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Estado vai criar rede produtiva de bioinsumos com base na experiência de Cuba

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PORTO ALEGRE, RS, BRASIL 14.08.14 Recepção à pesquisadora cubana do Labiofam por integrantes do Gabinete do Governador, Secretarias da Saúde e Agricultura. Foto:David Alves/Palácio Piratini.
Detalhes para a construção de uma política pública na agroecologia foram debatidos no Palácio Piratini com a pesquisadora do - Foto: David Alves/Palácio Piratini

O Rio Grande do Sul irá construir uma rede produtiva de insumos biológicos com base na experiência bem sucedida de Cuba. Os detalhes para a construção de uma política pública na agroecologia foram debatidos na manhã desta quinta-feira (14), no Palácio Piratini, durante recepção de integrantes do Governo do Estado à pesquisadora do Labiofam Orietta Fernandez. O laboratório cubano é reconhecido mundialmente pela excelência na pesquisa e desenvolvimento na área.

Segundo o secretário da Agricultura, Pecuária e Agronegócio, Claudio Fioreze, esta consultoria irá facilitar a transição para um modelo de agricultura mais sustentável. “Cuba tem mais de 30 anos de experiência na produção em larga escala de bioinsumos, desde o controle de pragas e doenças, até biofertilizantes e bioestimulantes. Agora que estamos maduros institucionalmente, após a reconstrução de nossas estruturas físicas, estamos prontos para dar o próximo passo na criação dessa rede”, avaliou.

De acordo com a assessora de Relações Institucionais da Fundação Estadual de Pesquisa Agropecuária (Fepagro), Andréia Nunes Sá Brito, a intenção é que o Governo do Estado constitua um sistema que coordene e oriente práticas de controle biológico. “A ideia da fábrica que será construída em Santa Maria em até dois anos visa à produção e reprodução de organismos que combatem pragas. Será um complexo produtivo complementado por parcerias público-privadas, e que poderá englobar diversas pequenas iniciativas de biofábricas. Este sistema coordenado irá compor uma rede, para que possamos oferecer aos agricultores uma maior variedade de produtos na substituição de agrotóxicos”, explicou.

Para a cubana Orietta Fernandez, a saúde humana está diretamente associada à saúde da natureza. “Minha estadia tem o objetivo de estabelecer quais as demandas para projetar um centro de produção de bioprodutos como alternativa aos agroquímicos. Vamos identificar a capacidade produtiva e elaborar uma proposta eficiente e factível, levando em conta toda experiência que já existe aqui”, disse, lembrando que além de um projeto sócioambiental, a iniciativa também é um negócio lucrativo, do ponto de vista econômico.

Também estavam presentes à reunião a assessora de Relações Internacionais e coordenadora da cooperação RS-Cuba, Norma Espíndola, o diretor-presidente da Fepagro, Danilo Rheinheimer, o diretor do Departamento de Cooperativismo da Emater, Gervásio Plucinsk, além de representantes da Agência Gaúcha de Desenvolvimento e Promoção do Investimento (AGDI), Instituto Rio-Grandense do Arroz (Irga), Cooperativa Central dos Assentamentos do RS (Coceargs) e da empresa Simbiose.

Experiência cubana
Orietta Fernandez é pesquisadora-chefe do Programa de Bioprodutos Agrícolas do Labiofam, e professora titular do curso de Biologia na Universidade de Havana. Mestre em Microbiologia e doutora em Ciências Biológicas, foi líder de projetos vinculados à construção, montagem e implementação das três primeiras plantas de biopraguicidas em Cuba, e foi assessora principal no desenvolvimento de projetos na Venezuela.

Membro-especialista do Programa Nacional de Biotecnologia Agrícola por mais de 20 anos, recebeu em duas ocasiões reconhecimentos da Organização Internacional de Controle Biológico da Região Neotropical. Esteve no Rio Grande do Sul em março, junto à comitiva que avaliou possibilidades de intercâmbio na saúde e agroecologia.

A estadia da técnica cubana no RS será até 28 de agosto, e envolverá reuniões de trabalho, visitas às áreas produtivas de arroz, hortaliças, pastagens, leite e milho, laboratórios, empresas do setor e às possíveis futuras instalações da biofábrica, além da realização de oficinas de capacitação.

Histórico das relações
Os diálogos com o laboratório cubano tiveram início durante a viagem oficial a Cuba, em março de 2012, e foram aprofundados com a missão técnica do Rio Grande do Sul ao país, em setembro de 2013. Na ocasião, foi articulada a vinda de uma comitiva ao Estado para avaliar o desenvolvimento de projetos de intercâmbio.

A visita se confirmou em março deste ano, quando foi assinado memorando de entendimento entre a Fepagro e o Labiofam, para assistência técnica na capacitação, pesquisa, produção e comercialização de produtos biológicos no controle de pragas, assim como biofertilizantes e bioestimulantes. “A consultoria da especialista cubana representa a continuidade direta e execução dos termos deste acordo”, afirmou Norma.

Labiofam
A instituição científica surgiu na década de 1960, quando trabalhava somente com o segmento de saúde animal. A partir dos anos 1990, o grupo ampliou sua atuação, passando a se dedicar à pesquisa e produção em sete ramos: biopraguicidas para controle de epidemias e doenças; biopraguicidas e biofertilizantes para agricultura; suplementos dietéticos de origem natural; medicamentos para a saúde humana; suplementos alimentares; cosméticos; produtos para higiene e limpeza.

Com mais de 5,2 mil colaboradores, está presente em mais de 50 países por meio da comercialização de produtos e prestação de serviços, além de ter destaque no mercado internacional com programas para o controle de doenças como malária e dengue, projetos de construção de fábricas, assistência técnica e transferência de tecnologia.

O Labiofam é reconhecido pela qualidade de seu amplo espectro de produção, liderança em pesticidas biológicos e excelência em gestão de negócios desenvolvida tanto em Cuba como em diferentes regiões do mundo, tendo como premissa a saúde do meio ambiente. Saiba mais no site da instituição. 

Texto: Letícia Kiraly
Edição: Redação Secom 

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