Missão à China: Soja brasileira volta a ter entrada livre na China
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A soja brasileira volta a ter entrada livre na China a partir de hoje (21). Depois de uma reunião de quatro horas e meia, em Pequim, no Ministério da Quarentena (encarregado da fiscalização sanitária), foi assinado um documento formalizando acordo entre Brasil e China. Participaram cinco representantes do governo chinês e cinco do governo brasileiro, entre os quais o governador gaúcho Germano Rigotto e o secretário da Agricultura e Abastecimento, Odacir Klein. Rigotto, que lidera a missão governamental e empresarial que está na China desde o último dia 17, para negociar a ampliação das relações comerciais entre o Estado e o país asiático, teve importante participação no desfecho do impasse. Defendeu especialmente a qualidade da soja do Rio Grande do Sul, o maior exportador brasileiro do grão para a China. Pelo horário de Pequim, a reunião terminou por volta de 19h. Felizmente, tive oportunidade de tomar parte de uma decisão histórica, na qual acredito ter tido participação relevante. Se esta viagem à China tivesse resultado apenas nesse acordo sobre a soja, a nossa vinda já teria valido por três viagens, pelo que isso representa para o Brasil, não apenas para este momento, mas também para o futuro das nossas relações comerciais, especialmente para o Rio Grande do Sul, comemorou Rigotto. Para o governador gaúcho, o documento assinado entre o Ministério da Quarentena da China e o Ministério da Agricultura do Brasil significa o reconhecimento, pelo governo chinês, das medidas adotadas pelo Brasil para garantir a qualidade da soja vendida ao exterior. De acordo com a instrução normativa número 15, baixada na semana passada pelo Governo Federal, o Brasil tem agora as normas mais rígidas do mundo no controle da soja para exportação. Enquanto Estados Unidos, que até agora era considerado o país mais rigoroso, admite até três sementes tratadas com fungicida por quilo de soja, o Brasil, pelas novas regras, permite apenas uma semente por quilo do grão. Defesa gaúcha Em nome do Rio Grande do Sul, Rigotto sustentou, na reunião em Pequim, o apoio que o Estado tem dado ao Governo Federal no processo de controle do produto. A partir da instrução normativa para impedir a contaminação, entramos numa realidade totalmente diferente da que tínhamos até então. Mostramos, no Ministério da Quarentena, que o Brasil tem hoje a legislação mais dura do mundo quanto à tolerância de sementes contendo fungicida na soja enviada ao mercado internacional, afirmou o governador gaúcho. O fim do embargo e a possibilidade de que as 23 empresas brasileiras que haviam tido cargas recusadas pela China voltem a exportar, segundo o governador, determinam a volta à tranqüilidade. Rigotto explicou que, em relação aos cerca de 20 navios que embarcaram depois da regulamentação da instrução normativa do Ministério da Agricultura, o acordo entre China e Brasil prevê a responsabilização do exportador pelos custos da retirada de sementes contaminadas de cargas onde o problema venha a ser constatado. Dos 40 milhões de toneladas de soja que os chineses consomem por ano, são importadas 24 milhões de toneladas, das quais 6 milhões de toneladas saem da lavoura brasileira. Isso significa que o Brasil abastece 26% do consumo de soja na China. No caso do Rio Grande do Sul, somando os outros produtos vendidos ao país, a China é o segundo mercado internacional de destino das vendas do Estado. A tendência, segundo o secretário do Desenvolvimento e dos Assuntos Internacionais, Luis Roberto Ponte, é o crescimento das relações comerciais, ainda mais com as negociações encaminhadas pela missão gaúcha. Intercâmbio Terceiro maior mercado importador (superado apenas por Estados Unidos e Argentina) dos produtos brasileiros - grão e óleo de soja, pasta química de madeira, couros e fumo - e sexto maior PIB mundial (US$ 1,2 trilhão), a China respondeu, entre janeiro e abril de 2004, por US$ 201 milhões do volume de vendas realizadas pelo Rio Grande do Sul no exterior. O valor representa aumento de 355,8% em relação ao ano anterior. Em contrapartida, no mesmo período, a economia gaúcha adquiriu US$ 27 milhões em produtos chineses, o que representa elevação de 49,8% em comparação com 2003. Também nesse período, ingressaram no Brasil, oriundos da China, US$ 64 milhões em componentes para informática, uréia, fibras sintéticas, ampolas para garrafas térmicas e equipamentos eletrônicos. As empresas chinesas têm intenção de investir US$ 5 bilhões no Brasil, nos próximos anos. Estão à frente desse prognóstico os setores de extração e processamento de minério, telefonia, logística, siderurgia, madeira, máquinas e equipamentos eletroeletrônicos, distribuição de alimentos e produtos farmacêuticos. Sandro Schreiner, Pequim, China