Grandes Encontros debate novos caminhos para a Economia Solidária
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O secretário de Economia Solidária e Apoio à Micro e Pequena Empresa (Sesampe), Maurício Dziedricki, afirmou que a estratégia de desenvolvimento é promover e difundir os projetos associativos, a autogestão, o desenvolvimento sustentável, a geração e distribuição de renda. A declaração foi feita durante o seminário Economia Solidária: Estratégia de Desenvolvimento, na manhã desta quinta-feira (10), no Teatro Dante Barone, na Assembleia Legislativa do Estado.
O representante da Secretaria Nacional de Economia Solidária (Senaes), Antônio Haroldo Mendonça, destacou a relevância do esforço feito pelo Governo estadual para resgatar políticas públicas à economia solidária. O tema ainda é muito invisível para a sociedade, afirmou. Ao lembrar os oito anos da Senaes, ele propôs o diálogo com outros países, com outras culturas.
Disse que estratégia de desenvolvimento é também romper a barreira da visão local. É fazer o EES (Empreendimentos Econômicos Solidários) local com visão global. Um empreendimento local enfrenta os mesmos problemas que o grupo Mondragon, exemplificou Mendonça. Segundo o último levantamento da Secretaria Nacional, no Brasil há 25 mil empreendimentos solidários mapeados, sendo 2.500 no RS, e um total de 2,5 milhões de pessoas envolvidas.
Na avaliação da diretora do Departamento de Incentivo e Fomento à Economia Solidária da Sesampe, Nelsa Nespolo, o evento foi uma caminhada que mostrou a importância dos empreendimentos solidários. Cada ação foi pensada para fortalecer redes e cadeias do segmento. Segundo Nelsa, a economia solidária sempre debateu com ela mesma. Por meio do encontro, realizado pela Sesampe, em parceria com a Assembleia Legislativa do RS, que, hoje, abordou a diversidade das experiências de desenvolvimento promovidas pela economia solidária na Espanha, América Latina, no Brasil e RS, a economia solidária dialogou com o Governo e a sociedade.
Estiveram presentes o presidente do parlamento gaúcho, Adão Villaverde, diversas autoridades, como o representante da Secretaria Nacional de Economia Solidária (Senaes), Antônio Haroldo Mendonça, e integrantes de Empreendimentos Econômicos Solidários (EES) nacionais e internacionais.
Experiências Solidárias
Das palestras nacionais, a experiência da Justa Trama (Porto Velho/RO) foi relatada por Maria Dalvani de Souza, de forma bem provocativa, convocando os empreendedores a agirem. Ela sugere que os empreendedores busquem novas estratégias para agregar valor. A criação permanente de novos produtos, por meio de pesquisas, é um exemplo, completa.
A Justa Trama é uma cadeia ecológica do algodão solidário, da qual participam agricultores, fiadores, tecedores, coletores e beneficiadores de sementes e costureiras. Está articulada, há cinco anos, no Ceará, Mato Grosso do Sul, Rio Grande do Sul e em Santa Catarina, além de Rondônia, envolvendo 700 trabalhadores. Cobre todos os elos da cadeia do algodão, do plantio à roupa, explica Dalvani.
As peças e acessórios agregam ao fio matéria-prima da Amazônia, como coco, palmeira, açaí, o que diferencia o produto. Faz uma produção direta das cooperativas, conseguindo agregar valor a todos os elos, com ganhos de 50% a 100% acima do mercado.
O prestígio do grupo espanhol Mondragon foi a explicação para a expectativa gerada sobre a palestra do economista Ibrahim João Elias. Representando os investidores, ele trouxe a história dessa federação de cooperativas criada no país Basco, após o fim da Guerra Civil Espanhola (1936-1939). Explicou que, na época, o padre José Maria Arimendiareta, que trabalhava com jovens na cidade de Mondragon, criou uma escola técnica visando oferecer alternativas de renda.
O grupo Mondragon, hoje, reúne mais de 130 cooperativas e cerca de 70 mil cooperados. Atua na área de ensino, da pré-escola à pós-graduação, e em vários segmentos da economia.
Eliane Maria da Conceição apresentou o modelo associativo da Rede Xiquexique de Comercialização Solidária ((Mossoró/RN). Ela explicou que o empreendimento foi criado em 2003, a partir da necessidade de os trabalhadores, rurais e urbanos, comercializarem os seus produtos, rompendo com a presença do atravessador.
A Rede é organizada em 12 núcleos municipais, por meio de feiras agroecológicas, da agricultura familiar e economia solidária, e de loja de produtos. O empreendimento atua com mais de 50 grupos articulados com uma produção bastante diversa.
No painel, que abordou a economia solidária e o desenvolvimento nos dias de hoje e para o futuro a partir das experiências, foram relatados exemplos de empreendimentos como o da Cadeia Solidária Binacional do PET, da Central de Cooperativas do ABC Paulista (Uniforja) e da Central de Tecnologias Alternativas Populares (Cetap).
O representante da Cooperativa de Reciclagem de Canoas (Cooarla), Clóvis Eduardo, falou sobre a importância da implantação da Cadeia Solidária Binacional do PET para as 135 cooperativas e associações e 200 empreendimentos que realizam atividade de coleta e reciclagem das garrafas no Rio Grande do Sul. A reciclagem no Estado envolve 9 mil trabalhadores diretos e 45 mil indiretos nas 1.000 toneladas de PET recicladas, destacou Eduardo.
O diretor da Uniforja, Enedino Pereira, relatou que a empresa atua no segmento da economia solidária, congregando três cooperativas. A Coopertratt que tem como atividade o tratamento químico, a Cooperlafe que produz aneis laminados e a Cooperfor que confecciona peças para o setor automotivo e petroleiro.
A Uniforja foi criada em 2000, após ser decretada a falência da antiga empresa Conforja SA. O objetivo da instalação da cooperativa foi de garantir emprego e renda para os trabalhadores. Em 2002, conseguimos conquistar a certificação do ISO 9001. Em 2008, atingimos um faturamento anual de RS 260 milhões, destacou Pereira. Ele também falou que a cooperativa auxilia outros empreendimentos solidários com doações de equipamentos.
A Cetap, de Passo Fundo, congrega empreendimentos solidários de 33 municípios das regiões Norte e Nordeste, com o objetivo de contribuir para a afirmação da agricultura familiar, atuando na construção da agricultura sustentável com base nos princípios agroecológicos. O representante da Cetap, Alvir Longhi, falou que a central procura estabelecer uma relação entre o público rural e urbano a fim de que estejam inseridos dentro de uma dinâmica de produção e comercialização que fortaleça a economia local. Atualmente, a Cetap tem como foco principal a estruturação da Cadeia Produtiva das Frutas Nativas, relatou Longhi.
As atividades desta quinta-feira encerraram, em Porto Alegre, o evento Grandes Encontros da Economia Solidária, que, durante três dias, apresentou à sociedade os rumos, desafios e as estratégias de organização para fortalecer os empreendimentos econômicos solidários.
Texto:Asscom/Sesampe
Foto: Divulgação Sesampe
Edição: Redação Secom (51) 3210.4305