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Na Semana Fazendária, gestores do Estado relembram ações adotadas nas enchentes e reforçam atitudes para o futuro

Titulares das cinco áreas da Secretaria da Fazenda destacaram trabalho coletivo para enfrentamento da calamidade

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Na Semana Fazendária, gestores do Estado relembram ações adotadas nas enchentes e reforçam atitudes para o futuro
Participantes do encontro detalharam dificuldades do período e contaram como chegaram a soluções - Foto: Divulgação Sefaz

Ruas inundadas, sistemas inoperantes, colegas afetados e o prédio da Secretaria da Fazenda (Sefaz), em Porto Alegre, completamente alagado. No oitavo dia da Semana Fazendária, evento que reúne grupos técnicos ligados à administração de finanças de todo o país, gestores da Sefaz relembraram os dias difíceis vividos durante a maior tragédia meteorológica da história do Rio Grande do Sul e detalharam as ações emergenciais e os aprendizados para possíveis novos eventos.

As apresentações ocorreram no primeiro dia da 93ª Reunião do Grupo de Desenvolvimento do Servidor Fazendário (GDFAZ), um dos fóruns da Semana Fazendária, no Farol Santander, na capital do Rio Grande do Sul, na quarta-feira (8/10). Falaram ao público os líderes das cinco áreas da Sefaz: a subsecretária do Tesouro do Estado, Juliana Debaquer; o subsecretário-adjunto da Receita Estadual, Edison Moro Franchi; o contador e auditor-geral do Estado adjunto, Jocie Rocha Pereira, da Contadoria e Auditoria-Geral do Estado (Cage); a diretora do Departamento de Administração (Depad), Adriana Oliveira, representante do RS no GDFAZ; e o diretor do Departamento de Tecnologia da Informação e Comunicação (Detic), André Facchini.

Ao longo de cerca de uma hora e meia, os gestores traçaram uma linha do tempo desde os primeiros dias de chuva, em maio de 2024, passando pelo dia em que foi tomada a decisão de desligamento do data center e pelo momento em que a água invadiu o prédio da Sefaz. Os eventos, somados ao desligamento do backup localizado em outra região, fizeram com que sistemas essenciais para o funcionamento do Estado saíssem do ar, o que demandou esforços nunca antes empenhados para que ações de enfrentamento pudessem se realizadas.

Desafios e soluções

A chefe do Tesouro narrou as dificuldades para manter a máquina pública, visto que a área é responsável pelo pagamento de servidores, da dívida, de precatórios e de repasses de convênios. Juliana falou sobre a decisão adotada pela Sefaz de fazer pagamentos mesmo sem os registros completos, pois havia a necessidade de enviar recursos, por exemplo, para as prefeituras. Para ela, um dos maiores desafios – e uma das maiores conquistas – foi o pagamento da folha dos servidores em dia, no último dia de maio.

“No dia 20, pagamos o auxílio-refeição para 120 mil servidores. Foi a maior aventura pela qual passei. E a nossa maior comemoração foi pagar a folha em dia, com esforços gigantescos para ter acesso aos sistemas. Tínhamos servidores diretamente envolvidos no salvamento (como bombeiros e policiais), e entendemos que era uma obrigação nossa pagar todas as pessoas em dia”, relatou.

Quem deu suporte a essas decisões foi a Cage, órgão de controle. Em força-tarefa, as equipes orientaram gestores e tomaram medidas para simplificar formalidades e evitar exigências desnecessárias para o momento, dando celeridade aos pagamentos.

“A grande diferença dessa tragédia climática é que ela atingiu o coração do governo. As necessidades estavam aparecendo, e era preciso fazer os pagamentos. Nosso papel foi evitar ao máximo que os gestores ficassem estagnados e, por isso, foram publicados decretos e notas técnicas com orientações”, explicou Jocie.

Do ponto de vista dos negócios, a Receita Estadual se viu diante de empresas fortemente impactadas, que não conseguiam manter seus atendimentos, prestar contas e pagar impostos. Por isso, foram adotadas medidas como prorrogação de prazos para pagamento de ICMS e IPVA, liberação de caminhões com donativos em postos fiscais e canais alternativos de atendimento, entre outras iniciativas da ordem tributária.

“Esse período trouxe muito aprendizado a partir da maneira como conseguimos encarar o cenário. O Rio Grande do Sul ainda está se recuperando. A cada semana, recebemos contribuintes que não conseguiram se reerguer”, disse Moro. “Então temos que estar sempre pensando em medidas, e tudo isso em meio a uma reforma tributária, quando precisamos constantemente estar pensando em soluções para o futuro.”

Gestão de pessoas

Líder do Departamento de Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) da Sefaz, Facchini narrou ponto a ponto as ações adotadas para religar o data center, liberar versões contingenciais de sistemas inoperantes e evitar perdas de dados. Mas, para ele, a área de gestão de pessoas foi ainda mais desafiadora.

“Nós operamos durante toda a enchente no limite do esgotamento psicológico. A equipe de tecnologia da informação, que precisava lutar para colocar tudo de volta no ar, também tinha familiares envolvidos nas enchentes. Precisávamos saber onde estava cada pessoa e se ela necessitava se ausentar para auxiliar algum familiar”, contou Facchini. O gestor acrescentou ainda que o processo de migração do backup do data center para outro local está em tramitação, possibilitando recuperação em qualquer ponto, inclusive fora do Estado, em caso de eventos climáticos.

Adriana expôs decisões adotadas na área de gestão de pessoas, como a “vaquinha” que distribuiu recursos a servidores afetados e o acolhimento dos colaboradores.

“Ao mesmo tempo em que lamentávamos por toda a sociedade, tínhamos de dar conta de fazer a Fazenda ficar em pé, se reestruturar. Estou há 20 anos aqui e nunca vi a Sefaz agir do jeito que agiu em uma calamidade. Quando percebemos que o melhor caminho é a colaboração, é possível agir mesmo diante do caos”, resumiu. 

Outros temas no GDFAZ

Criado em 1996, o GDFAZ busca aprimorar e fortalecer o papel estratégico da gestão de pessoas nos Estados e fomentar o compartilhamento de boas práticas. A abertura da reunião ocorreu na quarta (9/10), com a presença da coordenadora do grupo, Blenda Couto, de Minas Gerais, do subsecretário da Receita Estadual do RS, Ricardo Neves – que representou a titular da Fazenda, Pricilla Santana – e de Cristina MacDowell, do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). O auditor-fiscal Jorge Luís Tonetto, do RS, foi o responsável pela palestra magna, que tratou de sustentabilidade, de resposta a eventos naturais e de desenvolvimento econômico.

O GDFAZ ainda tem dois dias pela frente. As datas serão marcadas pelas entregas dos grupos temáticos – que tratam de Diagnóstico Institucional, Inovação em Gestão de Pessoas, Desenvolvimento de Pessoas, Capacitação e Comunicação – e pelas apresentações de iniciativas desenvolvidas pelos Estados, entre outras agendas.

Semana Fazendária  

A Semana Fazendária Rio Grande do Sul 2025 começou em 29 de setembro e termina na sexta (10/10), com os encontros do GDFAZ e do Grupo Nacional de Educação Fiscal (GT-66). Coordenado pela Secretaria da Fazenda do RS e pelo Comitê Nacional dos Secretários de Fazenda (Comsefaz), o evento tem apoio do Governo do Rio Grande do Sul, do Banrisul, do Itaú, do Serpro, da Vero, da Procergs - Centro de Tecnologia da Informação e Comunicação do Estado do Rio Grande do Sul e de outros parceiros. As fotos dos encontros podem ser conferidas nesta página

Texto: Bibiana Dihl/Ascom Sefaz  
Edição: Secom

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