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Potencialidade multifuncional da agricultura familiar é tema do Congresso Brasileiro de Agroecologia

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A multifuncionalidade da agricultura surgiu com a pretensão de destacar e promover outras funções e atividades no meio rural, como o agroturismo, diferentes do cultivo e criações. Esse foi o tema abordado, nesta quarta-feira (19), pelo professor da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Renato Sérgio Maluf, no I Congresso Brasileiro de Agroecologia, IV Seminário Internacional e V Seminário Estadual sobre Agroecologia, na PUCRS, em Porto Alegre. Maluf evidenciou que nem todo espaço de agricultura familiar é multifuncional, porém é o espaço da agricultura familiar o mais adequado e oportuno para o desenvolvimento da agricultura multifuncional. Nesta tarde, também foi abordada a questão da herança de degradação recebida pela sociedade atual e sobre o que será repassado para as gerações futuras. O evento ocorre até a próxima sexta-feira (21). Maluf destaca que, para a efetivação de um plano de análise da multifuncionalidade da agricultura, é necessário considerar como unidade básica a família rural e valorizar o território e os espaços culturais locais. As políticas públicas também precisam passar por um processo de inovação e transformação para adaptarem-se ao sistema de multifuncionalidade da agricultura, declarou. No Brasil, segundo o palestrante, é preciso considerar a heterogeneidade e as desigualdades sociais, a manutenção da identidade cultural e social, a preservação do meio ambiente e a soberania alimentar. Para Maluf, a produção para o auto-consumo representa qualidade de alimentação. Mesmo não sendo função específica da multifuncionalidade da agricultura, garantir a segurança alimentar é um dos seus principais enfoques, afirmou. Gerações futuras O que deixaremos para as gerações futuras?. Com essa pergunta, o professor da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, José Augusto Pádua, encerrou palestra Sociedade, Políticas Públicas e Sustentabilidade. Na palestra, Pádua abordou a questão da agricultura e da degradação ambiental pelo enfoque histórico da formação social brasileira, salientando que somente a Agroecologia pode recuperar áreas destruídas, como a Mata Atlântica. Pádua falou que o modelo de agricultura no Brasil é baseado no escravismo, na monocultura e no latifúndio trazidos pelos europeus, os quais implantaram em toda a América Latina uma colonização predatória. Esse modelo agrícola, que o palestrante chama de tríplice herança, ainda estrutura a sociedade atual. Ele salientou, ainda, que a crítica a esse modelo de exploração econômica não é algo recente. Muitos pensadores brasileiros já observavam, em pleno século XVIII, que esse modelo colonial não faria o país prosperar e passaram a lutar por uma alternativa. Dessa maneira, José Pádua afirma que fazer política pública ou analisar a nossa realidade sem conhecer a história é agir às cegas. Afirmou que, a partir das críticas dos modelos de formação da agricultura brasileira se conseguirá reverter o quadro de degradação do meio ambiente e do próprio processo agrícola. Sobre o futuro, o professor afirma que, no século XXI, não deverá mais ser utilizada a ecologia de proteção, mas sim a de reconstrução, onde o uso da Agroecologia será fundamental. Programação de quinta-feira Na quinta-feira (20), o tema principal das palestras será o protagonismo e a participação social. Às 8h, o professor da Universidade Federal de Santa Maria, Eduardo Guilhermo Castro, profere a palestra As formas ocultas de dependência no âmbito rural. Às 8h40min, ocorre a conferência Democratizando o mercado agrícola: mercados locais e participação social, com Héctor Gravina, do Grupo Amigos da Terra, da Espanha. Às 10h20, o índio Mbyá-Guarani Felipe Brizoela realiza a palestra Protagonismo social e soberania alimentar: uma visão indígena. O encerramento das atividades da manhã será às 11h, com a pesquisadora cubana Elizabeth Turruella, e a palestra Uma experiência de agricultura ecológica urbana. À tarde, às 14h, iniciam-se as palestras que integram a programação do Congresso, em quatro auditórios. No auditório 1, o pesquisador da Embrapa Pecuária Sul, Marcos Borba, profere a palestra A incorporação do saber agroecológico na relação sociedade-natureza. No auditório 2, ocorre a palestra A dimensão social do desenvolvimento rural, com o pesquisador da Instituto de Sociologia e Estudos Campesinos, da Espanha, Eduardo Sevilla Guzmán. No auditório 3, o diretor da Faculdade Senac de Educação Ambiental, de São Paulo, Eduardo Ehlers, fala sobre Determinantes da conservação dos recursos naturais. No auditório 4, a pesquisadora mexicana Marta Astier aborda o tema Avaliação de sustentabilidade do manejo de agroecossitemas: o marco Mesmis.
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