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Missão do RS conhece como Estônia incentiva negócios digitais

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Compromissos da missão do Rio Grande do Sul se iniciaram nesta segunda, dia 11, na capital Tallinn - Foto: Alexandre Elmi / Secom

O Rio Grande do Sul iniciou na manhã desta segunda-feira (11/11) uma missão governamental e empresarial por três países com perfil de investimento em inovação e tecnologia: Estônia, Suécia e Israel. No primeiro dia, uma agenda pelo ecossistema estoniano de estímulo à inovação, na capital Tallinn, mostrou que o desafio para o Estado criar rotas inovadoras de desenvolvimento passa pela redefinição da relação do governo com o cidadão, pela organização de um ambiente propício aos negócios da nova economia e, até mesmo, pela organização de um sistema legal compatível à inovação. As reuniões ocorrem entre 11 e 21 de novembro nos três países. Ao todo, estão previstas 27 agendas de trabalho durante a viagem.

A primeira agenda do dia foi na e-Governance Academy (eGA), o centro de promoção de governança digital da Estônia, que incentiva soluções tanto para o setor público como quanto para o privado, além de promover a integração entre eles. A forma como a Estônia mistura tecnologia à sociedade e à vida cotidiana é chamada por eles de e-way of life. Coube a Arvo Ott, diretor executivo da eGA, apresentar detalhes da estratégia que tornou o pequeno país báltico referência global em inovação. “Em relação à tecnologia, países pequenos e grandes não são diferentes. Em países pequenos, é mais fácil promover as mudanças necessárias”, explicou Ott.

Não há aspecto da vida na Estônia que não tenha sido transformado pela tecnologia. A partir de investimentos em democracia eletrônica, participação eletrônica do cidadão e identidade eletrônica, o país tornou-se efetivamente 100% digital. Uma das bases da revolução é um processo de identificação unificada, que coloca os serviços públicos à disposição do cidadão de maneira remota e segura, inclusive na área da saúde.

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Grupo foi recebido no e-Governance Academy (eGA), o centro de promoção de governança digital da Estônia - Foto: Alexandre Elmi / Secom

Na Estônia, por exemplo, as prescrições médicas são 100% eletrônicas e integram o histórico do cidadão, que pode se beneficiar da facilidade e consultar suas informações por computador ou celular. “É preciso fazer um trabalho para que o cidadão acredite eletronicamente no governo”, disse Ott.

À tarde, a agenda se iniciou na e-Estonia Briefing Center, onde um dos consultores, Tobias Koch, apresentou à comitiva brasileira os motivos que levaram a Estônia a investir no digital. “Os estonianos são muito pragmáticos. Tudo começou com a noção de que era importante expandir as suas fronteiras”, afirmou Koch.

Uma das tarefas do centro, que foi fundado como uma ONG, é estimular as experiências relativas “ao estado de espírito eletrônico do país”. A organização cumpre, entre outros objetivos, um papel estratégico na promoção da marca e-Estonia. Koch ressaltou que o principal esforço está na mudança de mentalidade: “a melhor solução nem sempre é mais tecnologia ou mais dinheiro. Não é só sobre investir em tecnologia, mas em organização e processo”. Conforme o consultor, os estonianos não aderiram à tecnologia porque é “mais chique”, mas porque perceberam uma utilidade prática na adesão em suas vidas.

A comitiva seguiu a programação na 99 Lift, um dos primeiros ambientes de incubação de negócios digitais do país báltico. O brasileiro Edilson Osorio Júnior apresentou a experiência de trazer a sua empresa do Brasil para a Estônia, aproveitando os incentivos do governo, o apoio da sociedade e o ambiente receptivo. Como a Original My, empresa que trabalha com blockchain, estava encontrando dificuldade para expandir as atividades no Brasil, ele resolveu concentrar as operações na Estônia. “Sigo operando no mercado brasileiro, mas o ambiente jurídico do Brasil não era adequado para desenvolver”, garantiu.

Marika Truu, coordenadora da Startup Estonia, detalhou como a organização promove o desenvolvimento de negócios inovadores, apoiando todas as etapas, desde a formação de mentalidade voltada à tecnologia até os ganhos de escala das empresas que já atingiram faturamento milionário, como a Transferwise (transferência de dinheiro), a Pipedrive (marketing digital) e a Bolt (transportes). Marika disse que os brasileiros representam o maior contingente de profissionais de tecnologia atraídos para a Estônia. “Como é um país pequeno que desenvolve rapidamente startups, a Estônia tem atraído talentos, mas vemos o Brasil também como um mercado”.

O primeiro dia terminou com uma visita oficial ao parlamento da Estônia, na qual foram discutidas formas de promover parcerias para desenvolver a base legal de regulação para um ecossistema inovador. “No caso brasileiro, é preciso promover uma revolução legislativa, o ambiente regulatório, para estimular o ecossistema de inovação”, afirmou o deputado Tiago Simon, presidente da Comissão de Economia da Assembleia Legislativa, que sugeriu a criação de uma comissão bilateral para estudar formas de cooperação a oportunidades de negócio.

Para o secretário de Inovação, Ciência e Tecnologia, Luís Lamb, os três países da missão são referência, porque colocaram a inovação e a tecnologia no centro das suas estratégias de desenvolvimento. “A Estônia tinha de encontrar uma solução depois da queda do Muro de Berlim e colocou a inovação no centro de sua economia, se tornou exportadora de governo digital, de segurança digital”, afirmou. Para ele, empresários e academia são fundamentais para criar o ecossistema digital, por isso participaram da viagem governamental. Lamb disse acreditar que o papel do governo do Estado é o de provocar uma mudança de mentalidade, que atualize o Rio Grande do Sul na promoção de negócios digitais.

Texto: Alexandre Elmi
Edição: Patrícia Specht/Secom

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