Programa da Fapergs que fomenta startups lideradas por doutores é tema no RS Innovation Stage
No segundo dia de South Summit Brazil, palco do governo apresenta cases de sucesso apoiados pela fundação
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Nesta quinta-feira (30/3), segundo dia de South Summit Brazil, um dos destaques da programação do RS Innovation Stage, o palco do governo no evento, foi um painel sobre o programa Doutor Empreendedor. Criado para fomentar startups com pelo menos uma pessoa com titulação de doutor na diretoria ou fundação, o programa já tem duas edições, somando aportes de R$ 10,98 milhões e 54 startups apoiadas. A iniciativa é executada pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Rio Grande do Sul (Fapergs), vinculada à Secretaria de Inovação, Ciência e Tecnologia do estado (Sict)
Na mediação do painel, o diretor técnico-científico da Fapergs, Rafael Roesler, afirmou que 75% das startups apoiadas na primeira edição, que somou R$ 3,5 milhões em 2020, tinham mulheres doutoras. Já na segunda, executada em 2022, as mulheres eram 66%, e o aporte foi de R$ 7,48 milhões.
No palco, a CEO da Syntalgae, Giseli Buffon, celebrou o aporte recebido em 2020, que considera fundamental para a consolidação da startup, dedicada à disponibilização de microalgas para substituir produtos convencionalmente sintetizados à base de petróleo. Hoje, a Syntalgae tem mais de 250 cepas de microalgas.
Giseli afirmou que a startup não existiria sem o Doutor Empreendedor. Segundo ela, o recurso a auxiliou a comprar, em conjunto com a sócia Anja Dullius, a empresa do primeiro investidor. “Éramos duas cientistas no mundo empreendedor, sem saber nada de contrato social. O Doutor Empreendedor surgiu como um benefício”, disse Giseli.
Também no palco para compartilhar sua experiência, o CEO da TerraMares, Victor Brian, representou sua sócia, Luiza Dy Fonseca Costa, que é a doutora da equipe. Ele conta que, diante dos cortes de pesquisa em universidades, ambos vislumbraram a oportunidade de buscar outras formas de recursos para escalar a empresa e oferecer soluções de biotecnologia. Em 2019, eles também foram contemplados pelo programa Centelha, operacionalizado pela Fapergs. “Sem o Doutor Empreendedor, a TerraMares não teria as oportunidades que tem hoje. A parte científica apresenta muito potencial ainda a ser explorado, e a Fapergs e o governo do Estado são grandes fomentadores”, relatou Victor.
Segundo o diretor técnico-científico da Fapergs, há uma dificuldade de as startups compreenderem o manejo do dinheiro público. O valor aportado nos negócios não retorna diretamente à fundação, mas precisa ser investido, necessariamente, na parte de pesquisa das startups. A ideia é que o impacto retorne à sociedade, gerando ganhos na economia.
Sobre isso, Giseli dividiu a experiência da dupla à frente da Syntalgae com a gestão do dinheiro recebido pelo Doutor Empreendedor. “É necessário prestar contas do recurso público. Lembro de ter falado para minha sócia que é necessário multiplicar esse dinheiro, pois ele é do povo. Dinheiro de investidor também não é dado, é preciso multiplicar”, contou a CEO. Segundo ela, o recurso da Fapergs abriu caminho para que elas conseguissem investimentos maiores, como o de uma investidora da Unimed.
Por fim, Victor destacou o olhar diferenciado da Fapergs e das políticas públicas de inovação, que dividiram o Estado em oito ecossistemas regionais. Para ele, isso é muito positivo para desenvolver iniciativas localizadas no interior, como é o caso das duas startups apresentadas no palco.
Texto: Cândida Schaedler/Ascom Sict
Edição: Secom