Oswaldo Aranha, Um Gaúcho Modelar
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Em novembro de 2009 celebramos o cinquentenário de falecimento do General José Antônio Flores da Cunha. Agora, em janeiro de 2010, completam-se também 50 anos desde a morte de Oswaldo Aranha, amigo de Flores e seu companheiro de armas e de ideais, cuja estatura política no seu tempo apenas pode ser comparada com a de outro amigo, Getúlio Vargas.
Oswaldo Aranha foi advogado, participou em cinco revoluções, foi deputado federal, intendente no Alegrete, onde nasceu, professor de direito, secretário do Interior e Justiça, general honorário, ministro das Relações Exteriores, ministro da Justiça e Negócios do Interior, ministro da Fazenda por duas vezes, embaixador em Washington e embaixador na ONU, além de seu presidente, eleito e reeleito. Oswaldo Aranha nasceu gaúcho e cidadão brasileiro, mas se tornou cidadão do mundo. Nesta trajetória pessoal, fecunda e impetuosa, faltou-lhe apenas governar o Rio Grande, tarefa que lhe foi negada em favor, primeiro, da sua convocação para o ministério de Vargas e, depois, por alçar ainda mais altos voos.
Membro destacado de uma geração que entrou na política pelos campos de batalha, ou vice-versa, tornou-se, também ele, como tantos outros, um conciliador e um construtor de harmonia, como bem exemplifica o episódio do duelo de morte entre Flores da Cunha e Batista Luzardo, inimigos separados pela cor do lenço, que ele interveio para evitar.
A sua natureza guerreira, da estirpe do Cacique Tibiriçá, defensor de Piratininga, foi provada nos campos de batalha do Ibirapuitã, do Passo da Conceição, de Itaqui, do Seival, além da tomada do quartel-general do III Exército, em Porto Alegre, na Revolução de 1930. Sempre na linha de frente, escapou da morte muitas vezes, não sem ferimentos, concluindo sua vida revolucionária como líder inconteste, superado apenas por Getúlio, da nova fase política e econômica que preparou o caminho e iniciou a construção do Brasil que temos hoje.
Não bastassem tantos feitos, como ministro da Justiça criou a Ordem dos Advogados do Brasil, como ministro da Fazenda estimulou a operação do Banco do Brasil como banco central, rural e comercial, criou a Cacex e a Sumoc (embrião do futuro Banco Central) e adotou uma sistemática de desvalorização cambial do cruzeiro que alavancou o processo de industrialização do país. Como chanceler, alinhou o Brasil com os países aliados contra o nazi-fascismo e como embaixador culminou sua trajetória diplomática com a criação do Estado de Israel, em 1947.
O Rio Grande, que sempre o acompanhou em sua jornada, continua a preservar sua memória e a conservar o seu legado, que pode ser traduzido pelo seu lema nasci para servir ao meu país e não para me servir dele. Sua vida permanece como inspiração e exemplo de dedicação competente ao interesse público e à boa política.
Governadora do Estado do Rio Grande Sul