Governo promove evento sobre o impacto da violação aos direitos humanos na ditadura
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O efeito da política do medo, tortura, assassinatos e desaparecimentos forçados que incidiram sobre inúmeras famílias dos países sul-americanos na ditadura. Este é o mote do Encontro Internacional Diálogos e Formas de Intervenções no Campo da Violência de Estados Ditatoriais, que ocorre nos dias 14 e 15 de novembro, no auditório do Museu dos Direitos Humanos do Mercosul, em Porto Alegre.
A iniciativa é resultado da parceria entre o Ministério da Justiça e a Comissão de Anistia, a Assessoria de Cooperação e Relações Internacionais (Acri), o Memorial do Rio Grande do Sul, a SIG e a Projetos Terapêuticos RJ. A proposta do evento é reunir especialistas de diversas áreas em um debate sobre as formas de intervenção que o Estado, a sociedade civil e profissionais utilizam para promover processos de reparação simbólica, moral e de recomposição psíquica daqueles afetados pela violência durante os anos de repressão militar no Cone Sul.
A abertura oficial ocorre na sexta-feira (14), às 17h, com a presença de autoridades como o presidente da Comissão de Anistia, Paulo Abrão, o secretário-executivo do Instituto de Políticas Públicas de Direitos Humanos do Mercosul (IPPDH) e membro da Comissão Interamericana de Direitos Humanos da OEA, Victor Abramovich, e o subsecretário de Direitos Humanos da Argentina, Luis Alén.
Após a cerimônia inicial, a artista Rita Maurício fará a apresentação de um fragmento do monólogo "Para sempre poesia", que fala sobre a vida de seus pais, o poeta e ex-preso político José Luiz Maurício e a artista plástica e bonequeira Seli Maurício.
Segundo a assessora de relações internacionais do Estado Norma Espíndola, essa é a primeira vez que o Rio Grande do Sul realiza um encontro interdisciplinar no tema. "Como sujeitos individuais e coletivos, nos encontramos em permanente procura, já que somos portadores da história e esta nos interroga. O propósito desse processo é que possamos ressignificá-la e sejamos personagens ativos e transformadores" disse, reforçando que as formas de intervenção dos diferentes atores têm o intuito de construir os caminhos de reparação real, simbólica, moral e psíquica dos que foram afetados.
De acordo com a psicanalista e coordenadora do projeto Clínicas do Testemunho da Sigmund Freud Associação Psicanalítica do RS (SIG), Bárbara Conte, na ocasião será lançado o livro "Clínicas do Testemunho: reparação psíquica e construção de memórias". A obra é resultado de dois anos de estudos da instituição com vítimas do regime.
"Os trabalhos apresentados neste livro apontam para a complexidade do tema da reparação psíquica a partir do trauma e do testemunho, e a dupla face que o horror da violência gera. Todos esses elementos reforçam a lembrança para que a luta pela justiça continue", afirmou. Exemplares da obra serão distribuídos no evento. A entrada é franca e será entregue certificado de participação. As inscrições podem ser realizadas através do e-mail: mdhmercosul@gmail.com.
Programação:
Sexta- feira – 14 de novembro
Local: Museu dos Direitos Humanos do Mercosul – Memorial do Rio Grande do Sul (R. Sete de Setembro, 1020 – Praça da Alfândega, Porto Alegre)
17hs - Abertura Oficial
Paulo Abrão – Presidente da Comissão de Anistia – Ministério da Justiça do Brasil
Tarson Nuñez - Coordenador da Assessoria das Relações Internacionais do RS
Rafael Schincariol – Coordenador da Comissão de Mortos e Desaparecidos Políticos da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República
Marcio Tavares dos Santos – Diretor do Museu de Direitos Humanos do Mercosul
Sissi Vigil Castiel – presidente da Sigmund Freud Associação Psicanalítica do RS
Performance teatral com Rita Maurício – fragmento do monólogo "Para sempre poesia"
19h - Mesa: Contexto histórico da violência de Estado no Cone Sul
Paulo Abrão: Padrões repressivos e atos de exceção na ditadura brasileira
Jose Carlos Moreira da Silva Filho – Professor da Faculdade de Direito da PUCRS, vice-presidente da Comissão de Anistia: A Ditadura civil-militar brasileira e seu caráter paradigmático junto às ditaduras de Segurança Nacional no Cone Sul
Victor Abramovich – Secretário Executivo do Instituto de Políticas Públicas de Direitos Humanos do Mercosul. Professor Adjunto na Cátedra de Direitos Humanos e Garantias de Buenos Aires. Membro da Comissão Interamericana de Direitos Humanos da OEA: Processos de justiça, memória e políticas de arquivo no Mercosul
Luis Alén – Advogado, subsecretário de Proteção de Direitos Humanos da Secretaria de Direitos Humanos da Argentina, professor titular da Faculdade de Ciências Sociais da Universidade de Buenos Aires
Mediador: Carla Rodeghero, doutora em História e professora do Departamento de História da UFRGS
20h30 – Brinde e lançamento do livro "Clínicas do Testemunho: reparação psíquica e construção de memórias"
Sábado – 15 de novembro
Local: Museu dos Direitos Humanos do Mercosul – Memorial do Rio Grande do Sul (R. Sete de Setembro, 1020 – Praça da Alfândega, Porto Alegre)
9h - Testemunho da Verdade, Testemunho da Justiça
Fabiana Rousseaux (Argentina) – Psicanalista, ex-diretora do Centro de Assistência a Vítimas de Violações de Direitos Humanos Dr. Fernando Ulloa: O testemunho frente aos delitos de lesa humanidade – Sujeito jurídico, Sujeito do testemunho
Maria Celia Robaina (Uruguai) – Psicóloga, docente da Faculdade de Psicologia da Universidad de la República. Membro da Cooperativa de Saúde Mental e Direitos Humanos: A busca da justiça no Uruguai – A verdade e a reparação em saúde mental aos afetados
Bárbara de Souza Conte (Brasil) – Psicanalista, doutora em Psicologia pela Universidade Autônoma de Madri, membro pleno da Sigmund Freud Associação Psicanalítica e coordenadora do SIG/Clínicas do Testemunho RS: testemunho e reparação no trabalho do trauma da violência de Estado no Brasil
Mediadora: Tania Kolker – Psicanalista e analista institucional, terapeuta do Projeto Clínicas do Testemunho RJ
11h30 - Práticas de reparação psíquica, de verdade e de memorialização frente à violência de Estado no Cone Sul
João Ricardo Dornelles – Professor e Diretor do Núcleo de Direitos Humanos da PUC Rio de Janeiro. Membro da Comissão Estadual da Verdade RJ, Brasil: Testemunho, Reparação e Políticas de Não – Repetição
Telma Lília Mariasch - Doutora em Serviço Social na UFRJ, psicóloga pela Universidade de Buenos Aires, pesquisadora e livre docente, assessora de políticas públicas sociais e demográficas Brasil-Argentina: As lutas por verdade e justiça na Argentina contemporânea - quem e como?
Miguel Scapusio (Uruguai) – Psicólogo, integrante da equipe de Memória e Direitos Humanos do Servicio de Paz e Justicia (Serpaj): A ausência de justiça, uma violência atual
Vera Vital Brasil – Psicóloga clínico-institucional, membro da equipe Clínico Política, coordenadora do Projetos Terapêuticos do Rio de Janeiro /Clínicas do Testemunho RJ: Testemunho da Verdade e a construção de memória – a Clínica do Testemunho do Rio de Janeiro
Texto: Letícia Kiraly
Edição: Redação Secom