Ilda Castedo lança livro sobre Síndrome de Guillain-Barré
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Nesta quarta-feira (5), Ilda Castedo lança, no Centro Cultural CEEE Erico Verissimo , o livro 1999.doc: um encontro com Guillain-Barré, onde conta, com coragem e emoção, a sua experiência pessoal com uma doença que paralisa os movimentos e fragiliza o ser humano. O evento, em conjunto com a Editora Nova Prova, acontece das 17h30 às 19 horas, na sala O Retrato do Centro Cultural, na rua dos Andradas, 1223, em Porto Alegre. O objetivo da autora, com a publicação, escrita em linguagem clara e concisa, depois de recuperar o melhor da condição física, após oito meses submetida a cuidados especiais, em função da enfermidade a que lhe acometeu nos primeiros dias de 1999, é levar o leitor a entender e, quem sabe, lidar com a Síndrome de Guillain-Barré. A intenção de Ilda, que buscou orientação na oficina literária de Berenice Sica Lamas, para melhor expor as suas idéias, é transmitir o sentimento de alguém dependente fisicamente. Surpreendi-me, em uma semana, tetraplégica, privada da fala e com visão dupla. Alcancei, depois de algum tempo de tratamento, a fase de recuperação dos movimentos em que consegui, em seqüência, sentar na cadeira de rodas, engatinhar, levantar, caminhar com auxílio de andador e, finalmente, me locomover sozinha. Faço questão deste relato, para reafirmar minha crença nas possibilidades da ciência e, sobretudo, na capacidade do ser humano de vencer desafios quando se forma uma corrente de solidariedade, aliada ao trabalho de equipe, com profissionais competentes, relata. A autora descreve, em um livro de 148 páginas, com projeto gráfico leve e moderno, os 73 dias de hospital, onde quase dois meses foram na UTI, com muita coragem e riqueza de detalhes. Ela relata a doença, o tratamento, o trabalho dos médicos, enfermeiros, fisioterapeutas e o próprio ambiente hospitalar, respeitado por ser centro de excelência da saúde e da cura, mas, em alguns casos, ainda necessitando de investimentos no setor referente ao acolhimento do paciente e humanização do atendimento. O texto literário mostra o esforço de uma mulher lutando pela vida, entremeado por pensamentos pertinentes e inspiradores sobre vida e movimento, de autores e poetas como Adélia Prado, Cecília Meireles, Marina Colasanti, Fernando Pessoa, Carlos Drummond de Andrade, Jorge Luiz Borges, Franz Kafka, entre outros. No decorrer dos capítulos, Ilda demonstra a sua permanente crença em Deus e em milagres. Percebo o milagre como uma ordenação de acontecimentos favoráveis para que uma situação chegue a bom termo. Por isso, quero aproveitar para agradecer a Deus e a todas as pessoas que se tornaram favoráveis à minha recuperação, com sua competência profissional, solidariedade, amizade, amor e afeto, diz. Síndrome de Guillain-Barré A Síndrome de Guillain-Barré ou Polirradiculoneurite aguda é caracterizada por uma inflamação aguda com perda da mielina dos nervos periféricos e às vezes de raízes nervosas proximais e de nervos cranianos (nervos que emergem de uma parte do cérebro chamada tronco cerebral e suprem as funções específicas da cabeça, região do pescoço e vísceras). Havia fortes indícios de que estivesse com a Síndrome de Guillain-Barré: um conjunto de sinais e sintomas que ocorrem pela reação desmedida do organismo contra um agente externo, que pode ser vírus ou bactéria. Para livrar-se do agressor o sistema imunológico arma-se de tal forma que destrói a camada de mielina, uma substância que recobre as células nervosas. Há uma desarrumação no transporte dos estímulos nervosos com alteração de função dos nervos periféricos e cranianos, daí a paralisia e os demais sinais e sintomas. A Síndrome de Guillain-Barré foi relatada, inicialmente, em 1859, pelo médico francês Jean B. O. Landry, que descreveu um distúrbio dos nervos periféricos que paralisava os membros, o pescoço e os músculos respiratórios. Em 1916, três médicos parisienses: Georges Guilliain, Jean Alexander Barré e André Strohl, demonstraram a anormalidade característica do aumento das proteínas com celularidade normal, que ocorria no líquor dos pacientes acometidos pela doença. Autora Ilda Zélia da Silva Castedo nasceu em Canoas/Rio Grande do Sul, em julho de 1947. Após viver em diversas cidades do interior gaúcho, mudou-se para Porto Alegre em 1977, onde vive até hoje, com o marido e os dois filhos. Farmacêutica Bioquímica, exerceu funções profissionais na Universidade Federal de Santa Maria, e na CEEE, tendo passado pelo Departamento de Saúde da Superintendência de Bem-Estar Social e pelo Departamento de Saúde e Segurança Ocupacional da Superintendência de Recursos Humanos. Aposentou-se, em 1997, no Núcleo de Saúde Ocupacional. Foi responsável técnica pela farmácia da Fundação CEEE. O livro 1999.doc: um encontro com Guillain-Barré é a sua primeira incursão no mundo da escrita literária. A publicação é da editora Nova Prova, com projeto gráfico de Raquel Castedo, foto de capa de Gustavo Schossler e revisão de Tania Regina Vernet.