Quanto mais cedo se começam os programas para a primeira infância e quanto maior for o envolvimento dos pais, melhor será o impacto social, seja na redução da violência, na questão do emprego ou da gravidez precoce. A afirmação foi feita hoje (13) na abertura do I° Simpósio Internacional da Primeira Infância Melhor (PIM) pelo Nobel de Economia de 2000, James Heckmann. O especialista foi o palestrante principal do evento, promovido pela Secretaria Estadual da Saúde e UNESCO para demonstrar ao setores privado e público a importância de investir na primeira infância para o crescimento econômico sustentável. O investimento na infância tem uma taxa de retorno muito maior, especialmente se comparado a programas voltados para os adultos, como treinamento para o mercado de trabalho, reabilitação de presos e alfabetização, que às vezes tem zero de resposta, afirmou Heckman. O impacto econômico dos programas experimentais desenvolvidos nos Estados Unidos por empresas privadas, públicas e igrejas, que funcionam muito mais do que creches, pode ser medido pelos seguintes números: para cada dólar investido, há um retorno de 7 a 8 dólares, ou seja, de 15 a 18% ao ano. O economista demonstrou que a habilidade que se aprende hoje gera mais habilidade. Quando é feita mais tarde, não se obtém o mesmo impacto e a capacidade da criança se perde. Pesquisas revelam que as crianças estimuladas mais cedo não só aprendem mais, como ficam motivadas a buscar mais conhecimento. Já que a desigualdade nasce no berço, se esperarmos até os 6 anos, a criança não tem condições de competir com o aluno rico que já entra na escola até sabendo ler. Papel dos pais - Segundo o economista, a escola não vai resolver a desigualdade, caberá aos pais preparar os filhos para que a educação comece antes. A criança é a matéria- prima que será trabalhada. Se a educação for de qualidade, consegue-se um bom produto final, assegura Heckman. Ele colocou também que a questão do desenvolvimento infantil é mais ampla do que o simples conhecimento. Crianças assistidas por programas sociais, às vezes, não têm aumento de QI, mas podem ampliar a persistência, a disciplina e a motivação. O Nobel de Economia deu um recado aos mais de 1500 participantes do simpósio: a política de investimento em criança tem uma característica econômica de aumentar a produtividade da mão de obra, gerar mais igualdade e produtividade. Ganhos sociais coexistem com ganhos econômicos. A idéia é que as empresas saibam que compensa este tipo de investimento.