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Painel e documentário marcam os 40 anos do sequestro dos uruguaios em Porto Alegre

O debate tem a participação de Lilián Celiberti, vítima do sequestro, e Luiz Cláudio Cunha, que tornou público o episódio

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Manifestação em São Paulo pelo esclarecimento do sequestro dos uruguaios em Porto Alegre
Manifestação em São Paulo pelo esclarecimento do sequestro dos uruguaios em Porto Alegre - Foto: AHRS/Arquivo particular de Omar Ferri

O painel sobre o sequestro dos uruguaios em Porto Alegre, que completa 40 anos, será realizado na segunda-feira (12), às 18h, no Memorial do Rio Grande do Sul (Sala Múltiplos Usos). A palestra tem entrada franca e conta com a participação da ativista uruguaia Lilián Celiberti - uma das vítimas do episódio - e do premiado jornalista Luiz Cláudio Cunha, que tornou público o fato em série de reportagens, publicadas entre 1978 e 1980, na Revista Veja. A atividade integra a programação do evento 'O sequestro dos uruguaios em Porto Alegre: 40 anos depois'.

No mesmo dia, às 16h, será exibido o documentário 'Kollontai, Anotações de Resistência' (Argentina, 2018), com direção e roteiro de Nicolás Méndez Casariego. O filme tem legendas em português e aborda a ditadura civil-militar uruguaia e a formação do partido de resistência, em 1975, na Argentina. Era o Partido pela Vitória do Povo (PVP), do qual Lilián Celiberti e Universindo Rodríguez Díaz eram membros quando foram sequestrados em Porto Alegre.

O sequestro dos uruguaios em Porto Alegre: 40 anos depois

Exposição gratuita, que pode ser visitada até 2 de dezembro, no segundo andar do Memorial do RS. São apresentados 25 painéis com fotografias (algumas da época, de Ricardo Chaves) e charge de Santiago, acompanhadas de textos elucidativos, além da exposição de documentos do Arquivo Histórico do RS. A mostra integra também a exibição do documentário 'O Sequestro dos Uruguaios, 15 anos Depois', produzido pela RBS TV em 1993, com direção de João Guilherme Reis e reportagem e apresentação de Luiz Cláudio Cunha.

A promoção é do Arquivo Histórico do RS e da Assembleia Legislativa, por meio da Comissão de Cidadania e Direitos Humanos. A ideia é incentivar o debate e a reflexão em torno desse episódio político da história recente do Brasil, relacionado às ditaduras militares no Cone Sul, no contexto da chamada Operação Condor.

As visitas são organizadas pelo setor de Ação Educativa do Memorial do RS, direcionadas para escolas e grupos. O agendamento deve ser feito em memorial.acaoeducativa@gmail.com, com horários disponíveis entre terça e sexta-feira, das 10h às 16h.

Lilián Celiberti

Foi prisioneira política da ditadura militar no Uruguai aos 21 anos. Viveu o exílio na Itália, onde lutou pelo feminismo no movimento de mulheres pela legalização do divórcio e do aborto. Em 1976, estabeleceu ligação com o Partido por la Victoria del Pueblo (PVP), fundado em Buenos Aires em 1975. Em 12 de novembro de 1978, foi sequestrada em Porto Alegre junto com Universindo Díaz, além de seus filhos, Camilo e Francesca (oito e três anos).

Nesse período, altos oficiais do exército uruguaio viajavam em segredo para o Brasil com consentimento da ditadura militar brasileira. A denúncia sobre o episódio gerou escândalo internacional. Celiberti ficou presa por cinco anos em Punta de Rieles (Montevidéu). Em 1984, ela e Universindo foram soltos, testemunhando detalhes do ocorrido na capital gaúcha.

Em 1991, por iniciativa do governador Pedro Simon, o Estado do RS reconheceu oficialmente o sequestro dos uruguaios. O governo democrático do presidente uruguaio Luis Alberto Lacalle fez o mesmo no ano seguinte. Em 1985, Celiberti e outras mulheres criaram o coletivo feminista Cotidiano Mujer, em que atuou como coordenadora.

Participou da Articulação Feminista Marcosur (AFM) para o desenvolvimento de um campo político feminista em escala regional e global. Hoje contabiliza mais de 18 publicações sobre o tema.

Luiz Cláudio Cunha

Jornalista cuja carreira ganhou destaque na reportagem investigativa e no jornalismo político. Ganhador de diversos prêmios, foi responsável pela cobertura de fatos políticos marcantes da história recente do país. Escreveu sobre crimes contra direitos humanos praticados pelas ditaduras militares do Cone Sul.

Entre os trabalhos mais importantes está a série de reportagens entre 1978 e 1980, sobre o 'Sequestro dos Uruguaios' - uma ação ilegal de militares uruguaios e agentes brasileiros com a prisão de ativistas uruguaios, no âmbito da clandestina Operação Condor. O trabalho foi feito em conjunto com o fotógrafo J.B. Scalco, e rendeu-lhe o prêmio principal Esso de Jornalismo de 1979 - importante premiação da imprensa brasileira.

Em 2008, lançou o livro Operação Condor: o Sequestro dos Uruguaios - uma reportagem dos tempos da ditadura, recebendo da Câmara Brasileira do Livro o Prêmio Jabuti, além de menção honrosa do Prêmio Vladimir Herzog do Sindicato dos Jornalistas de São Paulo, ambos na categoria Livro-Reportagem. A publicação também obteve o prêmio Casa de las Américas, Telesp e Abril. É detentor do Título de Notório Saber em Jornalismo pela Universidade de Brasília.

Texto: Mariângela Machado/Ascom Memorial do RS
Edição: Sílvia Lago/Secom

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