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Fepagro encontra cochonilha que auxilia na produção de mel de melato

Publicação:

Pesquisa Fepagro
As cochonilhas se alimentam da seiva da bracatinga e o fio branco é o canal excretor por onde elas eliminam uma substância - Foto: Fernando Dias

Pesquisadores da Fundação Estadual de Pesquisa Agropecuária (Fepagro) registraram a primeira ocorrência de uma espécie de cochonilha em bracatinga no Rio Grande do Sul. A espécie Stigmacoccus paranaensis Foldi foi encontrada em uma propriedade de Cambará do Sul e sua excreção é a base para abelhas produzirem mel preto ou mel de melato, um tipo de mel diferenciado, com alto valor agregado. O processo de identificação da espécie foi tema de artigo publicado na revista científica Insecta Mundi.

A pesquisa teve início quase por acidente. Em 2008, os pesquisadores da Fepagro Sidia Witter e Bruno Brito Lisboa conduziam um estudo sobre abelhas nativas em uma propriedade rural de Cambará do Sul, quando perceberam que as abelhas comuns (Apis melífera) visitavam com frequência vários 'fios brancos' que saíam das cascas do caule das bracatingas, uma espécie de árvore nativa das regiões frias do Sul do Brasil. “O próprio produtor nos relatou que, ao visitar esses fios brancos, as abelhas produziam um mel diferente, chamado mel preto, sempre de dois em dois anos”, relembra Sidia.

Vendo que os 'fios brancos' eram, na verdade, cochonilhas, os pesquisadores coletaram amostras e enviaram ao Laboratório e Museu de Entomologia da Fepagro, em Porto Alegre, onde a entomologista Vera Wolff fez a identificação da espécie - Stigmacoccus paranaensis Foldi. “A produção do mel a cada dois anos pode estar relacionada ao ciclo de vida desta espécie de cochonilha”, detalha a pesquisadora.

As cochonilhas se alimentam da seiva da bracatinga e o fio branco é o canal excretor por onde elas eliminam uma substância muito rica em açúcares, motivo pelo qual as abelhas se alimentam dela. No fim, a excreção gera um mel diferente do produzido a partir das flores, chamado de mel preto ou mel de melato. “Na Europa, esse tipo de mel é valorizado comercialmente, pois tem propriedades medicinais. No caso dessa cochonilha específica, ainda teríamos que fazer uma avaliação para confirmar ou identificar essas propriedades”, explica Vera.

Os pesquisadores querem dar continuidade ao estudo para responder a outras questões, tais como: quais as espécies de abelhas que produzem o mel preto; qual é o impacto das cochonilhas na bracatinga; se estas cochonilhas ocorrem em outras plantas hospedeiras nesta região; se existem outras espécies de cochonilhas associadas à produção de mel preto; e qual a relação entre a produção de mel preto e o ciclo de vida da cochonilha.

 

Texto: Elaine Pinto/Ascom Fepagro
Edição: Léa Aragón/Secom 

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