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Projetos da Secretaria da Cultura divulgam as ações dos Griôs

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O projeto Trocas de Saberes que ocorre desde o dia 5 de agosto e prossegue até 12 de agosto (sexta-feira) no município de Cruz Alta, na Região do Alto Jacuí, torna mais conhecidas as ações Griôs no Rio Grande do Sul. O projeto é uma iniciativa da Secretaria de Estado da Cultura.

Griô é uma palavra abrasileirada pelo ponto de cultura Grãos de Luz e Griô, de Lençóis, Bahia. Vem de griot, da língua francesa, que traduz a palavra Dieli (Jéli ou Djeli), que significa o sangue que circula, na língua bamanan, habitante do território do antigo império Mali, que hoje está dividido entre varios países do noroeste da África. Na tradição oral do noroeste da África, o griô é um(a) caminhante, cantador(a), poeta, contador(a) de histórias, genealogista, artista, comunicador(a) tradicional, mediador(a) político(a) da comunidade. Ele(a) é o sangue que circula os saberes e histórias, mitos, lutas e glórias de seu povo, dando vida à rede de transmissão oral de sua região e país. Para ser Griô é necessário ter 60 anos e aos 65 pode ser elevado a Mestre Griô, antes disso são todos aprendizes.

A pedagogia griô foi criada por Líllian Pacheco e tem como referenciais teóricos e metodológicos a educação biocêntrica, de Ruth Cavalcante; a educação dialógica, de Paulo Freire; a educação para as relações étnico-raciais positivas, de Vanda Machado; a arte educação comunitária, de Carlos Petrovich; a educação que marca o corpo, de Fátima Freire; e é inspirada na pedagogia de todas as expressões culturais de tradição oral, principalmente de raízes afro-indígenas. Está registrada na obra A Reinvenção da Roda da Vida, editada em 2006.

O Griô da Secretaria da Cultura

A Secretaria da Cultura possui na diretoria de Cidadania Cultural um Griô. É João Prudêncio. Baseado nos conceitos consagrados nas pesquisas do Grãos de Luz e Griô - Ponto de Cultura, em Lençóis - Bahia, em 2004, o Ponto de Cultura De Olho na Cultura de Alvorada, apresentou o Griô Prudêncio como Griô em comunicação social, Direitos Humanos e Cidadania. E quebrando o paradigma da cultura de tradição oral foi instituído o primeiro Griô com um histórico de comunicação escrita.

João Prudêncio é o sétimo dos dez filhos de Manoel do Nascimento Prudêncio e de Josefina Agostinho Prudêncio, Quilombolas, remanescentes de um Quilombo da região - localidade conhecida como Rincão dos Negros, periferia de Ramis Galvão - Distrito de Rio Pardo/RS. Chegou em Porto Alegre, em 1962. Passou a frequentar os ateliers de pintores consagrados na capital Gaúcha, participando de oficinas de desenho livre e desenvolveu habilidade de pintura e desenho artístico - profissão que se consolida durante a prestação do Serviço Militar, 1966/1967, na Primeira Companhia de Guardas em Porto Alegre.

Em 1968, Prudêncio começa a trabalhar como desenhista ilustrador no Jornal Zero Hora e programador visual na então Televisão Gaúcha , concomitantemente exercendo a função de ilustrador e arte-finalista na Mercur Publicidade. Em 1972, passa a estudar pintura com Paulo Porcela e Danúbio Gonçalves no Atelier Livre.

Engajado nos Movimentos Sociais, Prudêncio lidera o Movimento dos Pintores Novos - que teve início com a 1ª Exposição dos Pintores Novos (25 de Setembro a 15 de Outubro de 1973) no Hospital de Clínicas de Porto Alegre, uma ação que se constituiu num movimento de contestação ao Regime Militar. Após a 2ª exposição dos Pintores Novos, em agosto de 1974, pressionado pelos agentes da Ditadura Militar, Prudêncio se radicou no Rio de Janeiro.

Na capital carioca se uniu ao grupo do Sidney Miller - compositor e músico. Após exercer as funções de editor na Revista REBAT; diagramador no Jornal Brasileiro de Medicina, diagramador; redator e repórter na Revista Manchete e em outros veículos da Bloch Editores, Prudêncio obtém o registro de Jornalista Profissional através da Lei de 1979. Cria o Curso Prático no Processo da Comunicação na Associação Brasileira de Imprensa, iniciando a trajetória do Jornal Movimentação. A partir da 1ª edição do Jornal Movimentação, Prudêncio se aproxima do Ibase - Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas. Com Herbert de Sousa, o Betinho, (1º secretário do Ibase à época), passa a desenvolver trabalhos de pesquisa e parceria nas edições do Jornal Movimentação e o Jornal da Cidadania do Ibase.

Em 1991, Prudêncio passa a realizar os laboratórios de Jornal Comunitário na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), na Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), na Faculdade de Comunicação Hélio Alonso (FACHA) e na Universidade Estácio de Sá (UNESA.

Em 1997 retorna para o RS e reinicia sua trajetória nos Movimentos Sociais no Estado, resgata sua tradição oral através das oficinas em Rádios Comunitárias, Jornal Mural e Artes Visuais, ministrando oficinas nas cidades de Alvorada, Porto Alegre, Esteio, São Leopoldo. Em 2007, resgatando uma trajetória que teve inicio em 1973, Prudêncio organizou uma Assembleia com vários ativistas sociais e institui a ONG Movimentação e passou a trabalhar com ações compartilhadas com vários grupos da sociedade civil organizada. Assim foi criado o Projeto Caravana da Restauração Social. Constituído de jornalistas, professores, pesquisadores, atores, artistas plásticos, músicos, artesãos, educadores populares, ativistas comunitários, agentes da Economia Popular e Solidária. 

Com as ações culturais compartilhadas com diversos segmentos sociais, a ONG Movimentação responde pelo Prêmio Cultura Viva do Ministério da Cultura com as seguintes iniciativas: Projeto Palhaço na Periferia; com o Projeto da Caravana da Restauração Social que responde pelos Pontos de Leitura - I Concurso Machado de Assis da Fundação Biblioteca Nacional - Ministério da Cultura; Roteiro Cultural Correios Negro - Circuito Escolar. Além dos projetos, a ONG com a Caravana da Restauração Social cumpre um calendário anual de eventos, com datas pontuais.

Texto/foto: Maria Emília Portella
Edição: Redação Secom (51)3210-4305

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