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Lançado projeto de restauração do Cemitério Philippson de Itaara

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Lançamento das obras de restauro do cemitério da Colônia Philippson, que representa o berço da primeira imigração judaica organizada no país, em 1904, ocorreu na Secretaria da Cultura
Lançamento das obras de restauro do cemitério da Colônia Philippson, que representa o berço da primeira imigração judaica - Foto: Divulgação/Sedac

Tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado (Iphae) como patrimônio cultural dos judeus, o Cemitério Israelita Philippson, no município de Itaara, na Região Central, será restaurado. O lançamento das obras ocorreu na manhã desta sexta-feira (21), no gabinete do secretário de Estado da Cultura, Assis Brasil.

O projeto prevê a consolidação e restauração dos muros do cemitério; restauração e adequação do portal de entrada; retirada das pedras do calçamento atual; reintrodução de grama; instalação de novos passeios de pedras; drenagem do terreno; restauração, consolidação e limpeza dos túmulos; e instalação de bancada com mapeamento dos túmulos.

A empresa que executará as obras é a BK Engenharia, de Santa Maria. Os recursos que viabilizam o projeto foram captados pela Sociedade Beneficente Israelita de Santa Maria (SBISM) junto à comunidade judaica no Brasil e exterior. O objetivo da obra é preservar a memória da comunidade judaica no Brasil e no mundo e a história da imigração no Estado e no país.

“A colônia Philippson representa o berço da primeira imigração judaica organizada no país, em 1904, pela Jewish Colonization Association, oriundos da Bessarabia (Polônia, Romênia e Ucrânia), hoje Moldávia. O cemitério é a testemunha material desse processo como bem arquitetônico permanente”, destaca o presidente da Sociedade Beneficente Israelita de Santa Maria e coordenador do projeto, Sergio Klinow Carvalho.

O trabalho de pesquisa já está em andamento e as obras estruturais devem se iniciar em janeiro. O cronograma prevê duração de até seis meses, mas o período poderá ser modificado, dependendo das condições climáticas, já que o cemitério está a céu aberto.

O projeto é uma iniciativa da SBISM, com o apoio do IPHAE-RS, da Federação Israelita do RS, da proprietária da Fazenda Phillippson, onde se localiza o cemitérioo, Alegria Steinbruch, do Instituto Cultural Judaico Marc Chagall de Porto Alegre, das prefeituras de Santa Maria e Itaara, e tem a gestão cultural e administrativa da Lahtu Sensu Administraçao Cultural.

Participaram do encontro, no gabinete do secretário, o prefeito de Itaara, Roni Carnielletto, a secretária de Cultura de Itaara, Marília Teixeira, o diretor executivo da Federação Israelita do RS, Albert Poziomyck, a proprietária da Fazenda Philippson, Alegria Steimbruch, o presidente da Sociedade Beneficente Israelita de Santa Maria, Sérgio Carvalho, a diretora do Iphae RS, Miriam Rodrigues, a presidente do Instituto Cultural Marc Chagall, Anita Brumer, a diretora da Lahtu Sensu Administração Cultural, Lúcia Silber, e a intermediadora do doador, Diarna Brofman.

Sobre a Colônia Philippson
Santa Maria foi o berço da cultura judaica no Rio Grande do Sul com famílias oriundas da Bessarábia, na Moldávia. Segundo as informações da comunidade judaica, o grupo de colonos chegou ao Rio Grande do Sul após as portas da imigração para os Estados Unidos se fecharem para os que fugiam do massacre que vinha ocorrendo em terras judaicas, debaixo do império russo.

Nesse período de perseguição, foram organizadas varias associações judaicas com finalidade de auxiliar essa comunidade perseguida. Uma delas era a Jewish Colonization Association, a ICA, fundada em 1881 e presidida pelo banqueiro e barão Maurice Hirsch Von Gereuth. O objetivo era proporcionar aos judeus da Europa Oriental estudos agrícolas básicos, transporte para países sem restrições raciais e religiosas, lotes de terra para cultivos, equipamentos e animais para o início dos trabalhos e escolas para as crianças.

Depois de atuar por mais de 10 anos enviando judeus para os Estados Unidos, Canadá e Argentina, a ICA decidiu investir em um assentamento agrícola no Brasil. Em 1900, uma comissão de estudos esteve no Rio Grande do Sul examinando as possibilidades para assentamento em solo brasileiro. Nesta mesma época, o Estado, presidido por Borges de Medeiros, começou a promover incentivos e renúncias fiscais para recolonização e retomada da produção agropastoril dos campos gaúchos, ainda ressentidos pela revolução federalista de 1893/97.

Após dois anos de procura e estudos, a comissão responsável pelo assentamento optou pela aquisição de terras em Itaara, na época 6º Distrito do Município de Santa Maria. Tudo indica que o principal motivo era a proximidade da linha ferroviária para facilitar o escoamento e venda da produção. Em 1903, foi efetivada a compra da antiga Fazenda do Pinhal, uma área de 51 quadras de sesmarias. Na ocasião, foi homenageado Franz Philippson, presidente da Compaigne Auxiliare de Chemins du Ferré du Brésil, companhia que explorava as ferrovias no Rio Grande do Sul, Uruguai e Argentina. Philippson também era acionista da ICA. Começava então, o sonho agricola judeu no Brasil: a Colônia Philippson.

Alguns meses depois, em 18 de outubro de 1904, 148 pessoas chegaram no gare da Viação Férrea de Santa Maria. Para os judeus, era o ano de 5.665. Quando os imigrantes chegaram à colônia, a ICA já havia construído uma sinagoga, uma escola e destinado um lote para o cemitério. O lote número um foi oferecido a Shalon Nicolaievisky, em um gesto significativo, já que seu nome em hebraico significa paz. Os outros 37 lotes foram sorteados.

Hoje, da Colônia Philippson, restam apenas o nome e o cemitério, que agora será restaurado.

Texto: Maria Emilia Portella
Edição: Redação Secom 

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