Rio Grande do Sul retoma condição de zona livre de febre aftosa
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O secretário da Agricultura e Abastecimento, José Hermeto Hoffmann, resumiu o sentimento de satisfação do governo estadual pela retomada da condição, pelo Estado, de zona livre de febre aftosa com vacinação, ao afirmar que o dia de hoje representa uma vitória para a agricultura do Rio Grande do Sul. A decisão, divulgada durante a reunião da Organização Internacional de Epizootias (OIE), que ocorreu no Rio de Janeiro, foi avaliada pelo secretário em entrevista coletiva concedida à imprensa esta tarde (27), na sede da SAA, em Porto Alegre. Com a retomada do certificado de zona livre, o Rio Grande do Sul pode voltar, de imediato, a comercializar carne com osso para os demais estados do país e também para o mercado consumidor internacional. O acesso ao mercado nacional nas mesmas condições que Santa Catarina (que faz parte, junto com o RS e parte do Paraná, do Circuito Pecuário Sul) é destacado pelo secretário como uma das principais vantagens decorrentes da conquista do novo status sanitário. Com a manutenção do Circuito Pecuário, RS e SC têm o mesmo status sanitário, o que significa que não teremos desvantagens em relação ao estado vizinho na comercialização de carne com osso, avaliou Hoffmann. As vendas do produto gaúcho estavam suspensas desde a ocorrência dos primeiros focos de febre aftosa, em agosto de 2000, na região de Jóia, no Noroeste do Estado. O Estado voltou a comercializar carne sem osso e animais vivos, mediante quarentena, a partir de dezembro do ano passado. A partir de agora, os animais vivos comercializados para outras unidades da Federação também poderão sair do RS sem a necessidade de passar por quarentena. Estamos coroando um processo importante, mas muito duro. Hoje temos a certeza de que a sanidade do rebanho gaúcho está melhor do que em 1999, quando conquistamos o certificado de zona livre sem vacinação. De todos os estados da Federação, o RS é o que tem a situação mais tranqüila, devido à cobertura vacinal de nosso rebanho, destacou o secretário. Segundo ele, o aumento do índice de cobertura vacinal obtido nas quatro imunizações realizadas após a ocorrência dos focos é um dos indicativos da melhoria da sanidade dos animais. Nestas, a média de cobertura obtida atingiu 98%, enquanto nas vacinações realizadas antes da suspensão, em 1998, os índices alcançavam apenas 60% do rebanho. Isso também reforça nossa convicção da importância da gratuidade das vacinas para os pequenos agricultores, que muitas vezes deixaram de imunizar os animais porque não tem recursos para pagar as doses, explicou. Para o secretário, a primeira grande lição que deve ser tirada dos episódios é a convicção, já adotada por todo o setor, de que a febre aftosa é um tema continental, e, como tal, a política para a erradicação da doença tem de ser feita em conjunto entre todos os países do continente. Disso decorre a necessidade de revisão do programa nacional de erradicação da febre aftosa - programa que penaliza os Estados fronteiriços. Um dos aspectos que deve ser levado em conta, de acordo com Hoffmann, é a sensibilidade social das políticas que tratam do tema. Conseguimos fazer com que não houvesse matança indiscriminada de animais, e isto foi um grande avanço, mas precisamos evoluir ainda mais, ressaltou. A febre aftosa deve ser tratada tecnicamente, como assunto técnico que é. O combate aos focos que atingiram o Estado em 2000 e em 2001 e todas as ações implementadas para o controle e erradicação da doença do território gaúcho, bem como as medidas para recuperação econômica dos municípios afetados, custaram aos cofres do Estado R$ 28,5 milhões. Entre as medidas, destaca-se o pagamento de indenizações e a disponibilização de renda mensal, a compra e distribuição de cestas básicas e sementes de milho para transformação das pastagens em lavouras, a compra de vacinas para os agricultores familiares, a aquisição de animais sentinelas, a realização de barreiras sanitárias, etc. Comemoração No episódio de 2000, foram registrados focos em Jóia, Eugênio de Castro, Augusto Pestana e São Miguel das Missões; no episódio de 2001, o vírus atingiu os municípios de Santana do Livramento, Alegrete, Quaraí, Dom Pedrito, Jari e Rio Grande. O último foco da doença foi identificado no dia 16 de julho, em Rio Grande, com sacrifício dos animais doentes no dia 18 julho. Nos próximos dias, o governo do Estado vai promover uma confraternização com o setor para comemorar a conquista do status sanitário de zona livre de febre aftosa. Hoffmann ainda informou que depois de anunciada a boa notícia, o ministro da Agricultura, Pratini de Moraes, telefonou ao governador do Estado, Olívio Dutra, para cumprimentar os gaúchos pela conquista.