Expointer 2004: biotecnologia auxilia a produção de vacinas para bovinos
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A biotecnologia aplicada à saúde animal foi o assunto que encerrou hoje (03) pela manhã o ciclo de palestras da Fundação Estadual de Pesquisa Agropecuária (Fepagro) na Expointer 2004. O palestrante do evento foi o pesquisador e professor universitário Paulo Roehe. Atividade foi realizada no Rincão da Pesquisa do Parque Estadual de Exposições Assis Brasil, em Esteio (RS), com entrada framca. De acordo com Roehe, que também é coordenador do Programa de Saúde Animal da Fepagro, a biotecnologia não é recente, citando como exemplo de processos biotecnológicos milenares a elaboração do vinho e do pão. Hoje, o que nós fazemos é utilizar ferramentas diferentes para tentar melhorar nossa condição de vida, afirma o veterinário, apontando como objetivos dos estudos nessa área realizados pela fundação a produção de novas vacinas e a realização de pesquisas com métodos de diagnóstico mais precisos. Para o pesquisador, a vacina é a melhor forma de prevenção contra algumas doenças, particularmente para aquelas provocadas por vírus. Com a autorização da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CNTBio), emitida no ano assado, a Fepagro ampliou a sua atuação, preparando vacinas feitas com técnicas de biotecnologia. Atualmente, veterinários associados ao Programa de Sanidade Animal da fundação já desenvolveram uma vacina contra o herpesvírus bovino de tipo 1, causador de problemas reprodutivos nos rebanhos, como as falhas no cio das fêmeas e os abortos. A nova suspensão é a primeira produzida a partir de amostras nacionais. Hoje, as vacinas contra a doença disponíveis no mercado são todas baseadas em amostras de microorganismos de outros países, interfere na sua plena eficácia, pois os vírus têm uma acelerada capacidade de realizar mutações para se adaptar as condições ambientais. Outra vantagem dessa vacina modificada geneticamente é permitir a correta identificação dos animais infectados dos que estão apenas vacinados, pois os testes aplicados usualmente não distinguem se o anticorpo é originado de uma vacina tradicional ou é uma reação à presença do vírus que todo animal contaminado produz. Um outro uso da biotecnologia está sendo feito na elaboração de uma vacina recombinante para imunizar contra o herpes vírus bovino de tipo 1 e a raiva, que segundo Paulo Roehe, ainda é responsável por um expressivo número de mortes de bovinos no Brasil. Mas alerta que os vírus da raiva que afeta os rebanhos é diferente da que provoca a doença em cães. A raiva canina no Rio Grande do Sul está muito bem controlada há 15 anos, já a raiva em morcegos hematófogos que transmite a doença para os bovinos ainda é problema em algumas regiões do Estado, explica. Durante a Expointer 2004, no ciclo de palestras do Rincão da Pesquisa, a Fepagro apresentou diversos temas que preocupam os produtores rurais, como as estratégias de controle do carrapato, a ferrugem asiática da soja, biotecnologia, agroindústria e o melhoramento do azevém. Até o Domingo, quando termina a exposição, os visitantes da casa podem conferir publicações e produtos criados por pesquisadores gaúchos. O rincão fica na quadra 13, em frente a pista principal e próximo ao Pavilhão Internacional.