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Imigrante deverá contar com medicamentos fitoterápicos no SUS

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O conhecimento e o uso das plantas medicinais será incorporado ao Sistema Único de Saúde (SUS) em Imigrante, no Vale da Taquari. Restrito, até agora, aos chás e outros produtos preparados em casa, a prescrição de medicamentos fitoterápicos passará a ser feita pelos médicos e envolverá a produção de xaropes, sabonetes, elixires e outros compostos no próprio município. O projeto que prevê essas medidas foi debatido na última sexta-feira (22/09), em um seminário promovido pela Emater/RS-Ascar e Secretaria Municipal da Saúde, Assistência Social e Meio Ambiente. As unidades de saúde pública de Imigrante já contam com atendimento de homeopatia e acupuntura e, segundo o secretário municipal Celso Kaplan, a idéia é oferecer medicamentos fitoterápicos também. A medicina está muito voltada para a cura com produtos alopáticos e estamos desperdiçando o conhecimento popular, avalizado por pesquisas científicas, e a prática da prevenção das doenças, afirma. Essa medida é possível desde o mês de maio, quando foi publicada no Diário Oficial a autorização para a inclusão de práticas de medicina alternativa no SUS. Uma das vantagens é redução das despesas. Em Imigrante, estima-se que a economia com a compra de medicamentos industrializados chegue a 30%, permitindo que os recursos sejam investidos em outras áreas da rede pública de saúde. O Governo Federal prevê verbas para investimentos nessa área e a administração municipal já está encaminhando o projeto para buscar o dinheiro. O farmacêutico e especialista em fitoterapia SUS, Sérgio Lobato, explica que o trabalho com medicamentos fitoterápicos envolve uma série de cuidados com a produção, tanto das plantas medicinais, como dos compostos. Primeiro, é preciso que seja feito um levantamento das principais enfermidades que atingem e a população e as ervas mais indicadas e adaptadas ao clima da região. O cultivo das plantas pode ser feito por produtores cadastrados ou em um horto municipal. O fundamental é que estejam livres de agrotóxicos ou outros tipos de contaminação. Outro ponto importante é a capacitação da população e dos agentes de saúde para atuar com os produtos fitoterápicos, explica Lobato, responsável por um projeto semelhante em Balneário Camboriú (SC). As plantas medicinais são usadas, tradicionalmente, no município. É comum o cultivo nos jardins e nas propriedades rurais e a Emater/RS-Ascar trabalha no resgate desse hábito, além de orientar a população sobre a identificação das espécies e a forma correta de utilização. Muitas vezes, a forma de preparo acaba fazendo com o princípio ativo se perca, esclarece a extensionista da Emater/RS-Ascar em Imigrante, Nair Marsotti. Diversas plantas encontradas no município estão cultivadas no horto municipal, identificadas por placas com nome popular.No dia-a-dia da agricultora Maidi Röhsig, da Linha Ernesto Alves, as plantas medicinais estão sempre presentes. Na propriedade é possível identificar, com facilidade, mais de 30 espécies, como melissa, babosa, funcho, calêndula, espinheira santa, sálvia, alfazema, entre outras. Para cada uma delas, um uso diferenciado, identificado na cultura popular e nos cursos da Emater/RS-Ascar. Com a implantação dos fitoterápicos na rede pública de saúde, o que era um cultivo sem valor econômico poderá passar a ser uma nova fonte de renda. O município necessitará de matéria-prima e a produção plantas medicinais poderá ser incentivada. Meu marido queria cortar parte dos pés de babosa, mas já avisei para ele que ainda pretendo ganhar dinheiro com elas, diz, entusiasmada, Maidi.
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