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Manifestação do diretor artístico da Ospa sobre entrevista de Isaac Karabtchevsky

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Prezados amigos,

Venho, através desta, fazer uma importante defesa da instituição Fundação OSPA (Orquestra Sinfônica de Porto Alegre) de afirmações inverídicas feitas pelo Maestro Isaac Karabtchevsky em entrevista ao jornalista Fábio Prickladnicki, na Zero Hora deste final de semana.

Abaixo, apenas um dos parágrafos citados pelo referido Maestro na entrevista:

“Olha, foi uma das razões pelas quais eu saí daqui. Não só essa, como também a falta da reformulação da vida didática da Ospa. A Ospa precisava estar diretamente ligada a esse movimento que está sendo construído pelo Telmo (Jaconi, maestro) hoje com a Orquestra Jovem do RS. A Ospa teria todas as condições de fazer esse trabalho. Nunca fez. Fez uma Orquestra Jovem, nem sei se existe (segundo a assessoria da Ospa, a Ospa Jovem realiza concertos regulares). Mas, enfim, nunca foi uma preocupação fundamental. Foi uma série de fatos sobrepostos que me fez tomar a decisão de sair. Infelizmente, porque tive momentos de muita satisfação musical”.

Inicialmente, gostaria de informar dados da atual gestão da OSPA, que iniciou os trabalhos em janeiro de 2015, sob o comando do Secretário Victor Hugo e do Presidente Dr. Ivo Nesralla.

Apesar da crise econômica que assola o RS e o Brasil, tivemos ampliação na programação artística em todos os segmentos da Fundação. Praticamente todos os concertos estão lotados, obtivemos substancial aumento de público, criação de novas séries (Música no Museu, Série Araújo Vianna, Série Serenata, Escola da Ospa na Comunidade) além das que já aconteciam na gestão anterior, concurso de jovens compositores, apresentação de uma ópera encenada depois de 14 anos, ampliação do número de regentes e solistas convidados, diversificação maior nos compositores apresentados, ampliação da presença da orquestra no Theatro São Pedro, ampliação do número de concertos no interior, concurso de canto para cantores de nosso Estado atuarem junto a orquestra, entre outras ações.

Em função de tudo que estamos implementando e dos resultados obtidos, não posso aceitar que um cidadão fale palavras inverídicas sobre a OSPA sem conhecimento de causa e que isso fique sem retorno de parte da Fundação OSPA.

O Maestro Isaac demonstra total desconhecimento da Fundação OSPA e do que está sendo realizado. Logo ele, que foi muito bem tratado quando esteve aqui "em todos os sentidos", apesar de estar muito pouco presente e de ter deixado um legado muito pequeno para oito anos de gestão. Aliás, lembro de entrevista dele para importante canal nacional onde foi perguntado em que orquestras estava trabalhando e citou Orquestra da França (Pays de La Loire), Orquestra do Teatro Municipal do RJ e “esqueceu” que tinha um excelente emprego na OSPA. Ele era o Diretor Artístico da OSPA naquele momento.

No parágrafo citado acima pelo Maestro, onde sugere que a OSPA deve se “guiar” pelo projeto Orquestra Jovem do RS, apresento os seguintes dados: o projeto citado atende 80 jovens e possui uma orquestra de cordas e percussão (informação que ouvi em programa de entrevista de radio dos próprios coordenadores). A Escola da OSPA atende 200 jovens e possui 08 grupos estruturados: Ospa Jovem (Orquestra Sinfônica), Camerata (Orquestra de Cordas), Banda Sinfônica, Coro Jovem e grupos de câmara estáveis (Quarteto de Cordas, Quinteto de Metais e Quinteto de Sopros). Só estes dados já determinam o abismo que existe entre um projeto e outro.

Recentemente um aluno oriundo da periferia de Porto Alegre (Weslei) foi destaque estadual (campanha institucional da RBS), destaque nacional no programa Fantástico da Rede Globo e convidado para estudar no Conservatório de Genebra, um dos mais prestigiados do mundo. Onde ele está sendo formado? Escola da OSPA. Um percentual enorme de músicos da OSPA e de outras orquestras do Estado são oriundos da Escola, inclusive eu. Temos ex-alunos espalhados pelo Brasil e exterior, inclusive professores em universidades americanas. A Escola ganhou recentemente o prêmio da FUNARTE de apoio a orquestras, em reconhecimento ao trabalho realizado.

É muito difícil para mim, que dedico a vida à OSPA (ingressei com 19 anos de idade e tenho 26 anos de orquestra) e para toda a equipe da Fundação, que lutamos diariamente para o crescimento da mesma, ler em matéria especial da ZH palavras de alguém que não conhece o que está sendo feito na fundação.

Fazer uma declaração inverídica de que não existe trabalho de formação na Escola da OSPA é vergonhoso. É ofender todos os profissionais e educadores envolvidos com o projeto.

É preocupante este tipo de entrevista com declarações infundadas pela amplitude que uma matéria em espaço e dia nobre de um veículo de enorme circulação pode causar na imagem da Fundação junto ao Governo, aos patrocinadores e ao público da OSPA. As instituições culturais sobrevivem pelo resultado do seu trabalho e por sua imagem perante a sociedade.

É frustrante que uma pessoa que, com a rica história profissional do Maestro Isaac, coloque em questionamento a Fundação OSPA, prejudicando a mesma perante sua comunidade e seus apoiadores.

Não surpreende o fato dele desconhecer o trabalho da Escola da OSPA, a ponto de afirmar que nem sabia se a orquestra jovem da OSPA (a nossa OSPA JOVEM) estava funcionando. Foi justamente no período em que ele foi Diretor Artístico da OSPA, que a Escola foi fechada, no início de 2007. Nos 3 anos e meio que se seguiram, enquanto ele ainda ocupava estes cargos na OSPA, não me lembro de nenhuma declaração do Maestro em relação a esta situação. A Escola só viria a ser reaberta em 2013, depois do Maestro Isaac ter deixado seu cargo na OSPA, na gestão do Maestro Tiago Flores.

O que “ele" fez para mudar a situação nos oito anos em que esteve a frente da Direção Artística da OSPA, apesar de sua amizade pessoal com a Governadora em questão? Provavelmente a resposta será a realização de dois concursos para preenchimento de vagas. Muito pouco para oito anos. Mesmo estes concursos tiveram ampla e ativa participação da Affospa (Associação dos Funcionários da OSPA) no convencimento do Governo da necessidade de preencher as vagas e da nomeação dos mesmos.

A OSPA é a mais antiga orquestra do Brasil em atividades ininterruptas, com 66 anos de atividades. Enquanto a maioria das orquestras no Brasil estão cancelando suas programações este ano em função da crise, a OSPA ampliou (serão 66 espetáculos) com o apoio de patrocinadores e ajustes na gestão, cumprindo sua função pública de levar cultura à sua comunidade.

A OSPA é adorada pelos gaúchos e merece respeito por tudo que faz.

Como músico oriundo da orquestra desde 1990 e formado pela Escola da OSPA, minha função no cargo de Diretor Artístico é de, junto com o Secretário Victor Hugo, o Presidente Dr. Ivo Nesralla, o Superintendente Araquem Idiart, a equipe administrativa e os músicos, trabalhar para que a Fundação seja cada vez mais eficiente, que tenha pilares de sustentabilidade firmes no presente e para o futuro, que realize uma programação de alto nível e que cumpra seu papel social e cultural.

Para tanto, estamos aguardando o mesmo espaço que o ilustre Maestro obteve na ZH para o contraditório.

Evandro Matté
Diretor Artístico/OSPA"

Texto: Ascom/OSPA
Edição: Secom 

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