Potencial da região dos Campos de Cima da Serra para a produção de mel é destacado em seminário
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A apicultura possui potencial para desenvolver-se mais na região dos Campos de Cima da Serra. A certificação do mel produzido na região como orgânico e a polinização de pomares por abelhas são alguns dos aspectos favoráveis à ampliação da atividade, apontados pelo técnico agrícola da Emater/RS-Ascar, Leandro Amoroso, no 10º Seminário Estadual de Apicultura e 4º Encontro Estadual de Meliponicultores, que está acontecendo em Cambará do Sul. O evento, promovido pela Emater, Federação Apícola do RS (Fargs), Prefeitura e Associação Cambaraense de Apicultores, com o apoio de diversas entidades, ocorre até amanhã, no CTG 29 de Setembro. Conforme estimativas da Emater, a região conta com aproximadamente 700 apicultores, com um total de 23.500 colméias (média de 33 colméias/apicultor), com predomínio do uso do sistema Schenk. A produtividade média é de 11,5 Kg/colméia/ano e a produção atinge 270 toneladas, sendo que o município de maior expressão é Cambará do Sul, com produção de 150 toneladas por ano. Com certeza, a produção pode ser dobrada com facilidade, diz Amoroso. Segundo o técnico, uma das principais dificuldades é a falta de especialização e capacitação e a resistência, de parte dos produtores, em introduzir mudanças. Apesar disso, a atividade tem potencial para crescer, e uma delas é a certificação de mel orgânico. Essa região pode ter mel orgânico porque são municípios com pouca agricultura. Cambará do Sul tem 42 mil hectares de mata nativa. Por isso, o nosso mel é totalmente nativo, silvestre e, posso dizer, orgânico, pois não existem lavouras que possam trazer algum potencial de contaminação, declara. Além disso, a produção e exportação de melato (mel escuro que possui um teor de sacarose de 15%, enquanto que o mel tem no máximo 6%), que é colhido em anos alternados, em função da ocorrência de bracatinga nas matas, e a denominação de origem do mel branco, mel típico da região obtido a partir do néctar das flores da carne-de-vaca, bastante aceito e valorizado pelo mercado consumidor, são outros aspectos que devem ser trabalhados e que podem contribuir para expandir a atividade. Na região, a apicultura também assume grande importância na polinização de espécies cultiváveis e pomares. Um exemplo é a soja , cujo plantio concentra-se principalmente entre Vacaria e Lagoa Vermelha, totalizando 130 mil hectares. Dados preliminares de pesquisas indicam um aumento de 20% na produtividade desta cultura, em função da polinização por abelhas, salienta o técnico. Para ele, a região apresenta um grande potencial para explorar o néctar que a soja produz, o único problema é a aplicação de agrotóxicos na cultura. Além da soja, o uso das abelhas na polinização da maçã, que ocupa uma área de aproximadamente 10 mil hectares em Vacaria, Bom Jesus e São José dos Ausentes, é fundamental. Sem a presença das abelhas na maçã, a produtividade fica comprometida, esclarece Amoroso. Na região, além da utilização de colméias próprias, existem muitos apicultores que se dedicam à realização do serviço de polinização. Expoapis e Concurso de Qualidade do Mel Paralelo ao evento, acontece a 9ª Feira Estadual de Produtos Apícolas (Expoapis). Vinte expositores do RS e de outros estados, além do Uruguai, estão participando da feira. A Expoapis apresenta máquinas, equipamentos, colméias, embalagens, literatura e produtos voltados ao setor, oportunizando aos participantes conhecerem novos produtos e tecnologias e fazer negócios. Além da feira, os produtores também podem visitar um meliponário (local onde são criadas as abelhas nativas sem ferrão) montado no local pela PUC/RS e Fepagro, onde podem saber mais sobre as espécies existente no RS, os locais de nidificação, os municípios em que podem ser encontradas e os modelos de caixas, entre outras informações. A Fargs também está promovendo a 7ª edição do Concurso Estadual de Qualidade do Mel, do qual participam associações de apicultores filiados à federação. Foram recebidas 13 amostras, de 10 municípios do RS. O vice-presidente da Fargs, Silvio Lengler, explica que a avaliação inclui análises química (acidez e umidade) e sensorial (sabor, cor e aroma). Lengler diz que o mel produzido no RS é um mel bastante diversificado em termos de qualidade, devido à grande quantidade de microrregiões existentes. Essas 13 amostras são de méis de 13 floradas diferentes, provenientes de municípios desde a fronteira até os Campos de Cima da Serra. Segundo Lengler, os méis que participam do concurso nunca estão fora do padrão. Os produtores estão se adequando para poder participar. Por isso, esses méis são altamente qualificados, pois a umidade é baixa, bem como a acidez, salienta. De acordo com ele, adquirir mel de produtores das associações é uma garantia de qualidade para o consumidor. O resultado do concurso será divulgado amanhã (13), ás 11h30, no encerramento do seminário. Os três primeiros classificados receberão troféus e, os demais, certificado.