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Instalada comissão para resgatar o papel dos negros na Revolução Farroupilha

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A Fundação Instituto Gaúcho de Tradição e Folclore (FIGTF) instalou, nesta sexta-feira (21), Dia Internacional de Combate ao Racismo, a comissão estadual para organizar e orientar a programação alusiva aos 170 anos da Batalha de Porongos, ocorrida em 14 de novembro de 1844, durante a Revolução Farroupilha. 

A comissão terá como tarefa superar a invisibilidade do negro no Rio Grande do Sul e resgatar a atuação dos lanceiros negros. De acordo com o presidente da FIGTF, Rodi Pedro Borghetti, a historiografia do Estado não tem dado a devida importância à participação dos negros na Revolução Farroupilha e a sua contribuição para a formação da cultura gaúcha. “A comissão vai tentar reverter essa posição”, disse.

A comissão será responsável pela criação e coordenação da programação alusiva aos 170 anos da Batalha de Porongos, assim como a recomendação da elaboração de estudos e pesquisas e de incentivo à realização de campanhas relacionadas ao melhor entendimento da importância dessa batalha, da importância da comunidade negra na Guerra Farroupilha e do combate ao racismo e invisibilidade negra na cultura gaúcha. Além disso, a comissão vai apoiar a criação de comitês ou comissões assemelhadas nas esferas regional e municipal para monitoramento e avaliação das ações locais.

Para o diretor técnico da FIGTF, Claudio Knierim, a comissão começa a atuar em um momento em que o Rio Grande do Sul é palco de atitudes racistas, principalmente no esporte. “É a ocasião para reafirmar a importância do povo negro na construção da identidade do Estado e na Guerra Farroupilha”.

O diretor explica que a comissão não vai se restringir a essa questão, mas vai promover a organização de atividades culturais e debates pelo interior, assim como encaminhamento de propostas ao poder público. Knierim adianta que uma das propostas é incluir no calendário escolar e de eventos a data de 14 de novembro como abertura da Semana da Consciência Negra.

A comissão - criada pelo decreto estadual 50.843 de 12 novembro 2013 - é coordenada pela FIGTF, através de seu diretor técnico, Claudio Knierim, e composta por representantes do Gabinete do Governador; Procuradoria Geral do Estado; Secretarias de Cultura, Educação, Segurança Pública, Justiça e Direitos Humanos e Conselho Estadual de Participação e Desenvolvimento da Comunidade Negra (Codene).

Poderão integrar a comissão outros órgãos e entidades da administração pública estadual, da sociedade civil e representantes do Movimento Negro Unificado (MNU), União de Negros pela Igualdade (Unegro), Movimento Quilombista e Organização de Mulheres Negras – Maria Mulher.

Batalha de Porongos

Porongos foi palco, no final da Revolução Farroupilha, de um dos mais discutidos acontecimentos da história do Rio Grande do Sul e do Brasil – onde os negros farroupilhas, notabilizados como lanceiros negros, lutaram pela República, na esperança da liberdade prometida.

Os lanceiros eram negros livres ou libertados pela República - com a condição de lutarem como soldados pela causa republicana – ou por ex-escravos pertencentes aos imperiais. Em sua maioria foram recrutados entre os negros campeiros e domadores das serras dos Tapes e do Herval (Canguçu, Piratini, Caçapava, Encruzilhada e Arroio Grande), na região sul do Estado.

Inicialmente comandados pelo tenente-coronel Joaquim Pedro Soares, mais tarde tiveram por chefe o major Joaquim Teixeira Nunes. Participaram da expedição a Laguna com importante papel na constituição da República Juliana. Eram a tropa de choque do exército farroupilha. Foi tão grande o seu papel, que em 31 de agosto de 1838, foi formado o 2º Corpo de Lanceiros Negros, com 426 combatentes.

Texto: Rita Escobar
Edição: Redação Secom (51) 3210.4305 

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