Mostra expõe vinhos das melhores safras dos últimos anos
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A qualidade das uvas colhidas na safra 2005 foi a melhor dos últimos anos. Desde 1991, quando tivemos a melhor das safras dos últimos 20 anos, não obtínhamos graduação como a deste ano, quando a uva amadureceu em todas as suas características e a coloração obtida foi surpreendente. Indiscutivelmente, é o ano do melhor vinho gaúcho, afirma o técnico do Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin), Antônio Santin. Foram colhidas 493 milhões de toneladas, um volume quase 30% inferior ao da safra passada. A redução foi creditada à seca ocorrida no início do ano, que reduziu a quantidade, mas foi fundamental para a qualidade superior das uvas. A excelência do vinho gaúcho, destacada pelo técnico do Ibravin, poderá ser apreciada na Mostra das Vinícolas, durante o 5º Seminário de Vitivinicultura da Metade Sul, em Bagé, nos próximos dias 18 e 19, e em Pinheiro Machado, dia 20. Este será um dos eventos paralelos que deverão atrair a curiosidade e também aguçar o paladar e apurar o olfato dos participantes, com a apresentação e degustação do top de produções de vinhos e espumantes, ressalta. Segundo o técnico do Ibravin, para uma boa análise é importante entender algumas particularidades entre as safras. No ano passado, a produção de viníferas foi de 62 milhões de toneladas, contra os 70 milhões deste ano, diz. Segundo o dirigente, mesmo com a quebra geral na safra, ocorreu um aumento de área de plantio de viníferas e elevação da quantidade da uva destinada à produção de vinho. Também houve quebra maior nas uvas mais tardias e, entre as precoces, a perda foi menor, explica. O estoque de vinhos deverá permanecer alto. No final de 2004, já era grande, devido à excelente produção, que, somada à deste ano, manterá os mesmos patamares, conclui Santin. Cinco vinícolas gaúchas que produzem na Metade Sul vão participar da mostra, no Clube Comercial: Almadén, Miolo, Salton, Terrasul e Velho Amâncio. Segundo o presidente do Comitê de Fruticultura da Metade Sul e diretor- administrativo da Emater/RS, Afonso Hamm, esta será outra oportunidade para preencher uma lacuna na divulgação do produto brasileiro. Imprensa, sommeliers, confrarias de apreciadores, donos de restaurantes e casas especializadas, além de autoridades políticas, produtores e técnicos poderão conhecer o trabalho das vinícolas e provar novos vinhos, diz. Almadén A vinícola Almadén (do grupo francês Pernod Ricard), em Santana do Livramento, é a maior produtora de uvas viníferas da América Latina. Na última safra, foram colhidas cerca de 7,5 mil toneladas em 600 hectares plantados. O engenheiro agrônomo da vinícola, Afrânio Moraes, destaca que há 30 anos a empresa investe na Metade Sul, o que comprova o potencial da região. O clima e o solo são uma das vantagens para definir a qualidade da uva, observa. A vinícola está renovando os vinhedos, com a implantação de 50 hectares por ano. A expectativa é chegar a 250 hectares de novos vinhedos dentro de cinco anos. A Almadén levará para degustação vinhos gran reserva tinto e branco (Palomas), dois reserva especial, tinto e branco (assemblage), e um espumante. Para Moraes, o Seminário Vitivinicultura da Metade Sul obteve um crescimento importante como cenário do vinho, desde seu surgimento, em 2001. O foco desta edição, voltada também para o mercado, deverá impulsionar a engrenagem mercadológica, abrindo caminhos e portas para o vinho, afirma. Os vinhedos em Santana do Livramento (RS) são cortados pelo paralelo 31, o mais indicado para o plantio das uvas que vão dar a base à confecção de vinho, pelas condições climáticas mais definidas. O solo nessa área também é mais propício ao plantio de uvas por ser mais arenoso e garantir melhor drenagem da água das chuvas sem danificar as raízes das videiras. O paralelo 31 corta, por exemplo, Austrália, Nova Zelândia, África do Sul, Chile e Argentina, todos países famosos pela produção de vinho. Miolo A vinícola Miolo apresentará vinhos do Projeto Fortaleza do Seival Vineyards, em Candiota. Iniciado em 2000, o projeto conta com uma área de 100 hectares de parreirais em produção. Outros 20 hectares serão plantados este ano. A produtividade das vinhas oscila entre seis e oito toneladas por hectare. A região da Campanha tem clima ideal para cultivo dessas castas: seco e com amplitude térmica (diferenças de temperatura entre o dia e a noite) que chega a 16 graus Celsius, diz o gerente de marketing, Carlos Eduardo Nogueira. Na metade de julho deste ano, a Miolo apresentou à região os vinhos produzidos na Campanha Gaúcha, com a presença do francês Michel Rolland, apontado por especialistas como um dos mais célebres enólogos do mundo. O projeto Fortaleza do Seival Vineyards é a grande promessa da Miolo para o mercado internacional, afirma Nogueira. A Miolo levará para a mostra em Bagé seis vinhos: Quinta do Seival Cabernet Sauvignon, Quinta do Seival Castas Portuguesas, Fortaleza do Seival Tannat, Fortaleza do Seival Tempranillo, Fortaleza do Seival Pinot Griggio e Fortaleza do Seival Sauvignon Blanc. Salton A vinícola Salton foi uma das empresas pioneiras no plantio de vinhedos na Metade Sul, junto com a Almadén e a Santa Colina. Fizemos um estudo de viabilização dos vinhedos em 1998, relembra o diretor- administrativo, Lucindo Copati, destacando a parceria feita com a Associação Bageense de Fruticultores (Abfrut) a partir de 2002. A Salton possui hoje 162 hectares em diversos pontos do município, integrando a produção de 27 viticultores. Na mostra vinícola e no coquetel do Seminário de Vitivinicultura da Metade Sul, no dia 18, às 20h, na Associação Rural, a Salton vai apresentar suas linhas de vinhos Volpi Cabernet, Moscate Asti e prosseco. Terrasul A Vinícola Terrasul vai expor, para degustação, vinhos produzidos em Pinheiro Machado. São vinhos com bastante intensidade de cor, com fortes caraterísticas das uvas cultivadas na região, resultantes da diferenciação de clima, afirma o diretor Paulo Tonet. Serão apresentados Cabernet Sauvignon e Malvazia. Conforme Tonet, na época de maturação das uvas, o clima na região é mais seco e a amplitude térmica, maior, em comparação à região da Serra. A temperatura, durante o dia, permanece entre 30 e 32 graus e, durante a noite, entre 18 e 20 graus, diz ele. Velho Amâncio A Vinícola Velho Amâncio, de Itaara, próximo a Santa Maria, iniciou suas atividades em 1987, apesar de ter uma história de destilação de aguardente de cana-de-açúcar de 120 anos. A Velho Amâncio começou elaborando apenas vinhos de mesa (Niágara e Isabel) e em 1998 começou a trabalhar com varietais viníferos. Atualmente, elabora cinco vinhos finos varietais e dois vinhos de mesa. A vinícola tem 37,5 mil mudas plantadas numa área de 12 hectares. O microclima desta região é muito especial, sem neblinas, com temperaturas elevadas durante o dia e baixas à noite, semelhantes às da região da Campanha, afirma um dos proprietários, Rubens Fogaça. A Velho Amâncio participará da mostra com o vinho branco Malvazia e os tintos Cabernet Sauvignon, Shiraz e Pinot Noir. Seminário A construção de políticas para a produção vinícola, a elaboração de estratégias para a consolidação de mercado e a melhoria das técnicas para produção de uvas são alguns dos temas que estarão em debate no 5º Seminário da Metade Sul. Dias 18 e 19, haverá palestras técnicas e painéis com enfoque político-setorial, no Clube Comercial de Bagé. O dia 20 está reservado para visita aos vinhedos da Terrasul, em Pinheiro Machado. A expectativa de público é de 800 pessoas, entre investidores, produtores, técnicos, lideranças do setor público e privado e agentes da cadeia produtiva da uva e do vinho. O evento é organizado por Emater/RS - Ascar, Comitê de Fruticultura da Metade Sul, Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin) e Embrapa - Uva e Vinho, com apoio de diversas instituições. As inscrições custam R$ 20,00 e poderão ser feitas no dia do evento, no Clube Comercial de Bagé.