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Experiências em agroecologia relatam benefícios da biomineralização

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A biomineralização, uma proposta que resgata a utilização de materiais constituídos a partir de rochas moídas (pó ou farinhas de rocha) aliada à ativação biológica do solo e ao manejo ecológico, foi a principal temática abordada na manhã desta quinta-feira (22), no 8º Seminário Internacional e 9º Seminário Estadual sobre Agroecologia, no Auditório Dante Barone, da Assembléia Legislativa. A utilização de biomineralizantes no Rio Grande do Sul iniciou-se na década de 1980, como relatou Nelson Dias Diehl, integrante do Núcleo de Ecologia Guayí. Segundo ele, a iniciativa promoveu a melhoria da produção e fez com que os produtos passassem a ter mais qualidade. Sob a coordenação da entidade, foram implantados no Estado 14 pólos de biomineralização, em cidades onde se pode observar excelentes resultados em diferentes tipos de cultivos, como hortigranjeiros, feijão, arroz, abóbora, milho e cana-de-açúcar. A ONG constatou recuperação das áreas, brilho e cor-padrão dos alimentos, diminuição da necessidade de matéria orgânica no solo e aumento de rendimento. Bons resultados com o uso de biomineralizante também foram encontrados pelo Centro Agroecológico Vale do Rio Uruguai (Cavru) na produção de cana-de-açúcar, a partir de avaliações que vêm sendo realizadas há três anos. A associação foi formada em 1997 e, a partir daí, buscou apoio de programas estaduais e federais. Em 2000, conseguiu a instalação de uma agroindústria para beneficiamento da cana-de-açúcar. Atualmente, a cachaça produzida pela Cavru é exportada para a Alemanha e os residuais são utilizados para a fabricação de silagem e compostagem. “A produção de cana-de-açúcar com o biomineralizante apresentou maior produtividade e aumentou o grau brix, que influencia na doçura“, disse o integrante da Cavru Roberto Tormes Machado. Criação de animais A biomineralização ainda pode ser utilizada na criação de animais. Este enfoque foi apresentado por Ricardo Lopes Machado, das cooperativas Coadil e Coopampo, com sede, respectivamente, em Novo Xingu e Liberato Salzano. O trabalho das cooperativas têm o objetivo de melhorar a qualidade de vida por meio da organização dos agricultores familiares da região. Dentro dessa linha, a extensão rural oferece alternativas viáveis tanto na área ambiental como econômica, voltadas para a realidade dos produtores. Usamos várias ferramentas, como produção agroecológica, implantação de citricultura consorciada com animais, sistema de pastoreio rotativo Voisin, criação de animais ao ar livre, homeopatia e fitoterapia animal” destaca Machado. Entre as técnicas, está o uso de farinha de rocha na alimentação animal e na produção de pastagem utilizada no sistema Voisin. Segundo Machado, os animais sempre se alimentaram de rochas e de terra. “Isso ajuda a balancear a dieta alimentar das criações”, explica. Silagem de colostro A médica veterinária da Emater/RS-Ascar Mara Saalfeld, apresentou experiência com uso da silagem de colostro na substituição da alimentação de terneiras, que recebeu o Prêmio Tecnologia Social da Fundação Banco do Brasil, em 2007. Sem valor comercial, o colostro é descartado pelo agricultor, porque podem contaminar o meio ambiente. É um desperdício que pode ser evitado, assegurou a veterinária. Desenvolvida no Centro de Treinamento em Canguçu, a descoberta da especialista comprovou que o colostro pode ser armazenado ser ar, em garrafas pets bem fechadas, e guardado em galpão para fermentação. Após 21 dias, feita a adição de igual quantidade de água, o produto é usado como substituto do leite. A utilização dessa tecnologia proporciona economia de 200 litros de leite por terneira. “Esse trabalho tem impacto não só na renda do produtor, mas também social e ambiental. E ainda temos animais bem alimentados e mais saudáveis, que, no futuro, terão bom potencial de produção”, comemora Mara.
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