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Inscrições abertas para oficina de criação textual a partir da leitura da obra de Qorpo Santo

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Qorpo Santo 1
Crítica teatral considerou dramaturgo gaúcho Qorpo Santo precursor do teatro do absurdo com suas peças escritas no século 19 - Foto: Reprodução

O programa de extensão Ludopoéticas: criação de jogos digitais prossegue com o projeto Poesia em jogo: interações com a vida e obra de Qorpo Santo. Na próxima quinta-feira (6/6), das 14h às 17h, será realizada a Oficina de criação textual, para roteiro de jogos, a partir de uma seleção de poemas de Qorpo Santo, ministrada pelo professor Luciano Bedin (Faced/UFRGS).

A atividade – uma parceria entre o Instituto de Artes da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), a Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos) e o Instituto Estadual do Livro (IEL) – ocorrerá na sede do IEL e tem como foco a formação de professores e pesquisadores a partir de investigações acerca da escrita e sua dimensão ético-política. As inscrições são gratuitas, neste link.

QORPO SANTO
José Joaquim de Campos Leão, conhecido como Qorpo Santo, foi um dramaturgo, poeta, jornalista, tipógrafo e gramático brasileiro. Nasceu em 1829, em Triunfo, e mudou-se para Porto Alegre, onde estudou gramática e dedicou-se ao comércio. Durante algum tempo, levou uma vida convencional, como professor do ensino público.

Participou de modo atuante nas comunidades onde se estabeleceu, elegendo-se vereador em duas ocasiões. A partir de 1862, surgiram os primeiros sintomas de distúrbio mental. Nesse ano, sua esposa, Inácia Maria, com quem teve cinco filhos, solicitou e conseguiu sua interdição judicial. Inconformado, Qorpo-Santo iniciou uma longa batalha médico-judicial para reaver seus direitos. Em 1868, viajou para o Rio de Janeiro e internou-se no Hospício Pedro para avaliações. O resultado do laudo atestou que o escritor estava apto a exercer sua profissão e gerir seus bens. Ainda assim, o juiz do processo que continuava correndo em Porto Alegre declarou-o insano e manteve a interdição. Diante das dificuldades financeiras que a interdição lhe causava, foi obrigado a diminuir a intensidade de suas atividades artísticas e comerciais. Morreu vítima de tuberculose, na capital Gaúcha, em 1883.

Escreveu sua obra teatral no século 19, mas suas peças só foram encenadas a partir da década de 1960. Boa parte da crítica teatral brasileira do período o considera precursor do teatro do absurdo. É do período em que era acometido por alucinações a maior parte de seus trabalhos, tendo produzido 16 obras, entre janeiro e maio de 1866. São de sua autoria: Ensiqlopédia ou seis mezes de huma enfermidade, obra em nove volumes, dos quais são conhecidos seis; As relações naturais, com prostitutas como personagens, fato incomum na época; Eu não sou morte; e Mateus e Mateusa.

Em seu livro Os homens precários: inovação e convenção no teatro de Qorpo-Santo, Flávio Aguiar comenta a dramaturgia do autor em relação aos dramaturgos brasileiros do século 19: "Transposto para os textos dramáticos, o inconformismo latente na vida de Qorpo-Santo transformava-se na saudável libertinagem com que o autor tratara os cacoetes do teatro brasileiro do século 19, sempre tão bem ajeitado e arrumado em seus enredos lógicos, em suas frases de efeito, em seu moralismo marcante, permitindo-se, de vez em quando, e sem grandes ofensas, um riso mais solto ou algumas lágrimas em excesso. Em lugar disso, Qorpo-Santo apresentava peças em que os enredos não tinham pé nem cabeça; a linguagem era violenta, direta, onde a retórica comparecia como recurso paródico. Personagens apareciam e desapareciam com rapidez meteórica; com frequência as falas não se articulavam logicamente, ganhando uma poeticidade bem ao gosto moderno". (Fonte: Enciclopédia Itaú Cultural).

SERVIÇO
O quê: Oficina de criação textual
Quando: 6 de junho (quinta-feira), das 14h às 17h
Onde: Instituto Estadual do Livro (IEL), na Rua André Puente, 318, bairro Independência – Porto Alegre.
Quanto: atividade gratuita

Texto: Ascom IEL
Edição: Secom

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