Museu da Comunicação promove debate sobre a Legalidade
Publicação:
O papel do jornalismo e dos jornalistas, especialmente do rádio, e suas influências para o desenrolar do movimento de agosto de 1961 é um dos assuntos a serem discutidos pelo seminário Legalidade em Debate: 50 anos, promovido pelo Museu da Comunicação Hipólito José da Costa, com o apoio da Casa de Cultura Mario Quintana, instituições da Secretaria de Estado da Cultura.
O seminário é uma iniciativa compartilhada com a Secretaria de Comunicação e Inclusão Digital (Secom). O evento realiza seu primeiro painel neste sábado, 3 de setembro, às 14h30min, na sala A2B2, no segundo andar da Casa de Cultura, com mediação do jornalista Armando Burd. As inscrições, gratuitas e com número limitado, gerando a emissão de certificados de presença, podem ser feitas pelo fone (51) 3211-5376. Os debates acontecem em três sábados - 3, 10 e 17 de setembro - sempre nos mesmos local e horário.
No sábado (3), jornalistas e radialistas como Carlos Bastos, repórter político do jornal Última Hora, Lauro Hagemann e Marino Cunha, locutores da Rede da Legalidade, e Celso Costa, técnico de som responsável pelo estúdio montado no porão do Palácio Piratini, vão narrar suas memórias ligadas ao fato político, explicando como, sob a liderança do ex-governador Leonel Brizola, chegou à opinião pública e de que forma o rádio, por meio de uma cadeia de emissoras, ajudou a mobilizar a população para que apoiasse a resistência democrática que visava a garantir a posse do vice-presidente João Goulart, como chefe da Nação, diante da renúncia de Jânio Quadros.
O advogado Antônio Ávila, que, a pedido de Brizola, foi buscar Jango na China em avião cedido pela Varig, deve examinar como Brizola via a atividade dos jornalistas, do rádio e da comunicação em relação àqueles dias que somam, agora, cinco décadas. O ex-governador gaúcho está registrado desde 1954 como jornalista na hoje Superintendência Regional do Trabalho e do Emprego do Ministério do Trabalho e do Emprego, em Porto Alegre.
Homem de confiança do líder da Legalidade, Ávila respondia, em agosto de 1961, pela Representação do Rio Grande do Sul no Rio de Janeiro, a convite do ex-governador, e tem muitos acontecimentos a trazer ao debate, elucidando circunstâncias que possibilitem compreender a dimensão daquele momento histórico, cujas consequências teriam desdobramentos três anos mais tarde com a eclosão do regime militar.
No dia 10 de setembro, o seminário disseca a Legalidade com um resgate histórico por depoimentos da historiadora e pesquisadora Elizabeth Torrezini, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, do jornalista, escritor e pesquisador João Batista Marçal, e dos historiadores César Rolim e Ananda Simões, sob a mediação do presidente da Associação Rio-grandense de Imprensa, jornalista Ercy Thorma.
No encerramento do seminário, em 17 de setembro, uma retrospectiva histórica vai ser promovida pelos deputados estaduais, em 1961, Sereno Chaise, ex-prefeito de Porto Alegre, e Ney Ortiz Borges, mais tarde deputado federal, pelo jornalista, pesquisador e historiador Sérgio da Costa Franco, pelo repórter, na ocasião, da Revista do Globo, Antônio Goulart, que jornalisticamente acompanhou e esmiuçou o movimento, e pelo radialista João Carlos Cardoso, que também atuou na Cadeia da Legalidade.
Costa Franco vai trazer à tona episódios de como a Legalidade repercutiu no interior do Estado, especialmente em Soledade, onde estava na ocasião, assistindo a conflitos que o embate de ideias gerava entre os gaúchos. A mediação desse painel vai ficar a cargo da diretora de Relações Públicas da Secretaria de Comunicação e Inclusão Digital, Tãnia Almeida.
O seminário vai resultar na edição de um DVD, didático, contendo não só momentos selecionados, como também parte do acervo jornalístico que o Museu de Comunicação Hipólito José da Costa preserva, contando a História dessa parcela da trajetória política gaúcha. Ele deverá ser lançado em novembro, sendo colocado à disposição do público. Informações sobre o seminário:(51) 3286-2657 ou 9940-6587.
Texto: Roberto Fleck
Edição: Redação Secom (51)3210-4305