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Missão do RS conhece estratégia que Suécia criou para dar salto digital

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Missão Suécia
Grupo visitou o Kista Science City, cluster de ciência e tecnologia ligado à Electrum Foundation - Foto: Alexandre Elmi/Secom

Ecossistemas inovadores necessitam encontrar formas eficientes de promover a integração entre universidades, governos, empresas e sociedade. O sucesso que a Suécia alcançou no mundo sofisticado da tecnologia é resultado da mistura inteligente entre os atores essenciais à promoção da inovação. No segundo dia da passagem pelo país nórdico, os integrantes da missão governamental e empresarial do Rio Grande do Sul conheceram o Kista Science City, um cluster de ciência e tecnologia considerado o terceiro maior do mundo.

O hub visitado pela comitiva está ligado à Electrum Foundation, cujo CEO, Johan Ödmark, explicou como o Kista se tornou referência mundial. Um dos fatores, conforme Ödmark, é o fato de que a articulação partiu de uma mudança de mentalidade, em que tanto o aprimoramento da legislação, quanto o desenvolvimento de uma cultura de valorização da inovação, tiveram um papel decisivo. “Somos um país pequeno, temos que ter foco. A mentalidade fez as coisas acontecerem”, explicou.

A própria Electrum é resultado de uma composição que envolve os atores de alguma forma interessados na promoção da inovação. Além da municipalidade da capital sueca e da Universidade de Estocolmo, a gigante Ericsson e a Academia Real de Tecnologia de Estocolmo (KTH) entrelaçaram-se para criar um ambiente em que a pesquisa, a tecnologia e a criatividade caminham juntas para encontrar soluções. Além do Kista, a Electrum também coordena um polo para desenvolvimento de aplicações em cidades inteligentes, o Urban ICT Arena, e o Stockholm Innovation & Growth (Sting), cujo foco é transformar articulação, conexão e produção em novos negócios.

No Kista, as competências e habilidades estão concentradas em um só lugar, para tirar o melhor proveito delas. Estudantes, pesquisadores e empresas encontram um ambiente fértil para arriscar, inclusive se permitindo errar nos ciclos de desenvolvimento de seus projetos. Conhecido como o Vale do Silício da Suécia, o Kista tem uma escola tecnológica de inovação, a Stockholm Innovation School, para jovens de 16 a 19 anos, que estimula o pensamento científico e a criatividade, com um currículo que valoriza a matemática e as ciências da computação.

No mesmo local, a comitiva conheceu dois projetos executados por um laboratório do Kista, o eGovLab, dedicado a desenvolver soluções baseadas em tecnologias, mas aplicadas em questões de alcance social. O SkillsMatch é uma metodologia para identificar habilidades e garantir a sua empregabilidade em um mercado de trabalho em permanente evolução. O segundo projeto, Co-Inform, tem como objetivo combater a desinformação. Envolvendo sete países, procura encontrar uma ferramenta que ajude a conter a disseminação de notícias falsas. “O objetivo de tudo o que fizemos é produzir impacto positivo na sociedade, a partir da tecnologia”, afirmou Mary Petritsopoulou, uma das líderes de desenvolvimento do eGovLab.

O circuito sueco conhecido pela comitiva gaúcha completou-se com a visita a duas organizações, uma de financiamento e a outra de promoção do avanço tecnológico em setores tradicionais da economia e em todas as regiões do país, equilibrando os benefícios da inovação. A Vinnova é a uma agência de fomento à inovação que investe aproximadamente R$ 1,3 bilhão (3,1 bilhões de coroas suecas), focada em setores identificados como prioritários, como novos materiais, consumo sustentável e transportes. “Damos suporte à criação de novos mercados a partir do resultado das pesquisas”, disse Regina Summer, gerente do programa de cooperação Brasil-Suécia da Vinnova.

Regina ressaltou que o trabalho com inovação exige que a agência encontre, permanentemente, formas também inovadoras de conduzir suas políticas. “Sistemas de inovação também precisam se inovar para encontrar soluções”, defendeu. No caso da Vinnova, este desafio teve uma repercussão metodológica. A agência definiu uma estratégia de apoio baseada em metas já existentes, como os desafios para o desenvolvimento global fixados pela Organização das Nações Unidas (ONU), combinados com as metas da União Europeia e da Suécia.

O último compromisso no país permitiu constatar que a estratégia sueca não despreza os setores tradicionais e a ideia de desenvolvimento regionalizado. Na The Swedish Agency for Economic and Regional Growth, foi apresentada a visão sueca para acelerar o desenvolvimento de startups e para equalizar os benefícios do investimento maciço em tecnologia. No caso das startups, a meta é transformá-las em scaleups. Arash Sangari, gerente do programa Startup Sweden, resume o foco de atuação de uma maneira ambiciosa: multiplicar histórias suecas de sucesso, como Skype, Spotify e Mujang. “A receita está em aumentar a conectividade de todo o sistema, aproximando as menores das maiores”, disse Sangari.

A ação da agência também tem permitido acoplar a estratégia de apoio a outras prioridades, como a diversidade de gênero. Em 2016, por exemplo, 12% das novas start-ups eram lideradas por mulheres, e dois anos depois o percentual pulou para 60%. A política de descentralizar o desenvolvimento pelo país aposta na especialização inteligente das diversas regiões. Por exemplo, o foco da região mais ao norte, Övre Norrland, são projetos de testes de veículos e tecnologias aplicadas à vida. A especialização valoriza as competências de longo prazo e identifica formas de produzir ganhos ainda mais expressivos de competitividade.

Depois de dois dias de mergulho na articulação e no planejamento do modelo sueco, o grupo embarcou na manhã de sábado (16/11) para Tel-Aviv, em Israel, onde irá conhecer as iniciativas que transformaram o país na Start-up Nation. Além de integrantes do governo do Estado e empresários, participam das agendas representantes da Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA), da Universidade de Passo Fundo (UPF), do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) e da Associação das Empresas Brasileiras de Tecnologia da Informação – Regional RS (Assespro-RS).

Texto: Alexandre Elmi/Secom
Edição: Vitor Necchi/Secom

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