Propriedade integrada é exemplo em Dia de Campo em Chapada
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As atividades integradas da propriedade da família Soares, na Linha Bonita, em Chapada, foram exemplos para os 90 agricultores, de oito comunidades do município, que participaram nesta quinta-feira (21) do Dia de Campo promovido pela Emater/RS-Ascar, Secretaria Municipal da Agricultura, Cotrisal e Banco do Brasil. Pela manhã, duas palestras foram ministradas, sobre crédito rural, com o engenheiro agrônomo da Emater/RS-Ascar de Constantina, Rubem Bernardi, e sobre linhas de crédito, com representantes do Banco do Brasil. A atividade aconteceu no Clube Recreativo Tesouras.
À tarde, a propriedade da família Soares recebeu os agricultores que, divididos em três grupos, visitaram quatro estações explicativas de diferentes atividades da propriedade. A extensionista de Bem-Estar Social da Emater/RS-Ascar Odete Finck trabalhou a temática da fitoterapia animal, que é o uso das plantas medicinais para tratamento preventivo ou curativo das doenças. Chás e tinturas são as formas mais comuns de utilização das plantas medicinais. Em animais, os chás são dados geralmente em beberagem, e a administração de emplastros e pomadas é utilizada para problemas de pele, como rachadura de tetos, feridas e queimaduras. A lavagem e desinfecção de tetas, úberes, vasilhames e da sala de ordenha foram demonstradas pela extensionista, a partir do espaço de ordenha da família Soares.
A estação sobre manejo e fertilidade do solo foi coordenada pela engenheira agrônoma da Emater/RS-Ascar Joana Graciela Hanauer, que explicou os passos necessários para realização da análise do solo, como retirada da amostragem do solo ou tecido vegetal, análise em laboratório, interpretação dos resultados analíticos e, por fim, recomendação de corretivos e de fertilizantes. Joana ilustrou ainda o período de utilização e a capacidade de suporte de cada variedade de pastagem. “O sucesso das recomendações depende de boas práticas de manejo do solo e da cultura, com cultivares adaptados de alto potencial produtivo, manejo adequado do solo e cultura, época e densidade de semeadura adequada, controle de invasoras, pragas e moléstias, além da utilização de tecnologia adequada para colheita e pós-colheita”, esclareceu a agrônoma.
O manejo de pastagem foi tema abordado pelo técnico em agropecuária da Emater/RS-Ascar de Constantina, Aldoir Ott, que apresentou o projeto piloto de viabilização da atividade leiteira em pequenas propriedades, através da produção de leite à base de pasto, sob o sistema de Pastoreio Racional Voisin (PRV), implantado no município de Constantina. Essa proposta tem como objetivo a utilização de recursos naturais, produção de alimentos saudáveis, promoção da qualidade de vida, geração de trabalho, aumento da renda da família, inclusão social e sucessão familiar. “Hoje, para produzir leite é preciso pastagem de boa qualidade. É o sistema mais barato e que resulta em uma margem de lucro maior”, exclamou Adoir, ressaltando a pastagem perene como opção para melhoria da atividade. Na estação, os agricultores aprenderam ainda como produzir mudas de pastagem para redução de custo e aumento da produtividade em suas propriedades.
A família Soares
Há 17 anos a família Soares iniciou sua vida na propriedade da Linha Bonita, interior de Chapada. Ao chegar naquela área, o casal, Alípio e Salete, analisou as condições da propriedade e resolveu investir na atividade leiteira. Com planejamento, a família foi aos poucos organizando a propriedade, adaptando e melhorando a estrutura do local.
Em 2009, o filho mais velho, Rodrigo Soares, formou-se em técnico em agropecuária e resolveu voltar a trabalhar com a família na propriedade. Rodrigo mora na cidade, mas sua renda advém do trabalho que realiza na bovinocultura. “Na cidade nunca iria conseguir o que eu ganho aqui”, afirmou. A família começou a investir na atividade leiteira, com inseminação, melhoria do plantel e investimento em pastagem. Há dois anos construíram uma sala de ordenha adequada para realização do trabalho. Rodrigo não recebe salário fixo, sua renda varia de acordo com a produtividade do rebanho. Cerca de 20% da renda conseguida com o leite fica para o filho. “Isso é um estímulo pra mim, me faz querer trabalhar mais para produzir mais”, declarou Rodrigo.
Com uma área de23 hectares, a família Soares trabalha com plantio de soja, milho para silagem e pastagens para os bovinos de leite. Deste total, quatro hectares são destinados ao plantio de pastagem perene. No início, a atividade rendia, em média,11 litrospor animal; hoje, essa média gira em torno de23 litrospor animal. A utilização de piquetes nas pastagens foi outra aposta da família para diminuir e facilitar o trabalho com os animais.
A família Soares preza muito pelo bem-estar e qualidade de vida. Através do planejamento, a família mantém a organização e a limpeza da propriedade, realizando melhorias nos arredores da casa e preservando um jardim e a horta. “Aqui é onde nós moramos, então devemos deixar o local apropriado para vivermos. É o lugar onde nos sentimos bem”, destacou Salete. A filha mais nova do casal, Daiane Soares, é professora, trabalha e estuda, mas mora e ajuda a mãe nos serviços da propriedade.
A união da família é o que permite os bons resultados obtidos na propriedade. Sem esquecer o lazer nos fins de semana, eles dividem as tarefas para que todos possam aproveitar de momentos de lazer, além das férias anuais que a família tira. “Nós já descobrimos nosso caminho, a nossa maneira que deu certo”, disse Salete.
Texto: Marcela Buzatto
Edição: Redação Secom