O Rio Grande do Sul obteve uma melhora histórica na qualidade do ensino das escolas estaduais. É o que aponta o resultado do Sistema de Avaliação Escolar (Saers) de 2018, feito com mais de 240 mil alunos dos ensinos Fundamental e Médio. De acordo com a Universidade Federal de Juiz de Fora (MG), que aplicou os exames este ano, dos 12 estados que realizaram exames semelhantes, os gaúchos foram os que alcançaram os melhores dados. Os resultados foram apresentados nesta sexta-feira (21), em coletiva na Secretaria da Educação (Seduc).

Realizado pela Seduc entre 19 e 23 de novembro, o Saers segue parâmetros recomendados pelo MEC e avalia o rendimento de três séries: 3º e 6º anos do Ensino Fundamental e 1º do Ensino Médio. Em todos, os alunos respondem a questões de Matemática e Língua Portuguesa.

Em relação ao exame anterior, em 2016, a melhora mais expressiva foi no 1º ano do Ensino Médio. Em Língua Portuguesa, a quantidade de estudantes com nível adequado e avançado cresceu 65,2% - a cada grupo de cinco alunos, apenas um mostrou desempenho abaixo do básico. Em Matemática, a melhora foi ainda mais surpreendente: o crescimento entre alunos de nível adequado ou avançado foi de 72,2%. E a quantidade de alunos com nível abaixo do básico teve redução de 21,13%. O exame foi feito com mais de 127 mil alunos.

Já no sexto ano, dos mais de 52 mil alunos, 32,9% apresentaram desempenho adequado ou avançado em Matemática. Significa um crescimento de 18,4% em apenas dois anos. Ao mesmo tempo, a quantidade de alunos com rendimento abaixo do básico caiu de 29,6% para 25,7%. Na prática, três a cada quatro alunos do 6º ano estão com desempenho básico (ou acima disso) na disciplina.

Em Língua Portuguesa, ainda no 6º ano, mais da metade (50,2%) dos alunos mostraram nível adequado ou avançado - crescimento de 16,7% em relação a 2016. Outros 14,5% ficaram abaixo do básico, quantidade 12,4% menor que a obtida no Saers anterior.

No terceiro ano do Ensino Fundamental não há dados comparativos, pois não houve Saers para estudantes deste ano em 2016. "Na ocasião, foram avaliados alunos do 2º ano do Fundamental, mas em 2017 o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep) passou a considerar este ano para a Avaliação Nacional de Alfabetização (ANA) e foi necessário trocá-lo para o Saers", explicou a coordenadora de avaliações em larga escala da Seduc, Salete Albuquerque.

Mudanças

Depois de seis anos inativo, o Saers voltou a ser realizado pela Seduc em 2016. Para o secretário da Educação, Ronald Krummenauer, o exame foi crucial para que medidas fossem tomadas visando a melhora no aprendizado. "A partir dos resultados, identificamos os problemas e tomamos as medidas adequadas. Nosso foco sempre foi o aluno", disse.

Com o desempenho de cada escola identificado pelo Saers, o Departamento Pedagógico da Seduc começou a tomar medidas. Houve ações específicas para cada turma, mas algumas determinações foram mais abrangentes. Uma delas foi a intensificação de cursos de formação para docentes. Somente em 2018, 56 mil professores participaram de alguma qualificação. Houve parceria com o Consórcio das Universidades Comunitárias Gaúchas (Comung) com formações nas áreas de Língua Portuguesa e Matemática.

"Sem dúvida, o investimento pedagógico é o que mais tem relação direta com os avanços no aprendizado, mas não podemos esquecer da melhora feita na infraestrutura nas escolas. Ter uma melhor condição em sala de aula, certamente, traz benefícios direto aos alunos", lembrou Sonia Rosa. Desde 2016, cerca de 1,2 mil escolas da rede estadual passaram por algum tipo de obra.

Outra medida foi a parceria com a Secretaria do Planejamento, Governança e Gestão (SPGG) que desenvolveu cultura de gestão por resultados

Saers

A avaliação educacional em larga escala no RS possui uma trajetória singular. Desde 1995, o estado conta com legislação própria sobre o tema, atribuindo à Secretaria de Educação a coordenação e a execução da avaliação de todos os estabelecimentos da rede pública de ensino. O objetivo é produzir informações sobre o sistema educacional que possam dar suporte a ações destinadas à melhoria do ensino e da aprendizagem.

O Saers envolveu escolas urbanas e rurais sem observância do número de alunos para a participação. As etapas avaliadas foram escolhidas por terem sido tratadas como momentos cruciais para a trajetória escolar dos alunos. Assim, os diagnósticos produzidos em cada uma delas poderiam ser utilizados para planejar ações pedagógicas de modo a contornar os problemas de aprendizagem identificados nos testes.

Confira os dados completos

Texto: Renato Gava/Seduc
Edição: Gonçalo Valduga/Secom