sul na Sapucaí pela ótica afro-brasileira
Esta será a terceira vez que o Rio Grande do Sul estará em destaque no Carnaval carioca. Em 1996, a Unidos de Vila Isabel apresentou o enredo “A Heroica cavalgada de um povo”, com um panorama das tradições mais conhecidas do Estado. Já em 2005, a Beija-Flor de Nilópolis foi campeã com o enredo “O vento corta as terras dos pampas...”, focado no legado das Missões Jesuíticas.
Agora, em 2026, a abordagem será inovadora e necessária. A cultura afro-gaúcha ganhará protagonismo na avenida. A escola de samba se propõe a revisitar e homenagear histórias que atravessam séculos e que têm origem nos quilombos, nas religiões de matriz africana, na música, na dança, na oralidade e na luta por reconhecimento e direitos.
Mais do que um desfile, o enredo será uma grande ação de visibilidade e valorização de uma identidade plural, ainda invisibilizada, mas essencial para compreender o Brasil em sua totalidade.
Atualidade corrobora a homenagem
Curiosamente, a escolha do tema coincide com a recente divulgação de dados do Censo 2022, que reforçam a relevância da homenagem. Segundo levantamento publicado em junho de 2025, o Rio Grande do Sul é, atualmente, o Estado com a maior proporção de praticantes de religiões de matriz africana no Brasil. O número de adeptos mais que dobrou em dez anos, revelando a força, resistência e atualidade das heranças africanas no território gaúcho.
Texto: Ascom Piratini
Edição: Secom