Governo apresenta diagnóstico sobre cadeias produtivas do leite, vinho e enogastronomia
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Os resultados de um amplo estudo realizado junto às cadeias produtivas do leite, no Noroeste do Estado, e do vinho e enogastronomia, na Serra, foram apresentados, nesta sexta-feira (28), durante o seminário Capital Social e Desenvolvimento Territorial, realizado em Porto Alegre, pela Assessoria de Cooperação e Relações Internacionais. A elaboração de um diagnóstico do setor envolveu a aplicação de questionários e a realização de debates, oficinas e pesquisas de campo junto aos produtores destas regiões.
O processo, financiado pela União Europeia no âmbito do projeto Coesão Social Através do Fortalecimento das Cadeias Produtivas (Cocap), teve como objetivo fortalecer as cadeias produtivas locais para, a partir daí, promover o desenvolvimento econômico e social das comunidades. Por meio de parcerias estabelecidas com universidades, sindicatos e fundações, foram contratados agentes com formação acadêmica, experiência em desenvolvimento regional e domínio da teoria do capital social para a elaboração das pesquisas.
O processo de construção desses documentos teve a colaboração da Fundação de Economia e Estatística (FEE), do Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin) e das universidades Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), de Caxias do Sul (UCS) e de Ijuí (Unijuí).
Integração e cooperação
Além do Rio Grande do Sul, também participaram do projeto as províncias de Misiones, no Paraguai, e San Juan, na Argentina. A intenção foi integrar conhecimentos a partir das experiências exitosas de coesão social realizadas na região do Vêneto, na Itália. O desenvolvimento das cadeias produtivas locais depende dessa integração entre as diferentes esferas do poder público, universidades, iniciativa privada e agentes que compõem a base desse setor, ressaltou o coordenador da Assessoria de Cooperação e Relações Internacionais do Governo do Estado, Tarson Núñez.
Um dos especialistas que atuaram no processo foi o pesquisador da Fundação de Economia e Estatística (FEE), Carlos Paiva. Segundo ele, o que se buscou foi um novo padrão de construção de políticas setoriais, em que os interesses de cada elo particular se subordinam aos interesses da própria cadeia e são compatibilizados com os anseios da sociedade.
Os experts (especialistas contratados junto às universidades e instituições de pesquisa) contribuem para a mediação dos conflitos e hierarquização das demandas, e os representantes dos governos, por sua vez, ganham uma nova compreensão das cadeias e de seus gargalos e prioridades reais, afirmou Paiva. Não resta dúvida de que as políticas oriundas de debates e articulações sociais como essas tendem a ser muito mais criteriosas, eficazes, eficientes e efetivas do que as políticas gestadas no modo tradicional.
Cartas Cocap
Os levantamentos foram compilados em três documentos chamados de Cartas Cocap, que apresentam dados sobre a situação atual nessas três cadeias produtivas e propõem iniciativas, governamentais e empresariais, para superar os gargalos que impedem um maior crescimento das economias locais. Para a vitivinicultura, foram encaminhadas ações para divulgar os produtos gaúchos em eventos consulares e governamentais.
Também foi sugerida a atração de fábricas de garrafas e vasilhames para o Estado, com o objetivo de promover uma maior integração da cadeia e ganhos de economia no transporte. Segundo os produtores, apenas 40% da produção do RS é engarrafada na origem. O restante é comercializado a granel para ser envasado juntos aos principais centros consumidores.
Um dos principais gargalos apresentados pela atividade leiteira é a baixa produção, muitas vezes ocasionada pela dependência de outras culturas, como a de grãos. Segundo os agentes locais, uma reconversão que colocasse o leite no centro da estratégia reprodutiva poderia elevar a competitividade. O documento também enfatiza a necessidade de um novo sistema de controle da sanidade para viabilizar a conquista de novos mercados.
Na enogastronomia, o levantamento ressaltou a necessidade de inovar a culinária, resgatando e aprimorando pratos tradicionais da imigração italiana. Também foi sugerida a exploração de conexões entre a gastronomia e o turismo a partir da construção de uma identidade territorial. Para isso, algumas iniciativas sugeridas são a promoção de festivais de gastronomia, cursos de qualificação para proprietários de restaurantes e adoção de um selo para identificar estabelecimentos que investem na qualidade dos produtos.
Texto: Juliano Meira Pilau
Foto: Gustavo Gargioni/Especial Palácio Piratini
Edição: Redação Secom (51) 3210-4305