RS Pesca e Aquicultura faz sonhos de pescadores virarem realidade
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O sorriso estampado no rosto demonstra a felicidade. O jeito carinhoso, mas firme, indica a postura de liderança. Essa é Noemi Rodrigues, 59 anos, pescadora artesanal e presidente da Associação dos Pescadores de Guaíba. Liderança de um lado, bravura do outro. Dessa forma, tia Nica – como é chamada por todos – arregaçou as mangas e foi em busca da reestruturação do grupo, já no terceiro ano, dos 15 de fundação, sob o comando dela.
Como parceiro, o Governo do Estado, em março, entregou à associação nove balanças digitais para pesagem do pescado e 21 freezers, adquiridos com recursos do programa RS Pesca e Aquicultura, estruturado pelo Departamento de Pesca da Secretaria de Desenvolvimento Rural, Pesca e Cooperativismo (SDR). À primeira vista, apenas mais um investimento de governo. Para Noemi, uma batalha vencida.
“É a velha história, uma andorinha só, não faz verão. Através de uma associação a nossa força é maior, em busca de recursos e várias coisas que os pescadores necessitam. Mudou muito a nossa vida com o apoio do Governo do Estado, passei a ir a reuniões na SDR, em fóruns da pesca, etc”, diz Noemi, eleita presidente em 2012. Sobre a posse, relembra: “assumi a presidência e disse para o pessoal: ‘eu não sou melhor do que ninguém, mas a associação não vai ficar somente nisso’, e corri atrás dos recursos”.
Investimentos
Até o final do ano passado, o RS Pesca e Aquicultura investiu R$ 6,6 milhões em projetos já executados ou ainda em execução em diferentes municípios e regiões do Estado. Em consequência, 467 viveiros foram construídos e 166 famílias foram apoiadas em projetos de comercialização direta.
“Nosso trabalho busca viabilizar a produção, oportunizando aos pescadores boas condições de execução das atividades e melhor renda”, explica Elton Scapini, secretário titular da SDR. Segundo ele, o programa desenvolve ações de apoio às organizações, como a de Guaíba, e convênios com universidades para monitorar a cadeia produtiva da pesca artesanal e da aquicultura. “Planejamos ações que atendam os segmentos da comercialização e beneficiamento de pescado, considerando o abastecimento local e regional, bem como a participação nos programas de compras alimentares”.
De acordo com informações do coordenador da Região Metropolitana da SDR, Rodrigo Sasso, somente na área – que abrange Guaíba – foram investidos, ao todo, R$ 275 mil do RS Pesca e Aquicultura. Deste montante, R$ 150 mil foram disponibilizados para a construção de 50 tanques de piscicultura no município de Nova Santa Rita.
Rotina de pescador
Acorda cedo, toma café, olha para o céu, verifica se vai chover, vai para o acampamento, prepara o barco, a rede e: água. No dia seguinte, tudo de novo. E engana-se quem pensa que é desgastante. Ao menos para tia Nica, nada disso. “Todos os trabalhos são estressantes, mas os do meio urbano são muito mais. E a pesca, apesar dos pesares, não tem preço. Viver à beira da água, no silêncio, na calmaria, não tem preço”, conta.
Desde cedo no ramo, quando logo aos dez anos foi trabalhar em uma fábrica de armazenamento de Rio Grande com cinco dos nove irmãos, Noemi conheceu o parceiro por meio da pesca. É casada com o também pescador Mário Norberto, que explica como se deu o encontro: “Por intermédio do meu pai, tomei gosto pela pesca, aí me aposentei e fui pescando, e conheci ela aqui na Praia da Alegria, em Guaíba, pois já conhecia o irmão dela”.
No horizonte, dois objetivos desafiam Noemi Rodrigues. Um deles é se reeleger presidente da associação e angariar forças para a construção da tão necessitada sede. O outro é ver o neto Lucas, de seis anos, virar um grande pescador, mas que tenha a oportunidade do estudo. “Se ele gostar, quero sim que ele seja um grande pescador, mas antes disso quero que ele tenha a oportunidade de estudar”, admite Noemi, uma pescadora de sonhos.
Texto: Ascom/SDR
Edição: Redação Secom