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Pesquisas incentivarão pecuaristas familiares

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O Governo do Estado vai investir R$ 520 mil em pesquisas voltadas ao desenvolvimento da pecuária familiar nas regiões da Fronteira Oeste e Campanha num prazo de 18 meses. O projeto, que está sendo viabilizado por intermédio do Programa RS Rural, será gerenciado pela Fundação Estadual de Pesquisa Agropecuária (Fepagro), de acordo com o convênio assinado com a Secretaria da Agricultura e Abastecimento (SAA). Segundo a coordenadora do RS Campanha e Fronteira Oeste, Zélia Maria Castilhos, as ações estão na fase de planejamento e a execução dos trabalhos deverá iniciar já no segundo semestre deste ano. Por enquanto, foram selecionadas oito propostas de estudos para serem realizadas nas unidades de São Borja, Dom Pedrito, Uruguaiana, Hulha Negra, Santana do Livramento e São Gabriel. O foco principal do projeto é desenvolver alternativas para o sistema de produção dos pecuaristas familiares, destaca a pesquisadora Zélia, apontando que a meta é capacitar esse importante segmento, hoje responsável por mais de 23% das 13 milhões de cabeças de gado produzidas no Rio Grande do Sul. As iniciativas do RS Campanha e Fronteira Oeste valem-se de um estudo técnico realizado pelo engenheiro agrônomo da Emater Cláudio Ribeiro, que descobriu nesses produtores um novo perfil, distinto da pecuária praticada nas grandes propriedades. As principais características encontradas são a dedicação à pecuária bovina de corte e/ou ovinocultura, a utilização da mão-de-obra familiar e uma renda anual de no máximo até R$ 30 mil. Ao todo, estima-se a existência de 40 mil pecuaristas familiares no Estado e a maioria está localizada na Metade Sul, especialmente nas regiões da Campanha e da Fronteira Oeste. Além disso, a avaliação identificou que 65% dos estabelecimentos dessas localidades têm menos de 100 hectares, desmistificando a idéia de que a pecuária está concentrada em grandes propriedades rurais. Produção integrada Para estimular o aumento de produtividade dos rebanhos desses pecuaristas familiares e proporcionar novas fontes de renda, o RS Campanha Fronteira Oeste vai atuar em duas frentes de pesquisa: uma ligada à área de produção animal e outra direcionada à área vegetal, com implantação de estudos sobre melhoramento e manejo de pastagens naturais e adoção de outros tipos de alimentos alternativos. Atividades de valorização dos produtos agrícolas também serão realizadas, com a criação de um núcleo de artesanato em lã, que vai propiciar um maior retorno econômico do que a simples venda da sua matéria-prima. A característica principal do projeto é a interdisciplinaridade entre as pesquisas que serão implementadas, pois uma propriedade rural deve ser sempre pensada como um todo, explica a coordenadora, fazendo referência ao fato de que a união entre agricultura e pecuária é necessária para solucionar problemas decorrentes das duas atividades e dar estabilidade à produção. Um exemplo de técnica que demonstra a relação harmônica ambicionada pelo projeto é o sistema silvipastoril com acácia negra. Os resultados dos experimentos - implantados em 1995 na unidade de pesquisa de Tupanciretã - comprovaram os lucros decorrentes da integração entre as produções de árvore, animal e pastagem, permitindo tanto a criação de gado quanto a de matéria-prima florestal. Sua vantagem principal é o fato do bosque ajudar a proteger a pastagem de estresses climáticos, como as geadas, ao mesmo tempo em que as sombras das árvores servem de abrigo para os animais. Com isso, eles passam a suportar melhor o calor, especialmente no verão, reduzindo a perda de peso. Salientam-se ainda, entre outros benefícios, a recuperação e manutenção da fertilidade do solo e a possibilidade de uma renda extra com a venda de acácia negra, quando ela atingir o porte ideal exigido para corte. A experiência deverá ser repetida em Uruguaiana, onde será montada uma unidade demonstrativa na qual os interessados terão acesso facilitado a pesquisa desenvolvida e a outras atividades executadas pelo do RS Campanha e Fronteira Oeste. Com todas essas ações, pretendemos estender a valorização da agricultura familiar para os pecuaristas familiares que vem contribuindo significativamente para a economia do Estado, afirma o diretor-presidente da Fepagro, Carlos Cardinal.
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